E uma delas foi a viagem de Heathrow para o Porto. Imaginem uma empresa de aviação portuguesa (que por aqui é conhecida como Take Another Plane) cujo check-in é feito por uma companhia de aviação italiana, quase na falência. Já imaginaram? Agora imaginem que essa companhia portuguesa até tem um site de reservas online que dá para escolher o lugar no avião. Fantástico! Agora imaginem que depois de reservarem o lugar online, com um mês de antecedência, vos dizem, quando chegam ao aeroporto, que não há lugares no avião. E que vocês vão em primeira classe, mas sem direito a refeição e os vossos companheiros de viagem vão lá atrás no fundo do Airbus 319. Agora imaginem que no entretanto ao vosso lado, ali no check-in, a um outro passageiro foi dado o lugar mesmo ao lado da vossa esposa. Imaginem que isto acontecia depois de 2 duas horas de tráfego intenso, antes de chegar ao aeroporto e que fez com que a tensão estivesse ao rubro. E quando tentam apresentar uma reclamação, o responsável português diz-vos "Desculpe mas de Internet eu não percebo nada!"
Já imaginaram? Pois! Agora imaginem que depois disto tudo, à chegada ao Porto, e depois de uma meia hora, numa fila, para mostrar o bilhete de identidade, encontram a vossa mala semi destruída pelos gorilas carregadores de malas. E que o interior da mala está exposto e de lá desapareceu um Leatherman (uma ferramenta tipo canivete suiço). Pois! Só mesmo em Portugal é que isto acontece!
Mas chegámos! Chegámos cansados e nem sequer fomos para Aveiro como estava previsto. E se chegámos cansados, devem imaginar como ficámos depois de três dias a visitar amigos e familiares, fazer centenas de quilómetros de carro e com um casamento de 12 horas pelo meio. Ainda estou a recuperar...
Mas compensou! Compensou ver os amigos alegres, os pais felizes, as sobrinhas, as montanhas e muito sol. Aqui está sol, mas a mínima de temperatura daí é a máxima de cá. E ver a minha casa, por instantes, fez-me ter saudades. Tudo me fez ter saudades. Sei que quando voltar, as saudades se matam num instante e volta tudo ao normal. Mas é impossível não sentir vontade de regressar.
Para aqueles que não estão em Portugal, o país está igual. Não mudou nada! Se não havia governo, agora não há professores. Toda a gente se ri do Castel-Branco e ninguém leva a sério o Santana Lopes. O Paulo Portas até diz que "O orçamento é bom, é bom, é, diz o avô e diz o bebé"... E é assim que se fala do futuro do país, como se de um pudim se tratasse. Continua tudo como sempre!
Porém há coisas que felizmente não mudam. A comida continua a ser demasiada, farta e cheia de carne. Ainda ando a recuperar das tripas em casa dos meus cunhados, do casamento e do cozido magnífico com que a minha mãe nos recebeu no domingo. O meu estômago já não está habituado àquelas coisas. E não havia farinheira...
Também não mudam as paisagens. Este país da Rainha é uma seca sem relevo. Deve ser por isso que eles têm tantas revistas de coscuvilhices. Mas a estrada da IP5 até Lamego e daí até Vila Real é algo que estes senhores nunca terão (Bem! Se calhar só lhes falta comprar mais umas quintas).
E não mudam os casamentos... Comida até fartar! Gente com os copos... E muita diversão! Mas há sempre umas variações, como o fogo de artifício ou actuação de um fadista emigrante na Inglaterra por 3 meses. Uma noite memorável! |