C96 QUARTA-FEIRA, 7 DE JUNHO DE 2000
O Surfista - Fotografia de Rui Gonçalves

Houve algumas histórias do fim-de-semana que passei com o Homer e o Bart Simpson, ou terá sido com o Beavis and Butthead... Não! Com o Jesse e o Darren, que me esqueci de vos contar.

Pois bem, esqueci-me de vos dizer que no domingo quando acordaram, o Jesse deu um colar ao Darren e ele próprio já usava um. Era o colar de festa, e só o tiravam quando iam para a água... Depois vocês vêem nas fotos, como eles ficavam bem de colar ao peito.

Outra coisa que me esqueci de vos contar foi que na segunda quando estávamos junto ao rio a fazer o barbecue e a tomar banho, andava lá um jovem de prancha de surf. Um verdadeiro surfista de água doce a fazer lembrar o meu amigo Nuno nos canais de rega da Zambujeira do Mar... Lindo!!!

Mas voltemos à minha vida em diferido...

Terça-feira, 30 de Maio de 2000

Depois de um fim-de-semana com o Joe e o Averell Dalton, claro que não podia acordar muito bem. Custou a acordar! Acho que acordei mais cansado do que me deitei e levantar custou ainda mais, pelo que fui ficando deitado na conversa, via ICQ, com a Cláudia e com a Raquel, que está no Chile... Quase uma hora. É o que dá ter horários flexíveis... Entra-se tarde e depois sai-se tarde.

Fui de bólide para o escritório, pois devido à longa conversa, já era tarde e queria chegar antes que fosse tarde demais... No caminho, liguei o rádio e estava a dar o programa do Howard Stern. É o programa mais non-sense dos que tenho ouvido e visto, porque depois as melhores cenas são reproduzidas na televisão. O Howard Stern é um tipo de cabelo comprido e óculos de sol redondos, que parece que saiu dos tempos dos Led Zeppelin ou AC/DC e que consegue provar que o ser humano é do mais ignorante e ganancioso que existe e que faz qualquer coisa para ganhar dinheiro e aparecer na televisão ou rádio. Neste caso aplica-se ao povo americano, mas se fosse em Portugal a coisa pouco diferia. Pois bem, o assunto dessa manhã era se umas tipas que concorreram ao programa eram boas ou más aquisições para saírem na Playboy. Começavam por se despir e dar uma voltinha e depois eram avaliadas por todos os intervenientes no programa... Vocês não acreditam nas coisas que diziam de algumas.

Aqui há umas semanas estava a ver o programa dele na televisão e nesse programa foram convidar três sem-abrigo na rua para irem participar num concurso de cultura geral em que podiam ganhar $10.000. Pois bem, arranjaram três, puseram-nos atrás de uns caixotes de cartão a fazer de mesas de concurso e começaram a fazer perguntas, como se de um concurso se tratasse. As perguntas eram algo básicas e apenas um foi capaz de responder a quase todas e ganhou os $10.000, com a condição de filmarem o primeiro dia com ele a ver onde é que ele gastava o dinheiro e se encontrarem uma semana depois para uma entrevista. O sem-abrigo, que era negro, gastou uma nota preta em roupa que eu era incapaz de imaginar, alugou um quarto de hotel e pagou a umas prostitutas... Lá foi uma parte considerável da nota, mas guardou uma quantidade boa no banco para não se preocupar, dizia ele. Uma semana depois faltou à entrevista, mas os repórteres encontraram-no no sítio do costume a tocar as suas latas a fazer de bateria. Tinha gasto 2200 contos numa semana e voltado à sua condição de sem-abrigo.

Mas de volta às histórias de terça: O Jesse apareceu no meu gabinete ao fim da tarde com o Forrest, o seu filho. É um puto curtido, muito tímido no primeiro contacto, como quase todos, mas um reguila. É Loiro como o pai.

No fim do dia, voltei para casa cedo, pois já não podia ver um computador à frente. Compenso durante a semana, o tempo a menos que trabalhei... Embora não mo exijam.

Para desanuviar, acabei de arranjar a bicicleta do Jesse... Está pronta a andar... Uns pequenos retoques aqui e ali e parece uma bicicleta nova.

Comecei a arrumar o quarto e deitei-me muito cedo... Tinha dito ao pessoal em São Francisco que lá ia mas não consegui...

Quarta-feira, 31 de Maio de 2000

Quando cheguei ao gabinete de manhã, estava cá um tipo loiro de cabelo comprido a tentar arranjar o ar condicionado. Há meses que o ar condicionado do meu gabinete funciona ao contrário. Quando está calor não funciona, o que se virmos pelo prisma contrário não é mau, e quando está frio deita ar frio, o que se pode tornar mau... Mas como estamos no tempo mais ou menos quente, não me afecta tanto... Mas tenho que manter uma ventoinha senão sofro com o calor.

Mas o tipo chegou à conclusão que não havia nada a fazer. Ou aliás havia, mas tinha que mudar o sistema de ar condicionado, porque o termostato está num outro escritório que não tem ninguém e que não apanha sol e portanto nunca está tão quente como o meu gabinete. Resultado: Decidi mudar de gabinete e vou para um cubículo, à boa moda americana.

Ao fim da tarde fui para São Francisco, como tinha prometido que fazia no dia anterior. A Mariana precisava dos documentos do bólide para legalizar a coisa e eu é que os tinha. Mas deixei o bólide em casa. Detesto arranjar lugar para estacionar e não compensa ir para a cidade com o bólide e ter encontros imediatos com a polícia, enquanto as coisas não estiverem mesmo legais, pelo que fui na camioneta.

Cheguei ao ICEP e estive na conversa com o Nuno e com a Mariana, que tinha tirado o gesso e andava com uma bota que não permitia grandes aventuras com aquela perna.

Já que ali estava queria dar uma de social e ir jantar qualquer coisa fora. O Nuno e a Mariana alinharam e fomos buscar a RM&P. Fomos ao novo tailandês, mesmo nas traseiras da casa delas... Foi um verdadeiro jantar à portuguesa, mas ocorrido mais cedo. Em Portugal começávamos a comer à hora que acabámos, mas quando acabámos de comer, ficámos ali na conversa quase uma hora... E ainda tivemos o prazer de sermos presenteados com o pagamento da conta, por parte da Patrícia, que não quis revelar a intenção de tão gentil oferta, mas a qual agradeço.

No entretanto apareceu o João, que nos convidou para irmos ao bar do Diogo, onde nos encontramos com eles os dois e o Jorge... Estava uma verdadeira noite de beber uma cervejinha com os amigos e dar uma de conversa. Eles jogavam bilhar e eu dei uma de turista e vim para a rua de copo na mão. O dono do bar não gostou muito, mas eu esqueci-me que nesta terra de bêbados não se podem beber bebidas alcoólicas na rua... Acreditam? Pois é verdade... Será que é por isso que não existem quase nenhumas esplanadas? Mais uma contradição americana.

Por volta das 11h apanhei a camioneta e fui para casa.

Quinta-feira, 1 de Junho de 2000

A Vaynessa tinha ficado no escritório e eu tinha que levar a bicicleta do Jesse para o emprego, pelo que fui nela... A bicla é mesmo grande, deve ter um quadro de 23" ou mesmo maior... A meio do caminho os cranques começaram a ficar soltos e tive que ir mesmo devagar para não dar cabo daquilo ao rapaz. Mas cheguei bem e a horas.

Fui-lhe mostrar a sua nova bicicleta. A primeira reacção foi de surpresa. A bicicleta era amarela fluorescente e agora era toda cinzenta e tinha uma suspensão...

Mas nem dei tempo de respirar e fui tentar arranjar a folga do movimento pedaleiro e dos cranques. Maldita hora em que decidi fazer aquilo. O movimento pedaleiro é daqueles antigos que se apertam com uma chave esquisita que encaixam numas ranhuras exteriores e com uma outra chave ainda mais esquisita que tem uns parafusos muito pequenos, que encaixam noutros orifícios. Mas isto tudo para dizer que um desses parafusos partiu e eu ia partindo um punho, tal era a força que estava a fazer. Mas não se passou nada de grave... A não ser para a chave, porque já ninguém usa daquilo e a chave era do Erik... Tínhamos que devolver a chave como a encontrámos.

Mas deixei isso para o dia seguinte, pois já eram emoções a mais.

À tarde tive mais uma aventura com chaves, quando o Ben partiu um boneco dos matraquilhos (são de plástico). Claro que tive que dar uma de desenrasca à portuguesa e na falta de melhor, um canivete e um clip serviu para mudar o boneco... Isto enquanto o Ben andava à procura de uma chave.

No fim do dia voltei para casa cansado. Ainda não tinha recuperado do fim-de-semana com o Wayne e o Garth (Wayne's World lembram-se? Com o Mike Myers, mais recentemente conhecido pela sua representação como Austin Powers).

Jantei e deitei-me muito cedo.

Sexta-feira, 2 de Junho de 2000

Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer. Deve ter sido por isso que acordei antes do despertador e me levantei depressa... Esperava-me um dia desesperante.

Peguei na Vaynessa e quando cheguei ao escritório resolvi ir à loja da esquina procurar os parafusos/pinos para a chave do Erik. Nada! Nem na loja da esquina nem na outra mais adiante. A não ser a chave completa... Fui perguntar ao Jesse o que é que ele achava melhor e por fim ao Erik, como é que ele queria fazer... Este ia ver se ele próprio tinha pinos de substituição, porque normalmente as chaves vêem com eles.

Decidi voltar a trabalhar na apresentação que andava a fazer para a feira em Los Angeles que vou para a semana. Perguntei ao Mike qual a versão do VisConcept que podia usar e... A minha apresentação não corre!!!! Possa! Tanto trabalhinho e foi tudo pelo cano...

Fui falar com o Ken. A apresentação dele também não funcionava... Ou seja, as duas apresentações que estavam previstas eu levar não funcionavam...

Sentámo-nos os dois no laboratório e só saímos de lá às 4h da tarde, quando a vontade de partir o computador e a equipa de desenvolvimento, estava a chegar a níveis próximos do insuportável... E fomos ao normal lanche de sexta, porque nem sequer tinha almoçado.

Desistimos de tentar recuperar as apresentações e comecei a construir tudo de novo...

Voltei para casa ao fim do dia, com uma vontade de bater em alguém... Mas em vez disso, liguei a televisão, deitei-me na cama e gozei a minha companhia numa sexta à noite, sozinho em casa... Com uma cerveja.



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