Domingo, 30 de Abril de 2000
Eu e o Tiago Sacchetti acordámos cedo, pois íamos
velejar com o Ken e mais um tal de Brian, e mais alguém.
O Tiago é cá dos meus, em 15 minutos estávamos
a sair de casa para ir tomar o pequeno-almoço, antes que
a camioneta, para Sausalito, chegasse.
Fomos a uma confeitaria, ou coisa parecida, com
Muffins, Bagels e Donuts, e sentámo-nos a beber o café e
um bolo, quando vimos a camioneta passar. O Tiago ainda correu,
mas o camelo do motorista simplesmente não foi amigo...
Acabámos de tomar o pequeno-almoço.
Apanhámos a próxima camioneta, que
não parava mesmo no centro de Sausalito, mas sim na 101,
no cimo da encosta, o que significava que ainda tínhamos
que andar, mas era a descer e nós estávamos com tempo...
Ainda parámos para comprar as habituais cervejas e mesmo
assim chegámos primeiro que o Brian.
O Brian não se parecia nada com o Buian do
filme dos Monty Python... Este tinha cabelo encaracolado, escuro
e pelos ombros, usava dois brincos no mesmo furo e era um tipo
porreiro. O outro passageiro era a mulher do Brian, uma típica
mulher de meia idade, a dar a impressão de não dever
muito à inteligência, mas o Brian também não.
Lá partimos, para o dia de abertura da baía.
Já tínhamos falhado a benção dos barcos,
mas estava um ventinho excelente para o velejo. A baía estava
cheia de barcos de todos os tamanhos e feitios... Até um
Navio escola Indonésio, de três mastros e cheio de
miúdos a tocar tambores. Eu e o Tiago ainda sugerimos fazer
uma abordagem e fazer valer o nosso poderio. Mas este não
era muito num veleiro de um só mastro e então rumámos à Golden
Gate de mansinho, como se nem sequer soubéssemos quem eles
eram.
Passámos a Golden Gate e fomos para o mar.
Eu estava a ficar um bocado enjoado. Comi muito à pressa
e a ondulação estava forte. O Tiago foi para a proa
do Bliss (acho que nunca disse o nome do veleiro do Ken) e eu estive
lá na frente na conversa, a fixar o horizonte e a curtir
as ondas de metro e meio, até que o enjoo se foi.
Estávamos mesmo já fora da boca da
Golden Gate, e só se viam alforrecas a boiar na água.
Virámos de maneira que o vento só nos levava devagar
e estávamos ali a passear devagarinho. Já conseguíamos
ver a Ocean Beach, o Golden Gate Park e a Cliff House... E ali
fomos ficando durante quase uma hora, sem dar conta que o tempo
passava.
Voltámos em direcção à Golden
Gate, mas sempre quase de frente ao vento e portanto muito devagar.
Tão devagar que as ondas ultrapassavam-nos... Uma sensação
esquisita e difícil de controlar quando se está ao
leme e se quer ir a direito.
Demorámos sem exagero, mais de uma hora,
ali na conversa e a navegar em direcção à Golden
Gate. Eu estava ao leme e quase que adormecia... Dei o leme ao
Tiago e fui-me sentar numa cadeira da borda falsa a dormitar, tal
era o baloiçar do berço. O Ken veio-me perguntar
se estava bem, porque parecia muito relaxado... Respondi-lhe que
estava mesmo bem e relaxado... Que bem que se estava ali...
Quando voltámos a entrar na baía já não
estavam lá nem metade dos veleiros que tínhamos visto
da primeira vez. O que até era bom para treinar umas manobras...
O que nos fez perder muito tempo na última regata.
Rumámos à primeira marca da regata,
a que marcava a partida e chegada. O Ken no leme, eu na giba e
o Tiago na vela principal. À ordem de comando do Ken, o
Tiago puxava a vela principal até meio do barco e largava
para ela voltar à posição contrária
a de partida, enquanto eu puxava a giba de bombordo para estibordo.
Lindo!!! Eu não consegui ver a manobra, porque estava dentro
do veleiro e ocupado, mas dava para ver nas marcas na água
que a viragem tinha sido rápida... Deixámos rasto.
Voltámos a repetir, e fizemos melhor... Ao fim de cinco
tentativas estávamos uns verdadeiros prós...
Mas ainda era cedo. E a vontade de ir trabalhar
era pouca... Lembram-se que eu ia trabalhar no Domingo? Pois é...
Numa véspera do dia do trabalhador e domingo, eu ia trabalhar...
Depois digam que é só rosas.
Assim, fomos ainda dar uma volta até à Angel
Island... E por fim, voltámos para Sausalito. Arrumámos
tudo... Eu, o Tiago e o Ken, porque o Brian e esposa, nem mexeram
uma palha... Como quase durante o passeio todo... Mas pronto, só goza
quem faz alguma coisa, é a minha opinião.
O Brian e esposa foram-se e eu fui levar o Tiago à camioneta
enquanto o Ken dava um banho ao Bliss, para lhe tirar o sal das
ondas que lhe entraram pela proa adentro. Eu e o Tiago parecíamos
uns pimentos. Estava habituado a ir velejar à tarde, mas
desta vez saímos às 10h30m da manhã e andámos
até quase às 5h da tarde, sem protector solar...
Estávamos vermelhos que nem uns tomates.
Quando voltei ao Bliss, o Ken estava pronto e fomos
para o escritório. E também estava queimado...
Quando chegámos ao escritório é que
vi o estado em que estava a minha cara. Principalmente a testa.
Todos que me viram perguntavam o que é que eu estava ali
a fazer e porque é que estava queimado...
O pessoal do desenvolvimento foi saindo e fui fazer
os teste de aceitação à nova versão
do VisConcept. Digamos que tentei pôr um carro a andar e
não consegui. Apliquei um movimento rotacional, em torno
do eixo do xis, às rodas, seguido de um movimento translacional,
no sentido contrário ao eixo dos zês, ao conjunto
completo do modelo do automóvel. Quando resolvi ver a apresentação
virtual do movimento do carro... O carro andava na direcção
certa, mas as rodas ficavam a rodar sobre um eixo diferente dos
xis no ponto inicial da trajectória... Chamei o Ken e mostrei-lhe.
Ele já se estava a passar, porque a apresentação
dele estava a dar resultados imprevisíveis.
Ele encomendou comida chinesa, jantámos às
6h30m da tarde... Depois de eu ter lanchado às 5h30m. Estes
americanos não existem, e até mesmo o Ken que é de
descendência portuguesa não aprendeu muito com os
nossos hábitos.
Ali ficámos a tentar dar cabo da coisa ainda
mais até quase às 10h da noite, hora em que o Ken
desistiu e se passou.
Pedi-lhe para me dar boleia até São
Francisco, pelo menos até uma paragem do Muni, porque ele
ainda tinha que ir fazer a mala para ir para Ames no Iowa, a sede
da empresa.
Eu tinha combinado com o resto da malta encontrar-me
com eles num restaurante chamado Cus Cus (segundo o Jaime) em Valencia
com a 16th. Lá consegui chegar, mas Cus Cus, só na
cabecinha do Jaime... Dei duas voltas ao quarteirão à procura
dos Cus Cus... E nada.
Até que vi um restaurante de crepes chamado
Ti-Cus... Era onde eles estavam.
O Tiago Sacchetti estava um verdadeiro pimento...
Feito eu!!!
Comi os restos dos crepes do pessoal, que não
tinha fome e ainda me deliciei com um belo crepe de chocolate branco...
Que fim de um domingo de trabalho fantástico. Está bem,
só trabalhei 5 horas, e velejei outras tantas, mas... Domingo é domingo.
E embora eu não me importe nada de trabalhar nestas ocasiões,
custa sempre.
Saímos dali e fomos para casa da RM&P.
O Tiago Sanches e o Nuno foram para Mountain View, o Jaime para
Modesto, e eu fiquei em casa da RM&P com o Tiago Sacchetti,
que decidiu ver mais um bocado da cidade no dia seguinte... Sob
minha orientação, porque eu pedi a primeira parte
da manhã.
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