C116 SEXTA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2000
Arvore Na Estrada - Fotografia de Rui Gonçalves

Quarta-feira, 5 de Julho de 2000

Depois de um fim-de-semana prolongado de actividades físicas e de relaxamento, não foi fácil encarar o início de uma semana de trabalho... Bem! Afinal já era quarta e a semana só tinha três dias.

O problema era esse, porque eu tinha que acabar uma demo até sexta para mandar para Detroit e para o Ken levar para a BMW na Alemanha, onde ia na semana seguinte. Além disso era suposto fazê-la com a ajuda da equipa de desenvolvimento do VisConcept, mas estavam quase todos de férias. Até o Ken...

Ah! Ainda não vos contei que ele me andou a sondar acerca da possibilidade de eu ir à Coreia fazer uma demonstração do software e que o Jesse me veio dizer que eu estava apontado para ir em nome da empresa a New Orleans, a um salão de software gráfico. Ainda bem que me perguntaram alguma coisa...

No fim do dia, quando o Ken chegou, pediu-me para entrar em contacto com o escritório de Detroit, porque eles mostraram interesse em que eu lá fosse ajudar, numa exposição de novas tecnologias para a Ford. Eu telefonei duas vezes e só apanhei a caixa de mensagens, coisa que eu não consigo gostar e com quem me recuso a falar na maioria das vezes. Então mandei um mail a mostrar-me disponível e esperei que me respondessem.

Quinta-feira, 6 de Julho de 2000

A notícia do dia era que o Owen se despediu. O Owen é um dos elementos da equipa de desenvolvimento do VisConcept... Mais uma facada no projecto. É um tipo porreiro. No início não gostava muito dele porque o achava demasiado agressivo e eu se calhar andava demasiado susceptível. Mas, ultimamente tem se mostrado um gajo mais fixe e para além das piadas já consegue falar sério.

Desde que cheguei só saíram da empresa três pessoas. O Dave que saiu quando eu cheguei, o Tom que era um dos chefes e que foi para director de uma outra empresa e agora o Owen. A rotatividade de pessoal aqui é muito baixa se comparada com as empresas de Silicon Valley ou de SOMA - South Of Market - em São Francisco. Aí não há uma semana em que não saia ou entre alguém para a empresa. Os empregados mudam de empresa em busca de melhores condições ou se não são bons, encontram a sua secretária ocupada por outro. Sim! Já aconteceu...

Sexta-feira, 7 de Julho de 2000

Quando o trabalho aperta e há datas para o acabar é preciso trabalhar até horas tardias. Foi o que aconteceu na sexta. Mas, ainda fui ao Friday fest e joguei matrecos, pois o trabalho estava controlado e sabia que em poucas horas aquilo estava pronto. Mas, quando saísse o pessoal todo e os escritório estivesse mais calmo, o trabalho corria melhor.

Fiquei no escritório até às 9h, acabei a demo, transferi-a por FTP para ficar disponível aos utilizadores e gravei um CD pois poderia ter que ir para Detroit a correr e não queria ficar na mão.

Um dia destes fiquei surpreendido quando o Ian me perguntou se eu sabia transferir dados entre o meu PC-NT para a Vegas-IRIX, pois ele quando queria fazer isso gravava a informação em CD. Mas este pessoal não existe... Gravar um CD, para além de custar dinheiro, demora cerca de meia hora e um FTP demora alguns minutos. Desculpem os leigos na matéria, mas tinha que fazer este comentário, ao modo como as coisas por vezes são encaradas por estes tipos. A procura pela maneira mais fácil é sempre o melhor caminho. Mas, o FTP é muitas vezes mais fácil que gravar um CD, e é tão fácil de usar... Bem, mas gravar um CD é como gravar uma disquete grande e isso toda a gente sabe.

Em relação à minha ida para Detroit. O Ken ao fim do dia perguntou-me como estava a demo e eu mostrei-lhe. Estava quase pronta, faltavam apenas alguns pormenores. E, depois perguntou-me se eu tinha entrado em contacto com o tipo em Detroit. Como parte interessada eles tinham os dados todos na mão e o passo seguinte teria que partir do lado deles, se eles realmente queriam que eu lá fosse. O Ken lá me explicou que as coisas não eram bem assim e que eles estavam a fazer um favor ao pessoal, ao colocar o VisConcept como parte da exposição da empresa na Ford. Pediu-me que eu tentasse entrar em contacto com o tipo urgentemente pois o escritório que marca as viagens dos empregados da EAI estava quase a fechar.

Eu telefonei umas três ou quatro vezes e nada... Mandei mais uns mails e,... Nada!

Preocupei-me mais em acabar a demo e depois na segunda logo se veria, pois a exposição só começava na quarta.

Quando saí e como tinha combinado com o Ben, fui ver um filme a casa dele. Passei pelo In-n-out para jantar um belo de hambúrguer a-la MacDonalds e fui com ele escolher um filme. Trouxemos o Black Adder em vídeo e o "American Movie" em DVD, pois o Ben tem um DVD no portátil e liga aquilo à TV.

Vimos o "American Movie". Aconselho a qualquer um a ver aquele filme, pois traduz exactamente a paranóia que estes americanos têm em serem artistas. Fez-me lembrar algumas dos artistas que conhecemos no barbecue da semana anterior. A história do filme, que é verídica, é passada em Milwakee em Illinois, junto aos grandes lagos, numa zona muito rural dos Estados Unidos e conta a história de um tipo que resolve fazer um filme. Só isso! Um tipo de uma terrinha agricula que resolve fazer um filme, que tem as ideias mais escabrosas para arranjar fundos e que escreve o argumento como se fosse um filme noir, com o Dirty Harry e alguns pós de ficção científica ou medieval. Fez-me lembrar muito o Ed Wood.

Mas, o melhor do filme era o melhor amigo dele que tocava guitarra e tinha dado tanto no álcool e nos ácidos, que não conseguia construir uma frase completa. O tipo era o responsável pela banda sonora, que não eram mais que dois ou três acordes tocados em diferentes tempos e ordens, mas que soavam todos a uma área qualquer de rock sinfónico.

O filme retracta perfeitamente a sede de mostrar alguma coisa, e a cegueira que estes americanos têm que faz com que qualquer coisa seja considerada uma obra de arte, mesmo que os únicos espectadores, sejam eles mesmos.

O DVD ainda incluía o filme final que o tipo fez... Eu comecei a vê-lo, mas quando vi que eram quase 1h da manhã e o Ben já dormia... Fui-me embora, mas não fiquei com pena de ver o resto, pois... Só visto!



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