C126 QUINTA-FEIRA, 24 DE AGOSTO DE 2000
Golden Gate Do Tamalpais - Fotografia de Rui Gonçalves

Terça-feira, 18 de Julho de 2000

Já não estava habituado a ter outra pessoa a dormir na mesma cama, e, principalmente naquela cama que é algo pequena e com um colchão que nos faz cair para o centro. Além disso estava preocupado com o facto da Cláudia dormir bem e, apesar de tudo, às 5h da manhã, lá estava ela de olho arregalado.

Em resumo, não dormi muito, mas, tive que ir trabalhar. Lá fui, no bólide, com uns palitos nos olhos.

Ao fim do dia quando voltei, a Cláudia estava na piscina. Como só tinha uma chave de casa, foi preciso incomodá-la. Vesti os calções e fui dar um mergulho com ela. É bom ter uma piscina em casa, como devem imaginar, principalmente quando ninguém do condomínio a usa. E estava um calor bom para estar na piscina, ao contrário de São Francisco onde estava mesmo frio. Ainda bem que vivo fora da cidade.

Digamos que depois de um mergulho e deitado ali nas cadeiras ao sol, quase que adormeci. Estive a navegar por sonhos e acho que passei pelas brasas, mas, acordei com fome.

Jantámos e fui logo dormir.

Quarta-feira, 19 de Julho de 2000

Dormi melhor e a Cláudia já acordou mais tarde... Mas não muito!

Era o último dia do Owen na empresa. E, por volta das 3h da tarde fomos jogar uma última partida de matriquilhos, para despedida. Eu fiz par com o Owen e ganhámos.

Tinha convidado o Ben para ir jantar a minha casa e quando saí do escritório confirmei com ele a hora para jantar, porque ele estava a ultimar uma demo do software em que está a trabalhar com vista ao salão de New Orleans, Siggraph. Ele não pareceu ligar muito e fiquei com receio que ele falhasse.

Quando cheguei a casa a Cláudia estava na piscina, mas como eu já tinha uma chave nova, subi e fui vestir os meus calções. Fui dar um mergulho e nadar um bocado, porque a viagem de carro desde o escritório até casa, que é de cerca de 5 quilómetros foi feita em pleno para-arranca e ao sol. Estava mesmo muito calor. A Cláudia estava com sorte com o tempo.

Um pouco depois da hora combinada aparece-me o Ben em casa de bicicleta. Tinha ficado de ir tomar banho a casa, mas, com o trabalho nem teve tempo e para além disso esqueceu-se da carteira no escritório. Rica desculpa para não trazer uma garrafa de vinho...

O Singh também estava em casa e convidámo-lo para jantar connosco. Pusémos a mesa na varanda e a Cláudia serviu-nos umas magníficas ameijoas à Bolhão Pato... Que luxo!

O Singh nunca tinha comido ameijoas na vida e adorou. O Ben já gostava há muito tempo, porque em Montreal costumava parar num bar de portugueses. Então regadinho com uma cervejinha gelada e depois com um vinho tinto à maneira...

Depois veio uma massa com carne picada, levada ao forno e deliciosa. Foi de babar por mais.

No entretanto o Singh, que é muito falador, mas que está sempre a repetir as mesmas coisas, cultivou uma amizade pelo Ben, que ainda não conhecia as suas histórias e que o ouvia atentamente. Até que chegou a hora do Singh ir trabalhar e eu fui levar o Ben a casa, no bólide. A bicicleta dele ficou no arrumo de minha casa.

Quando voltei de San Rafael, fui dormir, tal era o sono.

Quinta-feira, 20 de Julho de 2000

Ao fim do dia, quando cheguei a casa, agarrei na Cláudia e fomos dar uma volta. Subimos até ao Camino Alto e parei o bólide na berma da estrada e fomos fazer uma caminhada.

Apanhámos o trilho de Corte Madera, que começa a subir junto ao Camino Alto. Sobe e sobe e sobe, até que a dada altura deixam-se de ouvir os carros e se chega a um alto onde o caminho se encontra com três ou quatro outros trilhos. A zona não é muito bonita, porque é muito habitada, mas, as casas são um verdadeiro sonho. Ou um pesadelo porque estão assentes em estacas de madeira em encostas tão ingremes que assusta até quem não tem vertigens.

Parámos para descansar num pequeno alto junto a umas árvores que nos davam sombra. De repente, passa um tipo a correr e por detrás de nós ouve-se uns passáros a chilrear. Aproximamo-nos e a mãe começa a fazer barulhos noutra direcção. Estavamos próximo de um ninho, mas não conseguímos vê-lo, nem à mãe.

Continuámos o nosso caminho e chegámos a um outro cruzamento. Virámos à esquerda, mas ao cruzar com duas tipas que vinham a discutir os encontros da noite anterior a altos berros, como é tipico dos americanos, resolvemos voltar para trás por outro caminho. E, ainda bem que o fizémos, porque o caminho era muito bonito. Desculpem não me lembrar do nome do trilho e não ter nada aqui à mão para ver, mas era um trilho de pé posto que descia até ao primeiro cruzamento que tinhamos feito. Passava por um sítio chamado Sunset e a vista daí, para a baía, era extraordinário. Passou por nós uma tipa de meia idade a correr no sentido contrário, mal entrámos no trilho e custa-me a acreditar que ela conseguisse fazer algumas partes do mesmo, ao ritmo que estava a fazer aquela parte final. Inicial para nós.

Mas a vista compensava qualquer cansaço. Ao longe via-se a prisão de Larkspur, um edifício amarelo junto às águas da baía e estava a chegar um ferry vindo de São Francisco, ao cais mesmo ao lado. Mas, do lado esquerdo, do lado norte do trilho, viam-se as montanhas do parque de diversão do Tamalpais e San Anselmo. E o Sol punha-se atrás de nós...

Quando chegámos ao carro já estava a anoitecer. Fomos para casa e depois de um banho, uma ida a correr ao centro comercial comprar um frango e acompanhamento no mexicano e estar na varanda a apreciar o cair da noite, juntos e acompanhados por uma cerveja fresca.



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