Quarta-feira, 19 de Abril de 2000
O dia de trabalho seguiu o normal, tirando o facto
do Ken ter chegado nesse dia de mais uma viagem a Detroit para
resolver problemas entre a EAI e a GM, por causa do VisConcept.
Nada de muito grave.
Às 5h saí e fui buscar a Cláudia
a Corte Madera. Mas ela não estava. Tinha ido dar uma volta
a São Francisco e ainda não tinha chegado. Quis ir
ver o Japan Centre.
Liguei a televisão e estive ali sentado,
quase a dormir, à espera dela. Comecei a ver um programa
sobre o Alasca e sobre os glaciares. O programa era apresentado
por um palerma americano tipo Mike do Herman que fazia aquelas
perguntas quase resposta, tipo "Os glaciares são gelo?" e "Temos
que usar os crampons para podermos andar no gelo, certo?". Mas,
até estava a gostar de estar ali sentado a ver televisão.
Era uma coisa que já não me lembrava de fazer há muito
tempo. Principalmente por ser um programa estúpido e não
me obrigar a pensar. É bom não pensar às vezes.
No entretanto a Cláudia chegou e saímos.
Desta vez fomos directos a Muir Beach. Parámos o carro no
parque de estacionamento da praia e fomos até perto da água.
O acesso à praia estava fechado porque a subida do ribeiro
tinha-o tornado intransitável. Mas a Cláudia é mais
teimosa que eu e tive que atravessar o ribeiro e andar na lama,
com umas lindas calças beijes, vestidas. O que vale é que
não me sujei e a vista compensou. Não estava um dia
muito quente e na praia até estava um bocado desagradável,
mas Muir Beach faz-me lembrar as praias da Costa Vicentina e isso
só me traz boas recordações.
Dali fomos para Stinson Beach. Acho que já disse
isto, mas não fica mal repetir-me (eu sou mesmo assim),
mas a estrada que segue pelo cimo da falésia faz-me lembrar
a costa norte da ilha da Madeira. Lindo!!! Só faltam o véu
da Freira e a escarpa ser mais acentuada. Digamos que também
me faz lembrar a estrada que vai do Porto até Entre-os-Rios,
junto ao Douro, com aquelas curvas todas.
Quando chegámos a Stinson Beach estava a
ficar muito frio, mas ainda demos uma voltita pela praia. Não
fomos muito longe e o pôr-do-sol não se apresentava
famoso, pelo que decidimos continuar para norte e ver mais alguma
coisa. A ideia era cortar na estrada para Fairfax que tínhamos
feito no dia anterior, mas... Já sabem, falhámos!!!
Passámos pela Lagoa de Bolinas, que estava
quase seca com a maré baixa e viam-se os leões-marinhos
(há quem lhes chame elefantes-marinhos, mas para mim são
leões, ou não fosse eu do Sporting), as garças
e os mergulhões, que nos reflexos vermelho-laranjas do pôr-do-sol
pareciam uns seres completamente diferentes e mais bonitos.
Depois entrámos no vale da falha de S. André,
passámos da placa tectónica americana para a placa
do pacífico e voltamos a cruzar a falha quando passávamos
junto a um café que se chamava Epicenter. Nome muito sugestivo
para a zona, uma vez que o epicentro do maior terramoto (1906)
que há história na região, foi ali mesmo a
cerca de 200 metros. Antes passámos por quintas de criação
de gado e por veados, num verde a perder de vista. Estávamos
no parque de Point Reyes National Seashore.
Aí não falhámos e apanhamos
a estrada correcta e fomos para casa. A vontade de cozinhar não
era muita e estava a dar o "Party of Five" (não sei o nome
em Portugal, mas vocês sabem... Aquela série de cinco
irmãos que ficam órfãos e são criados
pelo irmão mais velho) que está no fim e que se passa
em São Francisco. Comemos uma pizza com umas cervejinhas
e estávamos prontos para dormir.
Quinta-feira, 20 de Abril de 2000
O dia seguiu a normalidade. Fui almoçar a
casa, como foi hábito nos últimos dois dias, mas
que tinha-me esquecido de vos dizer. Mas também não
tenho que vos contar tudo...
Combinei encontrar-me com a Cláudia ao fim
do dia em São Francisco, em casa da RM&P, para irmos
com o Ben a um concerto no The Great American Music Hall, que fica
lá mesmo em frente. A Rita ficou de comprar bilhetes para
os três, para irmos ver os Mouse on Mars, uma banda de música
de dança drum´n´bass alemã.
Combinei com o Ben ele ir buscar-me a minha casa,
mas esqueci-me que não tinha chave. A Cláudia andava
com ela e eu andava sem cabeça... Telefonei-lhe para me
apanhar ali perto do telefone público no centro de Corte
Madera.
Quando chegámos, a casa da RM&P, a Cláudia
ainda não tinha chegado e a Rita deu-nos a infeliz notícia
que não havia bilhetes. Pronto... Já andávamos
a falar em ir ao concerto há umas semanas, mas só decidimos
comprar os bilhetes na véspera. Como a Rita não recebeu
a mensagem a tempo, só podia comprá-los no dia do
concerto. E nesse dia esgotaram.
Ficámos ali na conversa, porque o Ben ainda
não as conhecia e vice-versa. No entretanto chegou a Cláudia
e fomos comprar uns burritos na esquina e jantámos.
Mas já que estávamos na cidade, não íamos
embora sem ir beber um copo a qualquer lado e de preferência
um que eu não conhecesse e melhor que aqueles que conheço
(excepção feita ao Make-out Room e o The Fillmore).
A Rita e a Mónica iam ao aeroporto buscar o Paulo que vinha
do Texas passar o fim-de-semana e a Patrícia tinha a caixa
que mudou o mundo à frente e ninguém a tirava dali.
Fomos para Mission ao Elbo Room. É um normal
pub género britânico, não fossem os empregados
serem rastahs. O bar é um bocado escuro e ao comprido. Quando
se entra tem uma caixa ATM do lado esquerdo (Sim! Caixas ATMs nos
bares, existem por aqui...) e do lado direito tem duas mesas e
um banco de madeira corrido num patamar um pouco mais alto que
o corredor que leva à casa de banho. Em frente há um
corredor que leva ao fundo do bar, onde se encontra uma mesa de
bilhar, sempre ocupada. Neste corredor, temos um balcão
do lado direito e do lado esquerdo, num nível mais elevado
e com um pequeno parapeito, uma série de mesas e cadeiras.
Muito agradável para uma conversa à volta da cerveja.
Ficámos ali os três na conversa, até que
os copos se esvaziaram e a vontade de dormir atacou.
O Ben levou-nos a casa e ainda bem que se foi embora
antes de a Cláudia descobrir que tinha fechado a porta da
rua com as chaves lá dentro. A estupidez é minha
que já devia ter feito umas cópias, mas a minha preocupação
era se a porta do quarto estava trancada com as chaves lá dentro.
Porque entrar no apartamento não me assustava, o Singh estava
a chegar do cinema.
A Cláudia deitou-se no carro e adormeceu.
O Singh chegou 5 minutos depois. Entrámos e a porta do quarto
estava aberta. Uff! Salvos... E a dormir.
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