É com este espírito que
hoje vou deixar o meu local de trabalho, aqui na Inglaterra
e, será com este mesmo espírito que vou voltar a Portugal,
daqui a uma semana e meia. Acho que cresci muito nestes
3 meses. Cresce-se muito depressa quando se está numa
situação como esta, onde tudo é diferente e temos que
ser flexíveis para continuar. Mas, não vou fazer balanços,
ainda.
Mas vou sentir saudades do trânsito aleatório
de Reading até ao escritório, quando começar a ir a pé ou
de bicicleta para o trabalho em Aveiro. Vou sentir saudades
dos arrotos do Scott Mills, pela manhã na rádio BBC1.
Do tipo que, no mesmo programa, consegue através da lógica,
como a velha anedota, chegar de um balde do lixo ao nome
de um tema que toca em seguida.
Hoje [Sexta-feira, 5 de Novembro de 2004]
também deixámos a casa onde estávamos no centro de Reading
e vamos passar a próxima semana de férias em casa do
Freddy. Acho que não vou ter saudades dos bêbados às
2h da manhã nem dos autocarros pela manhã. Mas talvez
vá sentir a falta do homem da flauta e os dois cães que
todos os dias anima o centro da cidade, depois das lojas
fecharem. Não vou sentir saudades das chicletes coladas
ao passeio e do rato que lá andava ontem [Quinta-feira,
4 de Novembro de 2004] e que teve um fim trágico.
Porém deixo escritório sem compreender
porque é que há pessoas que conseguem passar o dia inteiro
na cafetaria a ler revistas. Aqui há um laboratório de
certificação e às vezes é necessário sair com a carrinha
de testes para ver se os telemóveis funcionam bem em
situações reais de teste. Com rede real na estrada. Para
isso é necessário que haja condutores disponíveis e a
empresa tem uma série deles que passam o dia na cafetaria
a ler revistas e na conversa à espera de serem chamados
para irem fazer testes. Quem é que tem paciência para
estas coisas?
O tempo está acabar e ainda tenho que
gravar um CD com as minhas coisas e limpar o PC. Não
fica rastro nenhum da minha presença! E, para comemorar
a minha partida, hoje, vamos lançar foguetes. Toda a
Inglaterra lança foguetes, hoje. Tudo porque um senhor
de seu nome Guy Fawkes, em 1605, com um grupo de conspiradores,
tentou explodir as Casas do Parlamento. Porém teve azar
e não levou o seu intuito avante. Foi morto por isso!
Agora todos os anos, nesta noite de 5 de Novembro, todos
têm direito de lançar foguetes. Nós vamos lançar os nossos!
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