9 de Setembro de 2004 O Vespertino de Reading CRÓNICA 19
Whitchurch-On-Thames - Fotografia de Cláudia Fernandes

Adenda

Ontem com o cansaço esqueci-me de falar em dois pormenores que influenciaram bastante a minha segurança, e portanto a prestação, na volta de bicicleta. A primeira foi o facto de ter dormido muito pouco, porque quem vive no meio de uma cidade como Reading tem que ter cuidado onde estaciona o carro. Sobretudo quando tem acesso a garagem e se esquece do carro numa zona de estacionamento limitado.

A terça-feira [7 de Setembro] foi algo complicada e como andava há uns dias com uma palete de cerveja e uma caixa de garrafas de água na mala do Besouro resolvi pará-lo em frente a casa e descarregá-lo. O estacionamento em frente a casa só é autorizado depois das 6pm e antes das 7am, pelo que como saí tarde do trabalho e fui ao supermercado, quando cheguei já podia estacionar. E nunca mais me lembrei que não tinha posto o Besouro na garagem.

Às 5h, aquando da normal paragem de sono para uma ida ao quarto-de- banho, ouvi alguns barulhos estranhos na rua e lembrei-me das histórias de assaltos a carros em Reading. E lembrei-me do Besouro! E lembrei-me que às 7h ia ser multado se até lá não roubassem o Besouro. Então saí às 5h20m, de calções, sweatshirt e chinelos para estacionar o Besouro na garagem que fica a cerca de 100m da casa. Claro que quando voltei não dormi mais.

A segunda coisa que influenciou bastante a minha condução da bicicleta foi o facto de estes britânicos usarem os travões ao contrário. Sim! A manete esquerda é o travão de trás e a manete direita o da frente. Agora imaginem quem está habituado a travar com o travão de trás e usa o da frente para travagens mais exigentes. Acontece um imprevisto e o instinto diz para puxar a manete direita. E a manete direita está ligada a um travão de disco de 100mm com potência suficiente para nos fazer voar sobre a barra do guiador e projectar contra aquelas árvores que andam a grande velocidade nos bosques cerrados da Inglaterra. Juntar isto ao facto de estar sem capacete torna a viagem ainda mais adrenalizante (uma palavra nova).

Assim passava a maioria das descidas a pensar com que mão travar e muitas das vezes simplesmente tirava os dedos da manete direita, como prevenção contra o meu próprio instinto. Mas não aconteceu nada. Acho que vou sentir o mesmo quando voltar a pegar na minha Vaynessa. Da mesma maneira que conduzir de novo em Portugal vai ser uma aventura.

Ah! E ainda houve mais uma coisa que me complicou o andamento e, que me acontece sempre que ando noutra bicicleta que não a Vaynessa, que é o facto de as velocidades de trás funcionarem ao contrário. Mas esse é um problema meu mais do que dos outros, porque nesse caso é a Vaynessa que tem um sistema diferente das outras. Invertida!

Mas foi muito bom e já estou à espera da próxima quarta-feira.

Ah! E na última edição do Vespertino (18) onde se lê Pingbourne deveria ler-se Pangbourne (obrigado Freddy). [N.R. - Já emendado nesta edição.]



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