Apanhei o 20 na Van Ness até à praça da portagem, para aí apanhar o 30 até Manzanita, onde fica o meu escritório. O condutor da camioneta sugeriu que seguisse até Sausalito e aí apanhasse o 10, mas a viagem era mais longa e não me apetecia. Azar, como de costume o 30 chegou atrasado... Mas mesmo assim cheguei ao escritório às 10h30m, não muito tarde.

Quando liguei o PC, tinha duas mensagens no mail interno da EAI. Uma do Ken, que no entretanto tinha chegado, e outra do Ian. Ambos a pedirem-me para mostrar de novo os problemas do sistema de controlo de movimento do VisConcept. Pelos vistos o Ken andou a chatear o Ian, porque quando eu lho mostrei ele não ligou muito.

Nem tomei pequeno-almoço, fui falar com o Ken. Em dois tempos estava com o Ian e o Vikram, o responsável pela implementação do sistema de controlo de movimento, num cubículo, a mostrar o que de mal existe naquilo. O Ian passou o tempo todo a duvidar do que eu dizia, até que no fim já só dizia piadas como que a querer desculpar-se. O Vikram foi muito mais inteligente e sabia que erros é o mais normal numa aplicação nova... E que o meu trabalho é encontrá-los. Saí dali de peito cheio. Ri melhor quem ri por fim.

No fim do dia, combinei com o Ben ir-me buscar a casa para irmos tentar a porta do "Justice League" para ver se havia bilhetes para os Smith & Mighty. A Rita e a Mónica, desistiram de ir, por causa do trabalho do ICEP.

Quando chegámos a Divisadero, e depois de duas voltas aos quarteirões para estacionar, demos com o "Justice League" fechado. Estava outro tipo a chegar e descobriu a campaínha. Tocámos. Veio um tipo à porta, para nos dizer que o concerto tinha sido anulado... Caímos em cima do tipo com protestos, e ele sem hesitar virou costas e disse que estava numa reunião. Não me vêem lá tão cedo...

Pronto! Desiludidos, decidimos ir jantar. O Ben também não ganha muito, mas ganha quase o dobro de mim, mas com o carro e a casa que tem, tem o dobro das despesas, pelo que um sítio barato servia aos dois. Fomos jantar a Haight com Ashbury, que à noite tem quase tanto movimento como de manhã, quase nenhum. Mas mesmo assim, arranjar estacionamento foi uma dor de cabeça.

Andámos um bocado, mas arranjar sítio para jantar estava difícil e acabámos por entrar num restaurante árabe. Sentámo-nos numa mesa vaga, que pelos vistos as pessoas que estavam à espera de mesa, não gostavam. Começámos a comer, umas coisas que sabiam a comida portuguesa, mas que não conseguia ver, por causa da falta de luz dentro do restaurante. De repente é anunciada a dançarina de ventre, começa uma música semi-árabe-semi-brasileira e entra uma "árabe" loira e com um ventre que saia dos lados da saia e que abanava ao som da música. Era suposto dar uma gorjeta, mas eu não gostei muito do espectáculo. Digamos que os americanos têm a mania que conseguem imitar os outros povos e que conseguem recriar os costumes desses povos, mas fazem-no de uma maneira tão americanizada e sem qualquer tipo de esforço em fazer uma reprodução válida, que fico com a sensação que me estão a querer enganar.

Ainda era cedo e resolvemos ir beber um copo, quando saímos do tasco da bailarina com barriga, que deve ser o significado para "Belly dancer", naquele sítio. O Ben sugeriu ir a Lombard. Eu não conheço nada para aqueles lados e não achava que houvesse muito, mas pronto eu não conheço nada.

O melhor foi descer as colinas em direcção à baía à noite... Mete medo, ver o carro da frente desaparecer de repente no que nos parece um desfiladeiro... Mas afinal é só uma estrada com uma inclinação acentuada.

Quando chegámos a Lombard com Fillmore, estava tudo fechado. E o que havia aberto tinha uma clientela para cima dos 40 anos. Lá perguntámos a uma empregada de uma pizzaria que usava um olho de vidro, mas que até nem era nada feia, onde ir e acabámos por ir a um tal "Comet Club". O tal Clube dos cometas era mesmo isso... Um bar/discoteca/clube de cometas, pois ninguém ficava lá muito tempo. Nem a empregada lá estava muito tempo, pois andava sempre fora e dentro, para ir fumar. Bebemos a cerveja, conversámos e fomos para casa.

Quinta-feira, 4 de Maio de 2000

Véspera de Sexta-feira. Não se passou nada de especial. Tirando o facto do pessoal estar a combinar ir a um parque de diversões... Mas não me apetecia, muito.

Além disso tinha prometido, lixar e pintar a bicicleta ao Jesse e a coitada estava na minha cave há quase duas semanas quase desmontada e eu ainda não tinha começado. Resolvi ficar em casa de fim-de-semana para ver se fazia alguma coisa na coitada.

No fim da tarde, olhei para os calções, sapatilhas e camisa de ciclismo e decidi ir para casa a dar o máximo na Vaynessa. Vesti-me a rigor e arrumei a roupa na mochila. Montei a nervosa Vaynessa e meti-me à estrada... Resolvi variar e fui pelo caminho pior, pelo Camino Real, que é uma estrada a subir, com quase dois quilómetros, mas com uma inclinação pouco acentuada e constante. Ultrapassei dois tipos que iam a subir nas suas lindas bicicletas de estrada com uma bolina e uma raiva, que eles devem ter pensado que eu era doido. Não era, mas estava... Fiz mais um quilómetro que o normal e demorei menos dez minutos.

Quando cheguei a casa, tomei banho, jantei e deitei-me a ver televisão, feliz por ter feito aquela subida.

Sexta-feira, 5 de Maio de 2000

Como todas as sextas-feiras, o trabalho é secundário e a quantidade de mails trocados na mailing list aumenta exponencialmente conforme se aproxima a hora de saída ou a hora da Friday Fest. Começou-se a combinar uma ida à casa do Benfica em San Jose, para ver o Sporting-Benfica, no dia seguinte. Comecei a ficar picado e a Mariana alinhou numa ida, desde que eu conduzisse... A menina não gosta de conduzir. Combinado!!!

O Ben e o Eric tinham combinado ir andar de bicicleta na hora do lanche, mas eu não me apetecia... E a eles também, não porque acabaram por ficar ali a beber umas cervejas e na conversa. Ficámos só homens no fim, e finalmente comecei a sentir-me parte do grupo. Já consigo acompanhar a conversa e falam comigo...

Quando voltei para casa, comecei a lixar a bicicleta do Jesse. A parte da frente ficou quase pronta a pintar... Mas a preguiça obrigou-me a parar, e fui jantar.

Deitei-me cedo, pois no dia seguinte esperava-me um dia de convívio em volta de um jogo de futebol, na casa do inimigo...