Na crónica de ontem esqueci-me de vos contar,
que quando íamos de Haight para casa da RM&P fomos apanhados
no meio de uma manifestação contra o banco mundial
e o FMI. Mas isso não tinha nada de especial, não
fosse o facto de haver mais polícia a fazer a segurança
da manifestação que pessoas na mesma. É impressionante
que no país, dito com liberdade de expressão, as
pessoas quando fazem manifestações sejam pressionadas
desta maneira e sejam confinadas ao seu espaço por uma quantidade
tão grande de polícia. Mas pronto, isto é a
América e vale tudo...
Terça-feira, 18 de Abril de 2000
A Cláudia voltou a acordar cedo e voltei
a acordar com a telha. É pena que seja assim, quando ela
está cá, mas que hei-de eu fazer. Tentar sorrir e
ir trabalhar.
Fui no carro da Mariana para o escritório.
O dia passou... Não querem que vos conte as histórias
de um normal dia de trabalho, pois não?
Às 5h saí e fui buscar a Cláudia
a Corte Madera. Tinha passado o dia nas compras, nos centros comerciais
da zona, mas sem muito dinheiro é difícil comprar
muita coisa. Mas sempre se divertiu a passear e ver montras.
Rumámos no bólide da Mariana. Um verdadeiro
carro, com motor e quatro rodas. Um Golf GTI com 75 mil milhas
marcadas no contador, que não funciona, pelo que deve ter
muito mais. Tem caixa de velocidades, o que é um luxo, para
mim. Mas o normal dispositivo que não permite meter a marcha
atrás sem intenção, não funciona e
a mesma é mesmo ao lado da primeira, pelo que tem que se
ter muito cuidado. Por acaso nunca troquei e nos últimos
dias já conseguia meter a primeira sem esforço. Mas
o melhor do carro era ser vermelho ferrari... Além de não
ter o smog test feito (aqui na Califórnia pode-se ter o
carro mais podre possível, mas não pode deitar fumo)
e não ter selo. Mas nada de grave.. A malta nem sabe as
leis rodoviárias locais.
Mas dizia eu que rumámos a Stinson Beach,
mas queria antes subir ao Mt.. Tamalpais. Assim, fomos ao topo
da maior montanha da zona que tem apenas e cerca de 770 metros
de altura mas que na zona da baía é qualquer coisa.
A estrada é sinuosa. Muito sinuosa. Mas a
vista de lá de cima compensa qualquer sacrifício.
Assim que começámos a entrar na montanha a vista
melhorava. De um lado o verde a perder de vista com o azul do Pacífico
ao fundo, do outro a baía. Atrás São Francisco
e à frente os três picos da montanha. Passámos
o primeiro pico (o pico oeste) que tem um observatório e
continuámos. Passámos o segundo pico (o pico do meio)
onde estão umas antenas e continuamos. E finalmente chegámos
ao terceiro pico (o pico leste) e o maior, que tem um posto de
observação de incêndios.
O parque de estacionamento é pago. $5 por
um estacionamento? Vão roubar para a estrada. Mas era suposto
ser um pagamento voluntário. Do género de se preencher
um envelope, enfiar lá $5 e metê-lo na caixa... Estes
tipos!!! Vai lá um tipo perceber isto... Mas alguém
em Portugal pagava algo voluntariamente? Eu fiz o mesmo... Não
me voluntariei...
Existem centenas de caminhos no monte, para caminhadas
e BTT, mas no pico existe um que dá a volta completa ao
morro. E fomos dar a volta e ver as vistas de todos os pontos da
montanha. A seguir ao Porto, esta é a melhor vista que se
pode ter de uma cidade, fora dela. Ainda por cima como tinha chovido
na véspera o céu estava limpo e não havia
o nevoeiro do costume... Lindo!!!
Descemos... Mas enganamo-nos na cortada e fomos
por uma estrada que segue os montes quase até Bolinas, junto
a Stinson Beach. Mas em vez de virarmos a Stinson Beach, voltámos
a enganar-nos e fomos para Fairfax que fica do lado da baía
(a leste dos montes que separam a baía do mar). Mas não
se perdeu nada, porque fomos visitar as vilas da região.
Parámos em San Anselmo e demos um passeio
junto ao Creek (ribeiro). San Anselmo tem um centro muito agradável
e fomos ficando a passear, até que a fome era maior que
a vontade de ir para casa e resolvemos jantar por ali.
Encontrámos um japonês interessante
e como já não comíamos num japonês desde
a nossa lua de mel, resolvemos matar saudades. E ter um jantar
mais romântico.
O restaurante para além de bastante acolhedor
era bom. Comemos Sushi e Tariaky, e duas Saphoro... Maravilha!
Dou muito mais bem gasto o dinheiro quando como bem e nem tenho
remorsos de gastar mais um bocado quando estou com a Cláudia.
Gostava de poder dar mais, mas num estágio nunca se fica
rico, principalmente num estágio em Marin County e com o
dólar a subir todos os dias (já subiu 17$00 por dólar
desde que cheguei, 8,5%).
Quando entrámos no carro a Cláudia
já dormia em pé...
Eu aproveitei para me deitar mais cedo, para ver
se não acordava com a telha no dia seguinte.
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