Pronto, mais uma vez isto das crónicas
atrasadas. Pois é, já vai com duas semanas de atraso...
Mas...
Na última crónica esqueci-me de vos
falar no horário dos autocarros de Orange County, que apanhei
desde Anaheim até Newport Beach. Pois bem, aquilo parecia
uma lista telefónica, uma vez que tinha qualquer coisa como
165 páginas, incluía trajectos, horários completos
para a semana, sábado e domingo, preço dos bilhetes,
etc, etc... Só da companhia de autocarros de Orange County,
imagino como deve ser do serviço de transportes de Los Angeles,
mesmo.
Com tanta informação é difícil
uma pessoa falhar a paragem e o autocarro e o mais surpreendente é que,
a menos de algum imprevisto, os autocarros andam a horas, não é como
no Porto e em Lisboa que há imprevistos todos os dias e
a todas as horas e fazem com que os autocarros nem tenham horários,
para que as pessoas não se sintam enganadas.
Domingo, 18 de Junho de 2000
Levantei-me e arrumei tudo na mala. Tarefa difícil
pois o saldo da exposição traduziu-se em: 3 polos,
8 t-shirts, 6 bolas luminosas, 7 sacos de pano, 1 lanterna, 4 yo-yos,
3 crashás, 3 pins, 2 suportes de crashá e canetas,
3 fitas de pescoço, 1 stress-ball, 1 mini chave de fendas,
1 caixa de metal, 1 pousa punhos para o teclado, 1 disco voador,
1 avião de madeira, 1 cartão com canivete Victorinox,
1 boné, 1 bola de praia, 1 embalagem de pastilhas para o
hálito (da Sony), 1 tatuagem temporária e 1 porta
CDs.
Poça! Acho que trazia mais de o dobro do
que levei. O que vale é que a empresa paga o transporte
de e para o aeroporto e então não tinha que me preocupar
muito com isso. Aliás, já tinha encomendado os serviços
de um shuttle (vai-e-vem) para o aeroporto... Mas o tipo demorou
a chegar e já me estava a passar.
O chinoca do motel, que de repente se mostrou muito
simpático e me ofereceu café e tudo, veio-me perguntar
duas vezes se não queria voltar a telefonar, mas a carrinha
do Super Shuttle chegou no entretanto. Vinha um casal de americanos
com duas filhas na puberdade e que tinham mais borbulhas na cara
que os buracos que existem na lua. Além deles vinha um outro
americano que devia de estar ali em negócios e que bem que
podia ter lavado os dentes, pois o bafo já me estava a deixar
agoniado... Além disso o condutor era indiano e falava tão
bem inglês que na hora de sair e pagar tive que lhe perguntar
três vezes o preço.
Cheguei muito cedo ao aeroporto. Mais vale cedo
que tarde. Fiz o check-in em 5 minutos e fui almoçar. Um
dos voos estava superlotado, mas infelizmente não era o
meu, pois estavam a oferecer, aos altifalantes, um cheque de $300
e uma viagem ao Hawai, para quem se oferecesse para dar um lugar.
Eu dava já... Nem que tivesse que ficar mais uma noite,
pois era para isso que servia o cheque.
Estive a acabar o trabalho do ICEP na sala de espera.
Sala de espera? Na zona de espera, porque aquilo não era
sala nenhuma. Mas podia ver os aviões a chegar e a dirigirem-se
para a pista de descolagem.
Quando entrei para o avião, que chegou atrasado,
como é normal, reparei que também aquele voo estava
um bocado lotado. Aliás haviam duas pessoas com o mesmo
lugar. Uma confusão. Estes americanos como só usam
dois nomes em tudo, depois acontece coisas como estas em que duas
pessoas diferentes, mas com o mesmo nome fiquem com o mesmo lugar.
Ainda por cima a maior parte dos emigrantes muda o nome para nomes
vulgares para não sofrerem discriminações
e depois dá nisto, há um monte de gente com o mesmo
nome. Mas, pronto conseguimos levantar voo à 1h da tarde.
De novo tive a sorte de ficar à janela e
de novo do lado de terra, mas nesta viagem o corredor aéreo é sobre
terra e apenas vi montes, cidades e um deserto. Tentei ver Pinnacles,
mas não consegui. Mas ainda consegui ver os horrorosos poços
petrolíferos na baía de Los Angeles e os barcos a
cruzarem as suas águas em direcção à ilha
de Catalina. Engraçado como vistos do ar, aqueles barcos
velozes parecem que estão parados e o rasto de espuma que
deixam na água, apenas os faz parecer maiores.
A viagem decorreu na normalidade e uma hora depois
já via o Silicon Valley e a Baía de São Francisco.
Visto do ar, aquilo parece um enorme vale com uma textura próxima
de uma rede, formada pelas ruas perpendiculares e que se estende
por alguns 70 quilómetros com os prédios de São
Francisco a erguerem-se ao fundo, por detrás dos montes
verdes de South San Francisco. Na baía via-se uma quantidade
enorme de pontos brancos da ondulação, devido ao
forte vento que se fazia sentir e que abanava o avião. Assustava
um bocado, mas as cores das águas da baía com as
suas diferentes profundidades e zonas de lamas, faziam com que
aquela matiz de verdes, castanhos e vermelhos, distraí-se-me.
Nunca pensei dizer isto, mas já estava com
saudades de São Francisco, depois de quase uma semana a
comer comida da treta e sem ver nada de bonito. São Francisco
e a baía é lindo!
Aterrámos às 2h. E estivemos à espera
de passar a pista para nos dirigirmos à nossa manga, cerca
de 20 minutos. O tráfego estava tal que a fila de aviões
para levantar voo tinha para aí 10 aviões e estavam
a usar duas pistas paralelas de descolagem. Por cada avião
que levantava, um aterrava na mesma pista, logo atrás. Nos
20 minutos que ali estivemos parados eu vi aterrar mais de 10 aviões
e levatarem outros tantos. Impressionante! A senhora que estava
sentada ao meu lado, e que vivia perto do aeroporto dizia que era
quase sempre assim...
Depois, foi quase uma hora para recolher a bagagem.
Constava que só estavam dois trabalhadores lá a carregar
as malas, e ainda mudámos de tapete a meio.
A seguir apanhar o Marin Airporter, um género
de Shuttle até Marin, mas que não parava em Corte
Madera, pelo que tive que ir até San Rafael, com uma mudança
de autocarro em Larkspur. E ainda tivemos direito a uma visita
a Ocean Beach e Cliff House, porque o condutor decidiu fugir ao
trânsito de São Francisco. Não estava com pressa
e a vista era agradável, mas a verdade é que só cheguei
a casa por volta das 5h da tarde.
Quando cheguei a casa lanchei uma fatia de pizza
oferecida pelo Singh e resolvi acabar o trabalho do ICEP, que tinha
de ser entregue no dia seguinte. Mas, o meu mail do Yahoo! resolveu
não me obedecer e eu numa atitude desesperada ainda piorei
a coisa e mandei trocar a password, que me foi enviada para um
mail que está direccionado para o Yahoo! Ou seja, não
podia ler a nova password porque para ler o mail onde me era divulgado,
já a tinha que saber. A velha história da pescadinha
de rabo na boca, ou da galinha e do ovo.
Mas consegui resolver a questão e pedi ao
Tiago Azevedo, para me mudar o reencaminhamento para outro mail,
dos 5 ou 6 que tenho e consegui desbloquear a conta.
Mas no entretanto não tinha acabado o que
queria no trabalho, mas não fazia mal, como irão
ver.
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