Segunda-feira, 24 de Abril de 2000
Fui trabalhar apenas de manhã. Saí às
12h30m da tarde. Fazia planos de sair apenas às 2h da tarde,
mas como me andavam a adiar o trabalho, porque estava para sair
uma nova versão do VisConcept, saí mais cedo.
A Cláudia tinha a difícil tarefa de
arrumar tudo numa pequena mala e na mochila. Mas depois de alguma
persistência e de quase perca da paciência, tivemos
a brilhante ideia de usar a mega-mala que eu trouxe e depois ela
voltava com ela no verão... Lá se conseguiu pôr
tudo naquela malona. Engraçado como para cá veio
com 38 kg e agora, também cheia, levava apenas 20 e poucos.
Almoçámos e fomos tomar café ao
Centro Comercial em frente ao meu condomínio, já com
as malas no carro... O carro não fecha, mas quem é que
conseguia tirar de lá de dentro uma mala daquele tamanho?
Por volta das 3h da tarde pusemo-nos a caminho do
aeroporto, que fica a sul de São Francisco, o que para mim
implica atravessar a cidade. O trânsito não estava
muito mau... Nada que não seja normal... Pára, arranca
e em fila indiana até sair da cidade. Mas as indicações
são boas e depressa estávamos no aeroporto.
Check-in feito e fomos dar uma volta pelo aeroporto,
que diga-se de passagem não tem quase nada que se veja.
Mas andamos a passar a hora que faltava a cheirar perfumes e a
ver bebidas. Que mais se faz num aeroporto?
Depois chegou o momento difícil. A despedida.
Sabíamos que íamos estar sem nos ver, mais algum
tempo que as vezes anteriores. Mas também acho que desta
vez já sabemos suportar melhor a distância e já estamos
mais conformados com a situação. E também,
o tempo passa mais depressa na primavera que no inverno... Pelo
menos psicologicamente.
Ela foi. Há um momento que não me
vou esquecer tão cedo. Quando ela se virou para dar o último
aceno de despedida... Só o vou esquecer em Julho, quando
ela voltar.
Voltei ao carro e depois de andar um bom bocado à espera
de saber onde se pagava, lá consegui sair. Voltei para São
Francisco, com uma lágrima no canto do olho e com um aperto
no coração.
Ainda para piorar a situação estava
um trânsito enorme para entrar na cidade. Era a hora do pessoal
de Silicon Valley sair dos empregos e eu estava ali apanhado no
meio deles. Ai que bom é viver em Marin County e ir de bicicleta
para o trabalho... O que vale é que o estacionamento à porta
da casa da RM&P foi fácil.
Mas elas não estavam. Fiquei de lá ir
levar o carro, porque a Rita tinha pedido à Mariana o bólide
para poder levar o Paulo ao aeroporto.
Andei a vaguear pela zona e fui até ao centro.
Comi qualquer coisa, mas a disposição não
era das melhores. Eu não andava muito bem disposto ultimamente
e aquele dia não era dos mais felizes.
Ainda por cima, quando voltei a casa da RM&P,
a Rita diz-me que a Mariana lhe tinha dito que não dava
para lhe emprestar o carro, porque tinha cá uns amigos e
já lhe tinha prometido o bólide. Ou seja, bem que
podia já ter ido directo para casa da Mariana e estar a
caminho da minha casa.
Telefonei à Mariana para ver se estava em
casa. Convidou-me para jantar, assim como já me tinham convidado
a Sofia e o resto do pessoal, que estava em casa da RM&P, mas
não ia a casa da Mariana e fazer a desfeita à rapariga
e ainda voltar para baixo para ir jantar com eles. Alguém
tinha que ficar privado da minha presença, embora naquele
momento o que me apetecia era ir para casa e estar sozinho.
Mas ainda bem que não o fiz. Fui levar o
carro a casa da Mariana e conheci o Francisco e a Rita, e o filho
(que não me lembro o nome), um bebé amoroso mas rabugento
e tímido... Eu também não fiz muita questão
de brincar com o miúdo, porque o humor não era dos
melhores, então estive na conversa com a Mariana enquanto
ela, lentamente, cozinhava.
Digamos que jantámos à portuguesa.
Tarde!!! E eu a ver que não conseguia chegar a casa, porque
os autocarros são poucos àquela hora. Além
disso conversa puxa conversa e estávamos ali já em
amena cavaqueira, quando eu tive que me vir embora. Era meia noite.
Consegui chegar a casa por volta da 1h30m da manhã,
num autocarro carregado de Mexicanos e que me deixou a cerca de
500m de casa... Mas o piloto automático levou-me até casa.
Fazia três meses que vivo com o Singh.
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