C122 SEGUNDA-FEIRA, 21 DE AGOSTO DE 2000
15 Milhas por hora - Fotografia de Rui Gonçalves

Depois de quase quinze dias de férias é difícil pensar noutra coisa que não nas milhentas aventuras por que passei com a Cláudia pelo sudoeste norte-americano. Mas, tenho tomado apontamentos para que não vos falte nenhum pormenor deles.

Por agora tenho que vos contar o que se passou antes de ir de férias, há um mês e uma semana atrás. Vamos lá ver o que é que eu me lembro e do que eu tirei apontamentos. Bendito Palmtop.

Sexta-feira, 14 de Julho de 2000

Quando cheguei ao escritório de manhã, ainda estava meio atordoado com as mudanças de horas daqui para Detroit e de Detroit para aqui, em apenas três dias. O meu cérebro não tinha a certeza se já estava na hora de acordar ou se na hora de almoçar. Até o meu corpo não sabia bem se eu devia de andar ou se devia ter ficado mais um bocado na cama. Mas, acho que isso não era por causa da diferença horária, só!

O Ian veio ter ao meu gabinete e estivemos a falar sobre o sucedido em Detroit. O crash do VisConcept e a típica vontade de a EAI se alvejar nos pés. Mandar assim alguém à última da hora e o facto de não terem um programa de promoção específico. Acho que o Ian estava a precisar de desabafar e penso que ele e o Ken não se dão assim muito bem, e ele estava a achar que eu seria uma boa porta para fazer chegar aquelas ideias ao Ken. Eu acho é que o Ken também tem as mãos atadas.

A meio da manhã o Owen, que estava na sua última semana de trabalho, veio ao meu gabinete entregar um flyer de um espectáculo de uns amigos. Aparentemente tratava-se de um género de sketchs acerca da vida americana e chamava-se "A Freight Train Full Of Ducks" que é como quem diz um comboio de transporte carregado de patos. Um nome sugestivo para um espectáculo cómico feito por um grupo chamado Please Leave The Bronx (vejam em www.pleaseleavethebronx.com). Fiquei com vontade de ir.

No entretanto tinha decidido ir ter a Sunnyvale à noite para o aniversário da São. Estava com o bólide, a Mariana não precisava dele e não tinha planos para o fim-de-semana. O Nuno que estava no ICEP, também queria ir e eu fiquei de passar por São Francisco para o apanhar. A Mariana ia ao 14 de Julho, a tomada da Bastilha que era comemorada pela comunidade francesa da cidade.

Combinei com o Nuno passar pelo ICEP cerca das 19h30m-20h. Mas, com a pressa de arrumar o saco e sair de casa... Esqueci-me da chave do quarto e do carro, dentro do quarto. E, tranquei a porta do quarto.

Ok! A primeira reacção foi esquecer o aniversário da São e esperar pelo Singh. Mas, ele não deve ter nenhuma chave extra do quarto. Se calhar até tem, mas não ia admitir que tinha, porque podia achar que a minha privacidade estava a ser posta em causa.

Liguei o laptop à linha de fax e telefonei ao Nuno com o Dialpad. Avisei-o que já estava atrasado e que tinha deixado a chave dentro do quarto trancado. Já tinha tentado abrir a porta com outras chaves, canivetes, facas e até tentei meter cartões plásticos entre a porta e o caixilho para forçar a fechadura a ceder. Ela já cedia um bocado, mas não queria abrir.

Desliguei e disse ao Nuno que dentro de dez minutos voltava a falar. Estava-me a subir uma raiva à fechadura e o melhor era aproveitar. Mandei dois encontrões na porta e abriu. A fechadura e a zona da porta em volta dela é que não gostaram muito dos encontrões. Espero que os vizinhos não tenham ouvido...

Só cheguei ao ICEP uma hora atrasado. Ainda passei pelas ruas onde decorriam as comemorações do 14 de Julho e estava a ver que não conseguia sair de lá... Se calhar também me divertia. Mas, o Nuno já estava farto de estar à espera. Apanhei-o e fomos para Sul para Silicon Valley.

Como boa festa portuguesa nunca estamos atrasados. Aliás ainda não tinham começado a comer quando chegámos. Bebi uma cerveja para ver se acalmava, porque a aventura de arrebentar com uma porta e andar a correr, tinha mexido com os meus nervos.

A festa foi calminha. Estava lá o Hugo e Jacinta, que tinham um filho há menos de um mês, mas que estavam na sua primeira escapadela, pois a mãe da Jacinta estava por cá e ficou a tomar conta da Catarina. O Antão e a Rita também lá estavam e o Lourenço, o rebento da família, também. A primeira vez que o tinha visto tinha cerca de um mês, e agora, quase 5 meses depois estava enorme. Como o tempo passa...

Estivemos na conversa e ouvir música até cerca das 3h da manhã.

Saí com o Nuno e com a Joana e fui dormir no quarto do Tiago Sanches que estava para Portugal.



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