C88 SEGUNDA-FEIRA, 22 DE MAIO DE 2000
Lua Cheia - Fotografia de Rui Gonçalves

Sexta-feira, 18 de Maio de 2000

Fui no bólide para o escritório. Apesar de só ir apanhar a Rita e a Mónica a São Francisco por volta das 18h30m, e assim ter bastante tempo, ainda me faltava fazer as compras da comida para o fim-de-semana e fazer o saco.

O dia de trabalho decorreu como uma normal sexta-feira. O ritmo é mais lento. E a caixa do correio do Yahoo teima em não funcionar e a Telepac também anda com problemas...

O Ben não estava, porque no dia anterior tinha ido para Chicago de avião e daí de carro para Montreal. Qualquer coisa como 8 horas de carro, mas ele tinha que levar o carro dele de Chicago para casa dos pais.

Como todas as sextas, por volta das 16h é hora do lanche. Bebi um copito de vinho, mas tive que me conter porque ainda me esperavam umas três horas ao volante do bólide. Como de costume a conversa estava interessante, mas eu tinha ainda muito que fazer. Falava-se da inquisição espanhola quando saí... "Have a nice weekend!"

Cheguei a casa, meti uns calções e umas t-shirts no saco e pouco mais, pois esperava-se calor para o fim-de-semana e como ainda por cima eu ia para uma zona quente do interior da Califórnia. Meti tudo no bólide e fui ao supermercado aqui em frente e em 10 minutos tinha comprado tudo o que era necessário para o fim-de-semana de campismo e caminhada no Pinnacles National Monument.

Agarrei-me ao volante e fui para São Francisco. Faltavam 25 minutos para a hora combinada, mas mais vale cedo... Isso é que era bom, porque logo a seguir à subida que antecede o túnel da 101 antes da Golden Gate, estava o trânsito parado... Até à portagem do outro lado da ponte. Ia chegar atrasado, mas o mais grave é que não tinha música porque me tinha esquecido do painel do auto-rádio em casa da RM&P.

Assim que cheguei a casa da RM&P, a Rita e a Mónica desceram e pusemo-nos a caminho de um fim-de-semana diferente de todos que passámos até agora, desde que chegámos à Califórnia. Mas, a verdade é que tentamos que todos os fins-de-semana sejam diferentes, para compensar as semanas que são sempre muito iguais.

101 até à saída para a 280, daí sair na 85... Mas enganámo-nos e fomos parar a Palo Alto. Estávamos perdidos no coração do Silicon Valley. Netscape e Anderson Consulting foram algumas das empresas por que passámos quando nos dirigíamos para a baía de encontro à 101, de novo. A partir daí não nos perdemos mais... 101 até Hollister e depois era seguir a 25 até ao parque de campismo.

Chegámos ao parque cerca das 22h. O ar já cheirava a verão e a calor, mas havia também o cheiro a gado no ar... Isso misturado com o facto de haver alguns pântanos no parque, dava uma solução algo explosiva e produtora de insectos incomodativos. Nada de grave para quem vive em Aveiro há 10 anos e já está imune, mas a R&M não se sentiram muito confortáveis quando parámos no portão do parque e sai de dentro da cabina um tipo rodeado de borboletas e mosquitos por todo o lado. A Mónica deu-lhe o nome de homem-borbulha... Não sei como é que é possível trabalhar naquelas condições. A luz atrai tudo quanto é insecto e ele fecha-se lá dentro com a bicharada... Fetiches!!!!!!

Fomos directos ao alvéolo da Rachel, a colega da Rita que organizou o acampamento e a caminhada do dia seguinte. Já estava tudo um bocado alegre, mas a Rachel foi-nos ajudar a montar as tendas... Ainda bem que levámos duas tendas, porque no dia seguinte o calor ia apertar e três numa tenda é dose.

A Rachel em vez de ajudar, só se ria e tentava destruir a própria tenda dela... É o vinho, senhores! Mas lá conseguimos montar as duas tendas às escuras, apesar de não haver nada para espetar as espias e da Rachel a desajudar.

À porta da casa de banho estava um letreiro que mostrava um Javali sorridente e que dizia que os havia por ali e que portanto que ninguém deixasse comida dentro das tendas e os alimentasse. Mais um ponto a favor, a juntar aos mosquitos e que mostrava que iria ser um fim-de-semana de arrasar.

Não sei se repararam mas não vos contei como foi o nosso jantar. Porque ainda não o tínhamos feito. Pensámos fazê-lo antes de chegar ao parque, mas a terra que julgávamos existir entre Hollister e o parque, não existia. Em vez disso apreciámos um fantástico nascer da lua, todo o caminho... Mas isso não nos enche a barriga, pelo que devorámos o pão que tinha levado para a caminhada e uma garrafinha de Charamba, que os nosso novos amigos adoraram.

Estivemos ali um bocado na conversa, mas o cansaço começou a bater e decidimos ir dormir... Deitámo-nos mas ainda estivemos um bocado na conversa, a rir-nos dos nosso vizinhos e a apreciar o céu que estava estrelado, apesar da luz da lua cheia que não nos deixava ver metade das estrelas. Mas podíamos imaginá-las.



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