Pelos vistos na crónica 81, de sábado
passado, disse que é proibido fumar em recintos fumados
na Califórnia. O que não foge muito da verdade, mas
a verdade mesmo é que é proibido fumar em recintos
fechados, e mesmo em alguns espaços abertos, como no Campus
da Universidade de Berkeley. (Obrigado Carlos pela correcção)
Mas vamos à crónica desta semana,
não sei como mas consegui apanhar o ritmo das crónicas
novamente... Até ao verão, aí vai ser difícil...
Segunda-feira, 8 de Maio de 2000
Depois das aventuras da noite anterior, acordar
foi um sacrifício, embora tivesse me deitado cedo, mas a
chuva que apanhei, as corridas e o nervoso fizeram com que estivesse
mais cansado e agitado que o costume. Acordei cansado e tarde,
mas ainda estive na conversa no ICQ com a Raquel Soares no Chile...
Um beijinho!
Saí tarde e aproveitei o facto de ter o bólide
da Mariana (tenho que lhe arranjar um nome. Alguém tem sugestões?)
aqui e fui nele para o escritório, uma vez que tinha gasolina.
No fim do dia o Jesse veio-me pedir se eu podia
lhe devolver a lixadora mecânica, que me tinha emprestado
para lixar a bicicleta dele. Como se eu alguma vez a tivesse utilizado.
Aquilo não dá jeito nenhum nas curvas do quadro...
Combinámos, que ele passava em minha casa para ir buscar
depois do trabalho.
Cheguei a casa agarrei nas ferramentas e fui tentar
abrir o capot do bólide da Mariana, porque a luz do óleo
andava constantemente a acender. Quando ia a descer as escadas
chegou o Jesse com umas 12 Guiness na mão. Abrimos uma para
cada um e abri o capot com uma chave de fendas, porque o cabo estava
rebentado. Mas o símbolo da VW caiu... Estava colado, e
deixou de estar.
Nem estava muito mal de óleo, para estar
sempre a acender a luz, porque nem tinha chegado ao mínimo.
Pior estava a água do radiador... Com água em pó!!!!
Entrámos e estivemos na conversa, a beber
umas Guiness ao som do primeiro álbum dos Lamb. Falámos
do pessoal da EAI, do filho dele e da ex-mulher... Quando ele saiu
já tinha mamado três Guiness.
Jantei uma costeleta e como sobremesa uns pêssegos
em calda com chocolate liquido. Os piores pêssegos em calda
que alguma vez comi...
Terça-feira, 9 de Maio de 2000
Acordei uma hora mais tarde que o normal, para ver
se recuperava. Mas, em vez disso acordei mais cansado. Liguei a
televisão, que é coisa que não costumo fazer
de manhã, mas estive a ver um programa em que as pessoas
vão lá para expor o facto de que são enganadas
pelos amantes. Um dos casos era de um casal de lésbicas,
em que uma delas enganava a outra com um puto que ela tomava conta
e que jogava na PlayStation da outra... Já lhe ouvi chamar
muita coisa, mas PlayStation, foi a primeira vez.
Outro dos casos era de um tipo, que andava com uma
tipa que conheceu num bar e que ao fim de uns meses descobriu que
ela era um ele. E no entretanto, o melhor amigo dela, que lhe tinha
dito que afinal ela era ele, era o novo amante dele. Assim que
o novo amante entrou na sala, a tipa (que era tipo) disse "Um maricas?"...
Foi de rir!!! Mas, o melhor foi o júri final, que dá um
parecer sobre as relações, dizer que o melhor era
eles andarem os três uns com os outros, porque, com aquele
comportamento, eles são um perigo para a sociedade. Welcome
to America!!!!
Peguei na Vaynessa, que já tinha saudades
minhas e fui para o escritório. Tenho que começar
a andar a sério, agora que está melhor tempo...
Quando voltei a casa, resolvi fazer alguma coisa
pelo bólide da Mariana para ver se ainda andava mais uns
quilómetros valentes. Roubei um cabo da bicicleta do Jesse,
que vão ser substituídos, e coloquei-o de maneira
a conseguir abrir o capot do interior do carro. Colei o espelho
retrovisor, que andava debaixo de um banco, com a cola que a Mariana
já devia de ter há uns tempos guardada para o efeito.
Enchi o depósito de água do radiador. Tive que pôr
lá 2 litros de água para que chegasse ao nível
mínimo indicado. Ainda encontrei uma cola tudo nas coisas
do Singh e colei o símbolo da VW que tinha caído
no dia anterior. Está quase um carro novo... E pronto para
as curvas.
Voltei à bicicleta do Jesse. Acabei de a
lixar e estava pronta a levar com tinta...
Quarta-feira, 10 de Maio de 2000
Fui testar o símbolo da VW e estava colado...
Fantástico! Merecia um teste de estrada até ao escritório.
Prova superada!
Ao fim do dia, quando estava a digitalizar as imagens
que vos enviei, apareceu o Mike e o Ben a convidarem para ir jogar
matrecos. Fiquei eu e o Darren, um tipo que está como contratado
e que já se despediu duas vezes da EAI e que voltou sempre,
contra o Mike e o Ben. O Mike joga bem, mas o Darren é do
género bola para a frente e força. Mas, o pior é que
não defende as bolas do adversário e como era eu
que estava à baliza... Mas também o Ben é pior
que ele e mamava um golo de cada vez que eu fazia a roleta com
o guarda-redes. Já chamavam ao remate do guarda-redes "that
weird thing" quando lhes expliquei que se chamava Roleta. Ganhámos!!!
Quando cheguei a casa, dei a primeira de mão
na bicicleta do Jesse... Notam-se as marcas da lixa.
Quinta-feira, 11 de Maio de 2000
Fui na Vaynessa para o escritório. Então
ando a dizer que tenho que fazer exercício e por ter aqui
o bólide dou-me ao luxo de andar de cu tremido. Não,
contrariei a minha vontade e fui na linda montada. E com o dia
bonito, que estava hoje, até era um crime não levar
a Vaynessa a passear.
À hora do almoço fui ao banco e aproveitei
para almoçar uma comidinha tradicional americana no KFC.
Uma maravilha que ainda só tive duas oportunidades de comer
desde que estou em terras do Tio Sam.
Ao fim do dia, apareceu o ensonado do Ben, que tinha
cara de quem saiu na noite anterior, para irmos jogar matrecos.
Juntou-se o Owen e o Sri. Eu e o Owen contra o Sri e o Ben... Tivemos
que trocar, quando ao segundo jogo lhe demos 10-1. Depois fiquei
com o Sri e ganhámos um jogo cada um, até que o Owen
foi substituído pelo Mike e a coisa virou para o lado deles.
O Mike, aquele de origem italiana com nariz grande e que anda sempre
de meias, até se descalçou para jogar matrecos... É um
pró!
Quando cheguei a casa, dei a segunda de mão
na bicicleta do Jesse. Amanhã ou domingo, fica pronta para
levar com as peças.
Resolvi cozinhar algo de tradicional. Umas migas
de peixe... Muito tradicional, quando aqui o único peixe
que se arranja é Salmão, Truta e Atum... Pronto,
foram umas migas de Salmão, um prato muito comum em Trás-os-Montes,
principalmente no Alto Douro onde o Salmão cresce ao lado
das videiras. Mas, pronto, estava um bocado insosso, mas com o
sal da tanga que estes tipos têm não é de surpreender.
Mas, estava bom e até abri uma garrafa de Charamba para
acompanhar a refeição com um copo de vinho tinto.
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