25 de Setembro de 2004 O Vespertino de Reading CRÓNICA 27
Chakras - Imagem de Origem Desconhecida

Kundalini Yoga

Ontem [sexta-feira, 24 de Setembro de 2004] fui a uma aula de Kundalini Yoga. Se o Iyegar Yoga, que fui na quarta-feira [22 de Setembro de 2004], e que cujo workshop vos descrevi no Vespertino número 8, tem tudo a ver com a perfeição das posturas físicas, o Kundalini Yoga só tem a ver com o mexer das nossas energias internas com vista a atingirmos estados de meditação. As posturas estáticas nem as vi.

A aula foi dedicada ao quarto Chakra, o do Coração, de seu nome Anahata. O Chakra do meio, aquele que separa os terrenos dos supremos. O que bloqueia a nossa energia. Como disse a professora (Elena O'Keeffe - http://www.ssense.co.uk/deo/NewburyPage.htm) se não abrirmos o coração jamais atingiremos o estado supremo de bem estar na vida.

Para quem nunca ouviu falar em Chakras, são uns centros energéticos espalhados pelo nosso corpo ao longo da coluna vertebral. São sete no total e vão desde a base da coluna (o primeiro – Muladhara – o mais terreno, o da raiz) ao topo da cabeça (o sétimo – Sahasrara – o mais étereo, o da coroa) e estão ligados por canais energéticos por onde passa a kundalini, a energia alojada no Chakra da raiz e que uma vez libertada e transportada até à coroa faz com que o yogi atinja o estado supremo de libertação e paz – o Samadi.

Ok! Parece treta de uma qualquer seita religiosa. Para um tipo como eu, educado numa sociedade com grandes influências católicas e com formação em ciências e engenharia, é-me muito difícil explicar estados físicos e mentais do nosso corpo baseando-me em energias que viajam na nossa coluna e que não sentimos. Se calhar é tudo biológico, ou sinais eléctricos, possivelmente explicados por uma qualquer teoria médica. Mas que se começa a sentir alterado com exercícios especiais para acordar a kundalini e fazê-la passar pelos chakras, acreditem que se sente. O Yoga é anterior à medicina. E há muitos médicos que fazem Yoga. Será que afinal tem lógica?

Mas, para a maioria dos leitores do Vespertino pode parecer que eu andei a comer cogumelos mágicos, mas garanto-vos que não. A aula mexeu com as nossas crenças e fez-nos pensar que andámos 30 anos enganados. Uma aula apenas... Uma hora e quinze minutos abana completamente com os nossos princípios. Já tinha sentido o mesmo com um workshop do Edson (um professor de Yoga brasileiro) no Porto.

Aliás, para a maioria de vocês, a aula vista de fora parecia mesmo um grupo de pessoas que tinham comido cogumelos mágicos e estavam ali a curtir uma trip, à meia luz, numa roda em volta de uma vela, com uma guitarra e a cantar coisas imperceptíveis. E se calhar não passa muito disso, tirando que (acho que) ninguém comeu cogumelos mágicos, mas que se calhar o nosso corpo segrega as drogas necessárias para que tenhamos as nossas próprias trips pessoais. Mas em grupo e com um tutor atingimos mais depressa esse fim. No fundo somos todos uns drogaditos. Porque praticam vocês desporto? Porque o corpo segrega endomorfinas para suavizar a dor do esforço e esses químicos fazem- nos sentir bem.

Não vos vou contar como foi a aula, porque não tem interesse contar que demos uns saltos, ou subimos de cócoras para estar em pé e voltámos a descer, vezes sem conta. Cantámos uns mantras (HUM DUM HAR HAR - para abrir o Chakra do coração - GURU GURU WAHE GURU, GURU RAM DAS GURU e SAT NAM) com ajuda da professora, que até tocou guitarra. E bebemos um chá no fim, em círculo, enquanto trocámos visões das nossas experiências da aula (Cristina eles também não falam muito). O que interessa é que mexeu connosco. Duma maneira que jamais esqueceremos.

E ainda tive que conduzir 27 quilómetros de volta a Reading.



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