C74 QUINTA-FEIRA, 4 DE MAIO DE 2000
Cláudia - Fotografia de Rui Gonçalves

Segunda-feira, 24 de Abril de 2000

Fui trabalhar apenas de manhã. Saí às 12h30m da tarde. Fazia planos de sair apenas às 2h da tarde, mas como me andavam a adiar o trabalho, porque estava para sair uma nova versão do VisConcept, saí mais cedo.

A Cláudia tinha a difícil tarefa de arrumar tudo numa pequena mala e na mochila. Mas depois de alguma persistência e de quase perca da paciência, tivemos a brilhante ideia de usar a mega-mala que eu trouxe e depois ela voltava com ela no verão... Lá se conseguiu pôr tudo naquela malona. Engraçado como para cá veio com 38 kg e agora, também cheia, levava apenas 20 e poucos.

Almoçámos e fomos tomar café ao Centro Comercial em frente ao meu condomínio, já com as malas no carro... O carro não fecha, mas quem é que conseguia tirar de lá de dentro uma mala daquele tamanho?

Por volta das 3h da tarde pusemo-nos a caminho do aeroporto, que fica a sul de São Francisco, o que para mim implica atravessar a cidade. O trânsito não estava muito mau... Nada que não seja normal... Pára, arranca e em fila indiana até sair da cidade. Mas as indicações são boas e depressa estávamos no aeroporto.

Check-in feito e fomos dar uma volta pelo aeroporto, que diga-se de passagem não tem quase nada que se veja. Mas andamos a passar a hora que faltava a cheirar perfumes e a ver bebidas. Que mais se faz num aeroporto?

Depois chegou o momento difícil. A despedida. Sabíamos que íamos estar sem nos ver, mais algum tempo que as vezes anteriores. Mas também acho que desta vez já sabemos suportar melhor a distância e já estamos mais conformados com a situação. E também, o tempo passa mais depressa na primavera que no inverno... Pelo menos psicologicamente.

Ela foi. Há um momento que não me vou esquecer tão cedo. Quando ela se virou para dar o último aceno de despedida... Só o vou esquecer em Julho, quando ela voltar.

Voltei ao carro e depois de andar um bom bocado à espera de saber onde se pagava, lá consegui sair. Voltei para São Francisco, com uma lágrima no canto do olho e com um aperto no coração.

Ainda para piorar a situação estava um trânsito enorme para entrar na cidade. Era a hora do pessoal de Silicon Valley sair dos empregos e eu estava ali apanhado no meio deles. Ai que bom é viver em Marin County e ir de bicicleta para o trabalho... O que vale é que o estacionamento à porta da casa da RM&P foi fácil.

Mas elas não estavam. Fiquei de lá ir levar o carro, porque a Rita tinha pedido à Mariana o bólide para poder levar o Paulo ao aeroporto.

Andei a vaguear pela zona e fui até ao centro. Comi qualquer coisa, mas a disposição não era das melhores. Eu não andava muito bem disposto ultimamente e aquele dia não era dos mais felizes.

Ainda por cima, quando voltei a casa da RM&P, a Rita diz-me que a Mariana lhe tinha dito que não dava para lhe emprestar o carro, porque tinha cá uns amigos e já lhe tinha prometido o bólide. Ou seja, bem que podia já ter ido directo para casa da Mariana e estar a caminho da minha casa.

Telefonei à Mariana para ver se estava em casa. Convidou-me para jantar, assim como já me tinham convidado a Sofia e o resto do pessoal, que estava em casa da RM&P, mas não ia a casa da Mariana e fazer a desfeita à rapariga e ainda voltar para baixo para ir jantar com eles. Alguém tinha que ficar privado da minha presença, embora naquele momento o que me apetecia era ir para casa e estar sozinho.

Mas ainda bem que não o fiz. Fui levar o carro a casa da Mariana e conheci o Francisco e a Rita, e o filho (que não me lembro o nome), um bebé amoroso mas rabugento e tímido... Eu também não fiz muita questão de brincar com o miúdo, porque o humor não era dos melhores, então estive na conversa com a Mariana enquanto ela, lentamente, cozinhava.

Digamos que jantámos à portuguesa. Tarde!!! E eu a ver que não conseguia chegar a casa, porque os autocarros são poucos àquela hora. Além disso conversa puxa conversa e estávamos ali já em amena cavaqueira, quando eu tive que me vir embora. Era meia noite.

Consegui chegar a casa por volta da 1h30m da manhã, num autocarro carregado de Mexicanos e que me deixou a cerca de 500m de casa... Mas o piloto automático levou-me até casa.

Fazia três meses que vivo com o Singh.



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