A aula foi dedicada ao quarto Chakra, o do Coração, de seu nome
Anahata. O Chakra do meio, aquele que separa os terrenos dos
supremos. O que bloqueia a nossa energia. Como disse a professora
(Elena O'Keeffe - http://www.ssense.co.uk/deo/NewburyPage.htm) se não
abrirmos o coração jamais atingiremos o estado supremo de bem estar
na vida.
Para quem nunca ouviu falar em Chakras, são uns centros energéticos
espalhados pelo nosso corpo ao longo da coluna vertebral. São sete no
total e vão desde a base da coluna (o primeiro – Muladhara – o mais
terreno, o da raiz) ao topo da cabeça (o sétimo – Sahasrara – o mais
étereo, o da coroa) e estão ligados por canais energéticos por onde
passa a kundalini, a energia alojada no Chakra da raiz e que uma vez
libertada e transportada até à coroa faz com que o yogi atinja o
estado supremo de libertação e paz – o Samadi.
Ok! Parece treta de uma qualquer seita religiosa. Para um tipo como
eu, educado numa sociedade com grandes influências católicas e com
formação em ciências e engenharia, é-me muito difícil explicar
estados físicos e mentais do nosso corpo baseando-me em energias que
viajam na nossa coluna e que não sentimos. Se calhar é tudo
biológico, ou sinais eléctricos, possivelmente explicados por uma
qualquer teoria médica. Mas que se começa a sentir alterado com
exercícios especiais para acordar a kundalini e fazê-la passar pelos
chakras, acreditem que se sente. O Yoga é anterior à medicina. E há
muitos médicos que fazem Yoga. Será que afinal tem lógica?
Mas, para a maioria dos leitores do Vespertino pode parecer que eu
andei a comer cogumelos mágicos, mas garanto-vos que não. A aula
mexeu com as nossas crenças e fez-nos pensar que andámos 30 anos
enganados. Uma aula apenas... Uma hora e quinze minutos abana
completamente com os nossos princípios. Já tinha sentido o mesmo com
um workshop do Edson (um professor de Yoga brasileiro) no Porto.
Aliás, para a maioria de vocês, a aula vista de fora parecia mesmo um
grupo de pessoas que tinham comido cogumelos mágicos e estavam ali a
curtir uma trip, à meia luz, numa roda em volta de uma vela, com uma
guitarra e a cantar coisas imperceptíveis. E se calhar não passa
muito disso, tirando que (acho que) ninguém comeu cogumelos mágicos,
mas que se calhar o nosso corpo segrega as drogas necessárias para
que tenhamos as nossas próprias trips pessoais. Mas em grupo e com um
tutor atingimos mais depressa esse fim. No fundo somos todos uns
drogaditos. Porque praticam vocês desporto? Porque o corpo segrega
endomorfinas para suavizar a dor do esforço e esses químicos fazem-
nos sentir bem.
Não vos vou contar como foi a aula, porque não tem interesse contar
que demos uns saltos, ou subimos de cócoras para estar em pé e
voltámos a descer, vezes sem conta. Cantámos uns mantras (HUM DUM HAR
HAR - para abrir o Chakra do coração - GURU GURU WAHE GURU, GURU RAM
DAS GURU e SAT NAM) com ajuda da professora, que até tocou guitarra.
E bebemos um chá no fim, em círculo, enquanto trocámos visões das
nossas experiências da aula (Cristina eles também não falam muito). O
que interessa é que mexeu connosco. Duma maneira que jamais
esqueceremos.
E ainda tive que conduzir 27 quilómetros de volta a Reading.
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