Quarta-feira, 5 de Julho de 2000
Depois de um fim-de-semana prolongado de actividades
físicas e de relaxamento, não foi fácil encarar
o início de uma semana de trabalho... Bem! Afinal já era
quarta e a semana só tinha três dias.
O problema era esse, porque eu tinha que acabar
uma demo até sexta para mandar para Detroit e para o Ken
levar para a BMW na Alemanha, onde ia na semana seguinte. Além
disso era suposto fazê-la com a ajuda da equipa de desenvolvimento
do VisConcept, mas estavam quase todos de férias. Até o
Ken...
Ah! Ainda não vos contei que ele me andou
a sondar acerca da possibilidade de eu ir à Coreia fazer
uma demonstração do software e que o Jesse me veio
dizer que eu estava apontado para ir em nome da empresa a New Orleans,
a um salão de software gráfico. Ainda bem que me
perguntaram alguma coisa...
No fim do dia, quando o Ken chegou, pediu-me para
entrar em contacto com o escritório de Detroit, porque eles
mostraram interesse em que eu lá fosse ajudar, numa exposição
de novas tecnologias para a Ford. Eu telefonei duas vezes e só apanhei
a caixa de mensagens, coisa que eu não consigo gostar e
com quem me recuso a falar na maioria das vezes. Então mandei
um mail a mostrar-me disponível e esperei que me respondessem.
Quinta-feira, 6 de Julho de 2000
A notícia do dia era que o Owen se despediu.
O Owen é um dos elementos da equipa de desenvolvimento do
VisConcept... Mais uma facada no projecto. É um tipo porreiro.
No início não gostava muito dele porque o achava
demasiado agressivo e eu se calhar andava demasiado susceptível.
Mas, ultimamente tem se mostrado um gajo mais fixe e para além
das piadas já consegue falar sério.
Desde que cheguei só saíram da empresa
três pessoas. O Dave que saiu quando eu cheguei, o Tom que
era um dos chefes e que foi para director de uma outra empresa
e agora o Owen. A rotatividade de pessoal aqui é muito baixa
se comparada com as empresas de Silicon Valley ou de SOMA - South
Of Market - em São Francisco. Aí não há uma
semana em que não saia ou entre alguém para a empresa.
Os empregados mudam de empresa em busca de melhores condições
ou se não são bons, encontram a sua secretária
ocupada por outro. Sim! Já aconteceu...
Sexta-feira, 7 de Julho de 2000
Quando o trabalho aperta e há datas para
o acabar é preciso trabalhar até horas tardias. Foi
o que aconteceu na sexta. Mas, ainda fui ao Friday fest e joguei
matrecos, pois o trabalho estava controlado e sabia que em poucas
horas aquilo estava pronto. Mas, quando saísse o pessoal
todo e os escritório estivesse mais calmo, o trabalho corria
melhor.
Fiquei no escritório até às
9h, acabei a demo, transferi-a por FTP para ficar disponível
aos utilizadores e gravei um CD pois poderia ter que ir para Detroit
a correr e não queria ficar na mão.
Um dia destes fiquei surpreendido quando o Ian me
perguntou se eu sabia transferir dados entre o meu PC-NT para a
Vegas-IRIX, pois ele quando queria fazer isso gravava a informação
em CD. Mas este pessoal não existe... Gravar um CD, para
além de custar dinheiro, demora cerca de meia hora e um
FTP demora alguns minutos. Desculpem os leigos na matéria,
mas tinha que fazer este comentário, ao modo como as coisas
por vezes são encaradas por estes tipos. A procura pela
maneira mais fácil é sempre o melhor caminho. Mas,
o FTP é muitas vezes mais fácil que gravar um CD,
e é tão fácil de usar... Bem, mas gravar um
CD é como gravar uma disquete grande e isso toda a gente
sabe.
Em relação à minha ida para
Detroit. O Ken ao fim do dia perguntou-me como estava a demo e
eu mostrei-lhe. Estava quase pronta, faltavam apenas alguns pormenores.
E, depois perguntou-me se eu tinha entrado em contacto com o tipo
em Detroit. Como parte interessada eles tinham os dados todos na
mão e o passo seguinte teria que partir do lado deles, se
eles realmente queriam que eu lá fosse. O Ken lá me
explicou que as coisas não eram bem assim e que eles estavam
a fazer um favor ao pessoal, ao colocar o VisConcept como parte
da exposição da empresa na Ford. Pediu-me que eu
tentasse entrar em contacto com o tipo urgentemente pois o escritório
que marca as viagens dos empregados da EAI estava quase a fechar.
Eu telefonei umas três ou quatro vezes e nada...
Mandei mais uns mails e,... Nada!
Preocupei-me mais em acabar a demo e depois na segunda
logo se veria, pois a exposição só começava
na quarta.
Quando saí e como tinha combinado com o Ben,
fui ver um filme a casa dele. Passei pelo In-n-out para jantar
um belo de hambúrguer a-la MacDonalds e fui com ele escolher
um filme. Trouxemos o Black Adder em vídeo e o "American
Movie" em DVD, pois o Ben tem um DVD no portátil e liga
aquilo à TV.
Vimos o "American Movie". Aconselho a qualquer um
a ver aquele filme, pois traduz exactamente a paranóia que
estes americanos têm em serem artistas. Fez-me lembrar algumas
dos artistas que conhecemos no barbecue da semana anterior. A história
do filme, que é verídica, é passada em Milwakee
em Illinois, junto aos grandes lagos, numa zona muito rural dos
Estados Unidos e conta a história de um tipo que resolve
fazer um filme. Só isso! Um tipo de uma terrinha agricula
que resolve fazer um filme, que tem as ideias mais escabrosas para
arranjar fundos e que escreve o argumento como se fosse um filme
noir, com o Dirty Harry e alguns pós de ficção
científica ou medieval. Fez-me lembrar muito o Ed Wood.
Mas, o melhor do filme era o melhor amigo dele que
tocava guitarra e tinha dado tanto no álcool e nos ácidos,
que não conseguia construir uma frase completa. O tipo era
o responsável pela banda sonora, que não eram mais
que dois ou três acordes tocados em diferentes tempos e ordens,
mas que soavam todos a uma área qualquer de rock sinfónico.
O filme retracta perfeitamente a sede de mostrar
alguma coisa, e a cegueira que estes americanos têm que faz
com que qualquer coisa seja considerada uma obra de arte, mesmo
que os únicos espectadores, sejam eles mesmos.
O DVD ainda incluía o filme final que o tipo
fez... Eu comecei a vê-lo, mas quando vi que eram quase 1h
da manhã e o Ben já dormia... Fui-me embora, mas
não fiquei com pena de ver o resto, pois... Só visto! |