Depois de quase quinze dias de férias é difícil
pensar noutra coisa que não nas milhentas aventuras por que passei
com a Cláudia pelo sudoeste norte-americano. Mas, tenho tomado
apontamentos para que não vos falte nenhum pormenor deles.
Por agora tenho que vos contar o que se passou antes
de ir de férias, há um mês e uma semana atrás. Vamos lá ver o que é que
eu me lembro e do que eu tirei apontamentos. Bendito Palmtop.
Sexta-feira, 14 de Julho de 2000
Quando cheguei ao escritório de manhã, ainda estava
meio atordoado com as mudanças de horas daqui para Detroit e de
Detroit para aqui, em apenas três dias. O meu cérebro não tinha
a certeza se já estava na hora de acordar ou se na hora de almoçar.
Até o meu corpo não sabia bem se eu devia de andar ou se devia
ter ficado mais um bocado na cama. Mas, acho que isso não era por
causa da diferença horária, só!
O Ian veio ter ao meu gabinete e estivemos a falar
sobre o sucedido em Detroit. O crash do VisConcept e a típica vontade
de a EAI se alvejar nos pés. Mandar assim alguém à última da hora
e o facto de não terem um programa de promoção específico. Acho
que o Ian estava a precisar de desabafar e penso que ele e o Ken
não se dão assim muito bem, e ele estava a achar que eu seria uma
boa porta para fazer chegar aquelas ideias ao Ken. Eu acho é que
o Ken também tem as mãos atadas.
A meio da manhã o Owen, que estava na sua última
semana de trabalho, veio ao meu gabinete entregar um flyer de um
espectáculo de uns amigos. Aparentemente tratava-se de um género
de sketchs acerca da vida americana e chamava-se "A Freight Train
Full Of Ducks" que é como quem diz um comboio de transporte carregado
de patos. Um nome sugestivo para um espectáculo cómico feito por
um grupo chamado Please Leave The Bronx (vejam em www.pleaseleavethebronx.com).
Fiquei com vontade de ir.
No entretanto tinha decidido ir ter a Sunnyvale à noite
para o aniversário da São. Estava com o bólide, a Mariana não precisava
dele e não tinha planos para o fim-de-semana. O Nuno que estava
no ICEP, também queria ir e eu fiquei de passar por São Francisco
para o apanhar. A Mariana ia ao 14 de Julho, a tomada da Bastilha
que era comemorada pela comunidade francesa da cidade.
Combinei com o Nuno passar pelo ICEP cerca das 19h30m-20h.
Mas, com a pressa de arrumar o saco e sair de casa... Esqueci-me
da chave do quarto e do carro, dentro do quarto. E, tranquei a
porta do quarto.
Ok! A primeira reacção foi esquecer o aniversário
da São e esperar pelo Singh. Mas, ele não deve ter nenhuma chave
extra do quarto. Se calhar até tem, mas não ia admitir que tinha,
porque podia achar que a minha privacidade estava a ser posta em
causa.
Liguei o laptop à linha de fax e telefonei ao Nuno
com o Dialpad. Avisei-o que já estava atrasado e que tinha deixado
a chave dentro do quarto trancado. Já tinha tentado abrir a porta
com outras chaves, canivetes, facas e até tentei meter cartões
plásticos entre a porta e o caixilho para forçar a fechadura a
ceder. Ela já cedia um bocado, mas não queria abrir.
Desliguei e disse ao Nuno que dentro de dez minutos
voltava a falar. Estava-me a subir uma raiva à fechadura e o melhor
era aproveitar. Mandei dois encontrões na porta e abriu. A fechadura
e a zona da porta em volta dela é que não gostaram muito dos encontrões.
Espero que os vizinhos não tenham ouvido...
Só cheguei ao ICEP uma hora atrasado. Ainda passei
pelas ruas onde decorriam as comemorações do 14 de Julho e estava
a ver que não conseguia sair de lá... Se calhar também me divertia.
Mas, o Nuno já estava farto de estar à espera. Apanhei-o e fomos
para Sul para Silicon Valley.
Como boa festa portuguesa nunca estamos atrasados.
Aliás ainda não tinham começado a comer quando chegámos. Bebi uma
cerveja para ver se acalmava, porque a aventura de arrebentar com
uma porta e andar a correr, tinha mexido com os meus nervos.
A festa foi calminha. Estava lá o Hugo e Jacinta,
que tinham um filho há menos de um mês, mas que estavam na sua
primeira escapadela, pois a mãe da Jacinta estava por cá e ficou
a tomar conta da Catarina. O Antão e a Rita também lá estavam e
o Lourenço, o rebento da família, também. A primeira vez que o
tinha visto tinha cerca de um mês, e agora, quase 5 meses depois
estava enorme. Como o tempo passa...
Estivemos na conversa e ouvir música até cerca das
3h da manhã.
Saí com o Nuno e com a Joana e fui dormir no quarto
do Tiago Sanches que estava para Portugal. |