SEGUNDA-FEIRA, 8 DE MAIO DE 2000 C77
A Rita - Fotografia de Rui Gonçalves

Sábado, 29 de Abril de 2000

Acordámos, cedo... Ou relativamente cedo, na confusão normal das dormidas em casa da RM&P. O Tiago Sacchetti habituado a acordar muito cedo e com a diferença de uma ou duas horas, depressa começou a mostrar sinais de inquietação... E resolvemos nos despachar, para que todo o tempo fosse bem passado.

Saímos, e para variar resolvemos tomar o pequeno almoço no Deli (Delicatessen - um género de mercearia com loja de conveniência que vende tudo a quase todas as horas) da esquina do prédio da casa da RM&P, além de que havia quem quisesse ir passear e ir ao Starbuck e voltar era muito doloroso aquela hora.

O Tiago Sanches resolveu começar a arranjar gente para ir passear ao Mt. Tamalpais, com ele, com a Sofia e com o Nuno... A Rita e a Mónica resolveram não ir, eu também não queria ir... Nas últimas semanas tinha lá ido três vezes e queria dar uma volta pela cidade. O Tiago Sacchetti estava indeciso... Entre visitar São Francisco ou ir visitar a área envolvente, mas mudou de ideias e resolveu ficar... O Nuno não ia servir de vela e deu a chave ao casalinho para irem passear.

No entretanto tinha-se juntado ao grupo a Helena Brito, que vinha a descer O'Farrell a dormir e que nós não deixámos fugir...

Descemos para o centro da cidade. Da primeira vez o Tiago viu muita coisa na cidade, mas não viu a cidade em si. Desta vez, deixei que as coisas fossem acontecendo e não arranjei nenhum programa em especial, para que ele sentisse mais um bocado as ruas e a vida da cidade. Estava bom tempo e fomos andando pelas ruas do Financial District, para irmos apanhar o Cable Car de California & Van Ness... Porque o de Powell e Hyde estava superlotado.

Mas quando lá chegámos, é que vimos que o Cable Car (http://www.sfcablecar.com/) não ia para Fisherman's Wharf, mas apenas para a Van Ness, e para ir para ali, mais valia não ter saído de casa... Pensámos!

Continuámos até Embarcadero, a marginal cá da cidade. Onde tem a minha fonte favorita e que já vos falei umas duas vezes. O Tiago como leitor assíduo das crónicas quando viu a fonte disse "Eu já conheço esta fonte"... Fiquei orgulhoso... Confesso que é bom saber que ainda há quem leia isto e que preste atenção, obrigado Tiago!!!

Aí apanhámos um dos fantásticos eléctricos do Flash Gordon (http://www.streetcar.org/) e fomos até a Fisherman's Wharf, seguindo a marginal os diferentes Pier até ao 39...

E pronto, fomos ver as vistas do ponto mais turístico da cidade... Desde a vista de Alcatraz e de Sausalito até aos famosos leões marinhos, que já vos falei da primeira vez que estive lá com a Cláudia. O Tiago estava fascinado com o vento e a água na baía... Com vontade de pegar numa prancha e uma vela e ir surfar.

Fomos almoçar uma sopa na bola de pão, também já muitas vezes falada aqui. Conseguimos sentarmo-nos todos numa minúscula mesa e conhecemos um grupo de portugueses que estavam ao nosso lado, não conversámos muito... Não sei porquê, mas cumprimentámo-nos quando chegámos e só na hora de irem embora é que resolveram perguntar alguma coisa... Está bem...

Saímos dali e resolvemos ir visitar a famosa rua Lombard, que tem mais curvas em 100 metros que qualquer estrada de quilómetros no Alentejo. Mas, não sem antes pararmos em todas as lojas de sapatos e roupa até sair da zona de Fisherman's Wharf, levados pela vontade gastadora do Tiago e da Mónica... E sem confessar, dos outros todos.

Quando chegámos a Lombard, depois de uma pequena subida da colina (ou não estivéssemos em São Francisco), olhámos e é como se víssemos algo que já todos viram... Não tem mais do que aquilo que vocês vêem nas fotografias, e aliás nas fotos até é mais bonito, porque os fotógrafos sabem lá ir quando há sol e está tudo florido... Mas é diferente porque os carros andam e tem-se a percepção das infinitas curvas.

Descemos e estávamos já muito próximos de North Beach. Os nomes das ruas já estavam em Italiano e haviam cafés e restaurantes italianos por todo o lado. Fomos beber um copo ao Vesuvio.

No entretanto passou por nós uma loira de cabelo curto e olhos azuis que chamou a atenção pela maneira como nos olhou... E só quando entrámos no Vesuvio é que nos apercebemos, que a loira era a empregada do bar.

Pedimos uma cerveja, e o Nuno resolveu pedir um copo de água, pedindo um pequeno copo de água, indicando com um normal gesto usando o polegar e o indicador que era pequeno... Ao que ela perguntou "Just that?"... O Nuno quando ela virou costas, ainda estava a fazer o tal gesto, e respondeu entre dentes, mas em português "É um bocado maior, se quiseres ver..."

Quando ela voltou o Nuno resolveu gozar com ela e pediu-lhe um porto, mas usando o mesmo gesto para indicar que era um cálice. Ela a gozar faz o gesto com as mãos de um T, para perguntar se era um Tawny que ele queria... Parecia a conversa de deficientes auditivos. E nós só nos riamos...

Quando ela veio receber, despediu-se com o mesmo gesto do Nuno, a dizer "Thank You"... Não percebi se achou a gorjeta pequena ou se o agradecimento é que era pequeno...

Ficámos por ali na conversa um bom bocado. Gosto mais do Vesuvio quando está escuro na rua, porque é um bar para o escuro e com o sol que estava lá fora, parecia um bocado desperdício estar ali... Mas nada é desperdício se bem aproveitado, e é sempre bom estar entre amigos na conversa.

Depois resolvemos ir passear para as lojas. A atitude consumista de alguns e a vontade de passear de outros levou-nos dali até ao centro... Aí separámo-nos, homens para um lado e mulheres para outro. E andámos a ver os saldos, que por aqui existem todo o ano. Mas não vos vou contar muito sobre isso, porque já chega a seca que apanhei.

Combinámos encontrar-nos em casa e assim foi... O Tiago e a Sofia, chegaram no entretanto. Pelos vistos divertiram-se e passaram uns momentos porreiros juntos.

Fomos jantar ao Tailandés do costume e depois fomos ao Make-Out Room, onde tinhamos combinado nos encontrar com a Mafalda, Júlia e o Pedro. No entretanto apareceu o Juan e a Helena Franco já estava connosco desde o jantar... Digamos que o grupo estava bastante grande.

Ficámos quase até o bar fechar (2h da manhã) e voltámos no BMW do Juan para casa, que já tinha bebido para aí duas cervejas e se julgava o maior condutor do mundo. Como estes meninos se tocam com pouco...

Mas, lá acalmou e chegámos a casa da RM&P, inteiros.



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