Já não escrevo há três meses. Parece que passou
mais tempo, mas na verdade foram apenas três meses. E em, apenas,
três meses a minha vida alterou-se consideravelmente. Assim,
como a de muita gente! Há três meses atrás estava a chegar
de Londres, que hoje, pela segunda vez em duas semanas, está no
centro das atenções, pelas razões mais tristes. Eu estava feliz
por ter reencontrado um amigo e porque tinha estado de novo
numa cidade de que gosto muito.
Mas estava tudo prestes a mudar, mais uma vez.
Parece que a minha vida sofre grandes transformações em períodos
de cinco anos. Assim, e se eu nasci em 1969, cinco anos depois
estava a voltar da minha terra natal – Moçambique - com a minha
mãe e com os meus irmãos. Fugíamos à guerra colonial e à eminente
independência, resultado da revolução na metrópole. O meu pai
ficou para trás e só voltou uns meses mais tarde. Passámos
dos trópicos para o Inverno em Portugal. De repente vivíamos
numa cave em casa da minha avó e nem sabíamos bem o que se
passava e o que se iria passar. Durante o primeiro ano cá,
entrei para a escola e mais uma série de mudanças aconteceram.
Até que em 1979, com 10 anos, mudei-me da escola
primária na aldeia de Gueifães (na altura era uma povoação
rural com alguma indústria, hoje é parte integrante do perímetro
citadino da Maia e está carregada de prédios) para a escola
grande na Maia. Mudei da minha turma da primária, que já conhecia
há 4 anos e fui para a “cidade”. Tinha que acordar cedo e apanhar
o autocarro. Os meus colegas de escola já não eram os meus
vizinhos, mas vinham de todo o concelho.
Cinco anos depois, tempo para outra mudança.
Passei da escola da Maia para a grande cidade. Fui estudar
para o Porto, para a Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, à procura
do sonho de estudar electrónica. O miúdo que tinha crescido
num meio pequeno passa a fazer mais de meia-hora de autocarro
para chegar à escola no centro da cidade do Porto. Os meus
colegas passaram a ser de todo o distrito e até de outros distritos
(tinha um par de colegas de Viseu que foram estudar para o
Porto).
Em 1989, mais uma mudança. De novo mudava de
escola. Desta vez de Universidade, passando da Faculdade de
Ciências da Universidade do Porto para a Universidade de Aveiro.
Cidade nova, ambiente universitário completamente variado e
uma cidade diferente. Uma relativa independência e tempo de
crescer. Os amigos todos ficaram para trás e a namorada também.
A distância apagou muita coisa que só há pouco voltei a reatar.
Mas a mudança trouxe muitas mais coisas boas.
Cinco anos depois acabei o curso de Engenharia
de Electrónica e Telecomunicações e em menos de uma semana
estou a trabalhar (era mais formação) em Lisboa. Num ano e
pouco, mudo de cidade três vezes e tenho quatro empregos, dois
deles ao mesmo tempo. Acabo na PT Inovação em Aveiro, depois
de passar pela Efacec (e outras) no Porto e de ter estado dois
meses desempregado.
Em 1999, saído da PT Inovação, deixo a área
das Telecomunicações e dedico-me às bicicletas. Em Agosto,
no dia em que fiz 30 anos, num parque da A1 na Serra d'Aires
e Candeeiros tomei a decisão de mudar a minha vida. Em menos
de 6 meses, a minha vida dá uma volta completa e vejo-me a
trabalhar nos Estados Unidos, de novo na área da programação.
Mas isso vocês já sabem...
Agora, cinco anos depois... Cá estou! Saí da
empresa onde trabalhava, eu e mais 29 colegas meus. Estive
um mês em casa (que pareceu pouco) e aceitei o desafio de voltar
a trabalhar para a PT Inovação, através de uma empresa satélite.
Optei por ficar por aqui uns meses, sem grandes mudanças. Mas
receio que este período de mudança ainda não tenha acabado.
Eu vou estando por aqui...
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