SEXTA-FEIRA, 2 DE MARÇO DE 2001 C143
Cláudia em Rodeo Dr. - Fotografia de Rui Gonçalves

Há quase dois meses que não vos escrevia. Acreditem ou não, mas têm-me custado muito escrever sobre estas memórias. Dias de sol, de férias e alegria são sempre difíceis de não fazerem menos bem, quando lá fora chove e temos tanto trabalho para fazer.

Além disso, as saudades da Califórnia começaram a moer a alma e sempre é mais fácil fugir...

Mas, algumas coisas obrigaram-me a retornar à escrita das minhas crónicas. Se uma é uma boa razão, outra nem por isso... A primeira foi o ânimo de voltar a contar as minhas aventuras, porque fui reconhecido pelo meu desempenho no estágio que me levou a vivê-las. Mas, a segunda foi o facto de ter perdido as minhas notas das Crónicas. Toda a gente me perguntou como é que eu me lembrava de todos os pormenores... Pois agora estou a escrever "sem rede"...

Mas, vamos ao que me lembro... As minhas Crónicas.

Segunda-feira, 7 de Agosto de 2000

Se bem se lembram estávamos algures entre San Luís Obispo e Santa Bárbara, algures na costa da Califórnia, a caminho do sul, já quase em Los Angeles... Num parque de campismo junto ao Lago Cachuma no parque Los Padres National Forest.

O acordar foi suave e cedo. Os sons dos patos e dos pássaros no lago tornam qualquer acordar numa delícia. O único problema era que o parque era enorme e as casas de banho estavam um bocado longe do nosso alvéolo. Nada que um português desenrascado não resolvesse entre dois arbustos com vista sobre o lago e a barragem lá ao fundo entre as montanhas. Lá entre duas pedras usadas pelos pescadores, numa ravina sobre a água resolvi a minha necessidade bexigosa.

Lá consegui não cair, mas, por pouco ia sendo apanhado por um grupo de pescadores que por ali passavam à procura de um bom lugar e pelo Ranger que fazia a ronda... Possa! Não se pode estar à vontade.

Desmontámos a tenda e fomos tomar banho. A mania dos chuveiros cuja água é contada a moedas de quarto de dólar, dá-me cá umas comichões... O que vale é que se conseguia tomar um banho relativamente bom sem ter que se recarregar o dispositivo. O que vale é que a casa de banho tinha tomadas e deu para recarregar a bateria da câmara de vídeo... Estávamos prontos para seguir a caminho de LA...

Descemos das montanhas até Santa Bárbara, uma agradável cidade já naquilo que se pode considerar a grande LA. Parámos na Missão e fomos visitar a loja de recordações, porque para visitar a missão e a igreja pediram-nos mais uma série de dólares. Igrejas espanholas vejo-as eu na terra delas, não vou ao outro lado do mundo... Mas, ainda vimos algumas construções que estavam ali à volta...

Porém o calor estava a apertar, assim como a fome.

A caminho do centro de Santa Bárbara parámos no Jack In A Box para o almoço. Nada como um verdadeiro almoço à americana para nos sentirmos verdadeiramente americanos... Porém, a língua oficial naquele "restaurante" (sim! Os americanos chamam restaurante ao MacDonalds) era o espanhol. As caras dos clientes eram de tudo menos de americanos e até a comida era meio mexicana. Cada um comeu uma Chicken Fajita Pita que deve ser uma mistura americo-mexicano-árabe ou coisa parecida, uma espécie de galinha cortada em pedaços, com legumes enfiados num pão (Pita) parecido com a bola de azeite de Foz Côa e tudo com molho de Fajita... Por sinal bem bom!

Já nos sentíamos no sul da Califórnia... É tudo muito diferente!!! Até o calor. Estava bem abafado e húmido... Também não era de admirar estava um leve nevoeiro, que na minha opinião já fazia parte da poluição de LA, a cerca de 100km do centro da grande cidade. Mas, como já estávamos na baía e com o seu clima próprio, a poluição não seria de admirar que chegasse ali, aliás porque Santa Bárbara já era suficientemente grande.

O centro de Santa Bárbara é muito bonito. Fez-me sentir como se estivesse algures no Algarve. As esplanadas eram como cogumelos e cada uma com melhor aspecto que a anterior... Só que os preços subiam exponencialmente! Mas, lá consegui estacionar mesmo ali ao lado, em frente a uma casa típica americana, toda em madeira e com um balcão com baloiço, com porta de rede para os mosquitos e cores bizarras.

Porém, o centro chamava. As esplanadas e as lojas de recordações apelavam ao consumismo e quem é que não é amigo de ver coisas bonitas.

Parecia que estava já num filme americano! Aqueles sítios que tanto vemos nos filmes existem realmente. Parecia mesmo um cenário, com aquelas construções típicas americanas em madeira, caiadas sem qualquer preocupação em que saia perfeito e pintadas em tons de filme colorido. É impressionante como todas as casas são de madeira... Aliás, não vos contei que no castelo de Haerst, uns americanos que estavam ao meu lado na sala de estar ficaram de boca aberta quando a guia disse que toda a casa era em cimento... Olharam um para o outro e exclamaram "Cimento?"... Mas, qual é o mal?

Voltando ao centro de Santa Bárbara... Pois bem, de cada lado de uma rua, cuja o piso era vermelho, existiam prédios em vários tons de amarelo torrado e cada um, uma esplanada. Parámos naquele que mais se coadunava com a nossa condição monetária e sentámo-nos a tomar um expresso. Segundo choque cultural... O café em São Francisco é muito melhor.

As pessoas são muito mais bonitas em Santa Bárbara. Não têm pressa e sabem viver a vida. Passeiam-se como se a vida não passasse, mas, também não admira era Agosto, estavam de férias e estava calor. Mas, ainda não tinha visto as Californianas dos filmes... Nem as famosas praias do sul da Califórnia.

Mas, antes de chegarmos à praia, uma entrada numa loja de beneficiencia, pois para além de ser sempre um mar de surpresas, estávamos a precisar de talheres. Talheres era coisa que não faltava... E, um belo forro polar Colombia, por uns meros quatro dólares, para as noites frias do deserto ou das montanhas que ainda nos esperavam.

E, finalmente a praia, depois de umas voltas por um parque de campismo que alguém resolveu construir no areal e que não permitia o acesso ao mar. Finalmente a primeira praia do sul da Califórnia. Que desilusão!!! Nada que nós não tenhamos em Portugal... A areia branca e as águas verdes azuladas das praias do Algrave ou do Alentejo são em tudo semelhantes às dali... Só têm uma vantagem muito grande, pode-se tomar banho! Na Califórnia não se pode... Pelo menos ali!

E, as mulheres dos filmes? Onde estão? Rumemos para sul...

Seguimos para Malibu! A famosa Malibu... Passámos Malibu! A famosa Malibu... Ninguém pode acreditar, mas Malibu é algo que eu nunca pensei que fosse possível! Imaginem que eu estava a conduzir na estrada e tinha casas de um lado e de outro e depois a estrada continuou e as casas acabaram. Adeus Malibu! Mas, e a famosa praia? Nem vê-la!!!! O acesso à praia está vedada pelas casas dos coitados que vivem sobre o areal... Isto tudo na berma de uma estrada com mais trânsito que a IP5, num domingo à noite. Malibu deve ser bom para quem gosta de dois metros de areia sob as estacas de sustentação de uma casa na berma de um estrada, com água tão poluída que por vezes é vedado o acesso a banhos e com vista sobre uns belos poços petrolíferos.

Seguimos para Venice Beach a única praia da região que, segundo os meus colegas da empresa, vale a pena.
Pelo caminho deixámos as Montanhas de Santa Mónica e um Canyon qualquer que se fazia cobrar para ser visitado. Ali mesmo na berma da estrada e que não passava de um desfiladeiro tão deslumbrante como qualquer fraga de qualquer montanha. Cobra-se tudo nesta terra.

Mais à frente, a primeira marca de que estávamos na terra dos sonhos. Junto à estrada, na berma, multiplicavam-se os camiões e carros da polícia, todos cercados por cercas metálicas e um dístico que dizia "Zona Vedada"... Estavam a filmar! Não deu para ver muito, nem se era algum filme ou uma série de televisão. Mas, a Cláudia queria voltar para trás para ver. Foi difícil conseguir que ela se demovesse dessa ideia, mas, lá a fiz ver que era impossível lá chegar, com tanta polícia...

Venice Beach. Um pouco a sul de Santa Mónica, o sítio onde regularmente gravam o Bay Watch... E, é tudo tão igual à série... Exceptuando as mulheres! Elas não existem... Mas, existem os tipos musculados a exercitar os seus bicipedes e tripedes na praia. As pessoas que se passeiam de patins, de bicicleta ou mesmo a correr são imensas. As palmeiras e as areias brancas... Está lá tudo! Menos as mulheres!

As mulheres americanas na praia são como as velhas portuguesas, que vão para a praia e que ficam todo o dia vestidas. Sim! Aquelas coisas de fato de banho e a jogar volley... Pois! Só nos filmes... As americanas tem tal vergonha do seu corpo que até tomam banho de calções, só porque tem umas marcas de celulite. E, como se não chegasse são tão bonitas que até parecem tiradas de um filme da idade média...

A praia era espectacular, não fossem os poços de petróleo e o cheiro a poluição do ar. Mas, o ambiente em redor fazia pensar que estava mesmo na terra dos sonhos. E, já que ali estávamos, nada melhor que sonhar e fomos para Beverly Hills.

Los Angeles é mesmo grande. De Venice Beach a Beverly Hills demorámos algo como uma hora. É certo que nos perdemos mas, nem foi muito... Mas, uma hora para fazer algo como 12km? Ah! Esqueci-me de dizer que de Malibu a Venice demorámos menos tempo, para fazer 24km.

Depois de duas voltas em Beverly Hills à procura de Rodeo Dr., às voltas com um mapa pormenorizado de LA que afinal tinha apenas um terço das ruas da cidade e em formato gráfico duvidoso, lá conseguimos estacionar o nosso jipaço, num parque acabadinho de construir, com preços de promoção e a um quarteirão do nosso objectivo actual.

Imaginem o que é ter uma rua povoada de carros cuja média de preço passaria aquilo que eu poderia ganhar em dez anos, com lojas de cada lado de todas as marcas de roupa francesa, italiana e americana de qualidade e com polícias em patrulha em bicicletas Mercedes-Benz (o que não admira pois são feitas pela AMP Research in Laguna Hills, CA, mais uma para a globalização).

Era impossível conter uma mulher naquele ambiente. Mesmo eu estava fascinado. Era tudo muito bonito. Demais até para se conseguir sobreviver num ambiente tão "hostil". Mas, lá demos uma saltada à Diesel e à Tommy Hilfiger só para entreter as vistas. Apaixonei-me por um casaco da Tommy... E, não o comprei porque pensei fazê-lo depois das férias e de saber quanto dinheiro sobrava... Nunca mais o vi!

Na loja da Diesel estava um grupo de tipos, que falavam um idioma eventualmente de leste e com uns grandes crachás a dizer "Quer perder peso? Pergunte-me como". Estes tipos da Herbalife andam por todo o lado... E, mais adiante mais uns...

Fugimos dali pois o ditado que diz "quem come com os olhos já enche a barriga" nunca me disse muito...

Seguimos pela Sunset Boulevard em direcção a Hollywood. As vivendas na boulevard são uma vez mais dignas de um sonho. É difícil imaginar quanto dinheiro custará uma vivenda ali e mais impressionante é que são tantas... Que chegar a Hollywood se torna uma desilusão. Que decadência! Como é que é possível falarem em Hollywood e depois chegar ali e ficar de tal modo desiludido que a vontade é nunca mais ver filmes posteriores a 1950. A indústria cinematográfica deve ter parado nos anos 50 por aqueles lados... E, deu lugar a bares de alterna!

Tentámos subir aos montes onde está escrito "Hollywood". Mas, se ir de Venice Beach a Beverly Hills demorou tanto, mais difícil era encontrar aquelas letras enormes. Andámos lá perto, acredito, mas nunca lá chegamos. Porém, a zona onde andámos era mais uma vez de sonho... Embora acredite que em caso de terramoto fosse uma zona de calamidade.

Imaginem uma montanha, com ruas sinuosas, casas de sonho de cada lado e com vista sobre a cidade. Bem! Vista sobre a cidade é como diz... Sobre a poluição da cidade. O nevoeiro e fumo era de tal forma denso que àquela hora, quase ao pôr-do-sol, com o sol baixo, se tornava quase impossível pouco mais que uns míseros prédios do centro de LA.

Mas, não demos com as monstruosas letras. Vimo-las de lá de baixo, mas, ali perto delas parecia impossível encontrá-las. Resolvemos voltar, pois a gasolina estava a acabar com tantas voltas pela grande cidade.

Estava a entrar em pânico, quando em Hollywood, nuns semáforos, consegui a preciosa ajuda de um condutor que me indicou uma bomba de gasolina. Que alívio... O primeiro das férias!!! Muitos outros e mais graves virão, fiquem atentos!

Rumámos a sul. Não tínhamos ideia de onde íamos dormir, mas, também não havia problema, pois queríamos era andar nas calmas... E, jantar! Resolvi rumar a Aneheim, pois já lá tinha estado uma semana (lembram-se? Numa feira com uns esraelitas...) e sabia onde comer e, se fosse caso disso, onde dormir.

Atravessámos LA de Norte a Sul. Se virem um mapa poderão ver que Hollywood fica na parte Norte da grande cidade e Aneheim a sul, a cerca de 50 km, com Los Angeles algures no centro. Los Angeles é sem dúvida uma grande cidade...

Apanhámos a autoestrada número 5 e aí fomos nós. Passámos junto ao centro de Los Angeles, que perto do resto da cidade até é muito pequeno. É fácil de ver, pois é o único local onde existem prédios com mais de dez andares. É impressionante ver uma cidade com cerca de 100 km de costa, com mais habitantes que Portugal inteiro e com casas, na sua maioria, térreas. Mas, isso não faz de LA uma cidade bonita, pelo contrário. Aliás a área de autoestrada que cruza a cidade em todas as direcções deve ser superior à implementada em Portugal, incluindo as estradas nacionais, regionais e concelhias. É tipicamente uma cidade orientada para os carros...

E, se Aneheim tem a Disneyland, pouco mais tem para se ver e mal saímos da autoestrada, resolvemos logo sair dali. Já nos estávamos a irritar com tanta selva de betão e trânsito e resolvemos ir para a zona melhor de Los Angeles - a costa.

Não sei se lembram mas, naquela semana em que fiquei em Los Angeles, na tal feira a ajudar a empresa israelita, fui dar uma volta no final do último dia. E, nessa altura fui a Newport Beach, uma zona muito gira e que até me tinha dado uma outra imagem de LA (tirando os poços de petróleo na costa). Pois foi para Newport Beach que decidimos ir e porque não, jantar.

Parámos o jipaço na península de Balboa, uma língua de terra carregada de casas de praia entre a foz de um rio infestada de veleiros e barcos e o Oceano Pacífico. Andava tudo na rua e era a hora normal de jantar para os povos do sul mediterrânico, pois para os americanos essa já tinha passado à muito. Foi o que vimos quando resolvemos entrar no Crab Cooker, "The finest Pacific caught Dungeness crab" (http://www.crabcooker.com/).

Por sorte éramos só dois e entrámos depressa para uma mesa, porque à porta ficou um grupo de, pelo menos, dez italianos e italianas, todos de crachá do Herbalife ao peito... Estes tipos andam, mesmo, por todo o lado. Comecei a perceber que afinal havia um encontro mundial da Herbalife ou então estávamos na Meca da empresa... Se calhar até haveria um templo enorme como o Morman em Salt Lake City e tudo rodaria em torno disso...

Mas, acordei para o melhor caranguejo do pacífico. Bem! Se aquilo é o melhor caranguejo do pacífico, o do Atlântico é muito melhor e até o lagostim da ria de Aveiro bate aquilo aos pontos. É impressionante como até do caranguejo se consegue fazer fast-food. Sim! Imaginem sopa de delícias do mar (ou aglomerado de caranguejo) e depois juntem-lhe umas batatas fritas e mais umas delícias panadas e um bocado de salada, tudo em pratos de plástico, assimo como uma cerveja (uma verdadeira excepção) Heinenken em copos de plástico e talheres de plástico, numa sala carregada de gente a falarem alto e uma empregada simpática (se não era despedida) e o que dá? Um MacDonalds do Caranguejo. É o futuro meus caros... Um fast-food de couratos e vinho a martelo e Portugal mudava radicalmente. Imaginem sandes de aglomerado de presunto... Bem, os chouriços o que são?

Mas, nem foi muito mau. Até foi divertido, ver como é que funciona a restauração nos Estados Unidos. Felizmente ainda existem restaurantes indianos, tailandeses, chineses e afins, porque se fosse tudo assim eu não tinha sobrevivido.

Acabado o jantar estava na hora de começar a pensar onde dormir. Afinal de contas já eram 11h. Resolvemos ir até San Juan Capristano, a 30 km a sul, pois o Mário tinha dito que era muito bonita e pelas fotografias que vimos em panfletos não deveria desiludir.

Porém, andar à procura de dormida quase à meia-noite numa terrinha onde para além da estrada e dos carros que por lá passavam, pouco mais tinha. Nem gente na rua... No Verão, numa vila turística era impressionante como não se via quase ninguém nas ruas.

E, para ajudar quase todos os Móteis apresentavam o belo dístico "Full". Excepto um, que aliás ostentava um dístico "Desde $29"... Mas, um Mótel que não estava cheio e ainda por cima era tão barato, cheirava a esturro. Entrámos...

Toquei na campainha da recepção e de repente aparece-me uma mulher indiana. Com um "piercing" na narina e vestida com um lindo vestido indiano. Eu não sei se estava a dormir, mas, se não estava é porque tinha estado a fumar algo ilegal. Aliás o modo como falava e se ria dava todo o ar disso.

"Quanto custa um quarto duplo?" perguntei. Não é que afinal o quarto custava $49, quase o dobro do que estava anunciado. Ela lá explicou, enquanto se mexia toda em todas as direcções, que esses quartos baratos não tinham ar condicionado e eram individuais.

A Cláudia estava a ficar fula com aquela aldrabice, coisa a que eu já me tinha habituado nos Estados Unidos. Eu estava cansado de estar a conduzir em cidade há tanto tempo. Estava pronto a ficar, mas, a Cláudia não quis ficar... Dissemos que não à mulher e íamos a virar costas quando... O preço baixou para $45. Voltámos a repetir que não estávamos interessados. O preço baixou para $40. Abrimos a porta para sair e... O preço era o que queríamos. E, quando pusemos um pé de fora da porta, o preço tinha chegado aos $25, com uma passagem esporádica pelos $35 e $30. Mas, já tínhamos decidido não ficar...

Haviam dois parques de campismo a cerca de 10 milhas dali, numa zona montanhosa e de parque natural. Quem tinha conduzido até ali poderia eventualmente aguentar mais umas milhas. Os parques ficavam nas montanhas de Cleveland National Forest e perto do lago Elsinore. Deviam de ter uma vista porreira.

Metemo-nos à estrada, quase à meia-noite e meia. Já era tarde e se calhar os parques até estavam fechados, mas, porque não arriscar? Para portugueses ainda era cedo.

A estrada era sinuosa, íngreme e a dada altura com um nevoeiro muito denso, tudo o que um condutor cansado precisava. Mas, depressa chegámos ao primeiro parque de campismo, que nem sequer estava assinalado no nosso guia. Depressa é como quem diz... Em termos de tempo, nem foi muito, mas, para mim estava a ser uma eternidade. Estava mesmo cansado.

Parei o carro à porta do parque e fui até à caravana do dono do parque. Um letreiro dizia para bater e foi o que fiz, apesar de não se ver uma única luz acesa lá dentro. Ninguém respondia e voltei a bater. Estava para desistir quando alguém lá de dentro diz que estavam fechados desde as 11h. Cromos!

Seguimos o nosso caminho pelo nada. Sim! Para além de nós não havia viva alma naquela estrada e em volta dela.

Encontrámos outro parque de campismo... Que também não tinha viva alma. Demos uma volta ao parque, que aliás era pequeníssimo, e nem uma tenda. Tirando o quartel dos Rangers e dos Bombeiros que ficavam mesmo do outro lado da estrada, não se via luz alguma. Nem gente...

Era um típico parque de pernoita de montanha. Sem chuveiros e que se pagava através de um subscrito à entrada, que depois de preenchido, levava com $10 lá dentro e confirmava aos Rangers que estava tudo perfeitamente legal.

Montámos a tenda com a ajuda dos faróis do carro e das lanternas. E, fomos dormir...



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