Quinta-feira, 30 de Março de 2000
Como vos disse na última crónica,
na quinta houve um BBQ de despedida do Tom, o director da área
de negócios da Sense8 no escritório da EAI de Mill
Valley.
Assim, cerca das 14h30m saí do escritório
depois de ter estado a manhã na minha incessante busca de
bugs. Fui na Vaynessa, até ao Pier Park de Larkspur, que
como o nome diz é o parque do cais da povoação.
Larkspur é a primeira povoação a norte de
Corte Madera, onde eu vivo, e fica a cerca de 4 km da minha casa,
pelo que os cerca de 11 km do escritório até ao parque
fizeram-se bem, mesmo sem ter almoçado, uma vez que não
ia desperdiçar um verdadeiro barbecue à americana.
O dia estava quente, um prenúncio do que
poderia ser o fim-de-semana. E a viagem ao pedal da Vaynessa foi
agradável, embora fizesse com que a mochila ficasse um bocado
quente nas costas.
O Floyd ainda me ofereceu boleia na sua Harley Davidson,
mas eu queria levar a Vaynessa comigo ao BBQ... Ele ainda sugeriu
que eu a levasse às costas, mas não me pareceu que
andar de mota com uma bicicleta às costas na auto-estrada
fosse uma boa opção.
Quando cheguei o pessoal pensou que eu tinha vindo
na Vaynessa porque ninguém me tinha oferecido boleia e alguns
ficaram um bocado atrapalhados com a ideia, mas eu dei uma de que
com a boleia deles mais valia vir na minha querida montada. Mas
o pessoal viu logo que estava a brincar.
O parque era porreiro. Mesmo ao lado da esquadra
da polícia e com um campo de volley, com rede e areia...
Com aquele calor até parecia a praia.
O lume já ardia em dois grelhadores. Estes
tipos não usam carvão, usam um género de carvão
sintético muito fácil de pegar fogo e que arde lentamente,
mesmo o género de coisa que se deve ter num grelhador, mas
com um cheiro a petróleo... Mas isso não foi entrave
a que eu comesse uns cachorros e uns hambúrgueres, acompanhados
por umas cervejas e um vinho tinto. As bebidas depressa desapareceram...
Segundo o Jesse, porque só 5 pessoas é que o avisaram
que iam e apareceram para aí uns 17 ou mais.
Enquanto eu conversava com alguns colegas junto
aos grelhadores, o Ken conseguiu criar duas equipas e começar
um jogo de volley. No entretanto chegou o Erik vestido com calções
de ciclismo e t-shirt, com o filho de três anos pela mão
e a filha com alguns meses ao colo. Óbvio que não
tinha vindo com os putos na bicicleta, mas tinha ido de bicicleta
até ao infantário, onde apanhou o carro e os filhos. É surpreendente
ver uma coisa assim em Portugal, mas ele sai de casa cerca das
7h30m deixa os putos no infantário, agarra a bicicleta que
leva no carro que fica lá e vem para o escritório,
todos os dias. A mulher dele chegou cerca de vinte minutos depois
numa bicicleta de estrada Cannondale e foi jogar volley enquanto
ele tomava conta das crianças... Isto é que não
era possível em Portugal.
A tarde passou devagar. Estive a ver e a rir-me
com os jogos de volley que se repetiam e deitado na relva a tarde
toda. Eu nunca fui muito bom a jogar nenhum desporto e não
estava nos meus dias de boa disposição... Se calhar
estava era com vergonha. Mas pior que a Uma a jogar volley, eu
não podia ser...
Lá para as 19h30m já a noite caía
e frio de um fim de tarde de Março expulsou-nos do parque.
Eu fui para casa na minha Vaynessa...
Quando cheguei a casa estava com aquele cansaço
de fim de tarde e cheio de sono, pelo que resolvi ligar a televisão
do quarto e ver o "Cable Guy" com o Jim Carrey. Mas o sono era
mais que a vontade de aturar as palhaçadas do tipo... E
adormeci às 20h30m.
À 1h30m acordei como se já tivesse
dormido tudo. Claro!!! Habituado a dormir pouco o meu relógio
biológico decidiu despertar que eram horas de ir trabalhar.
Li, vi televisão, respondi a uns e-mails, voltei a ler,
bebi um copo de leite, voltei a ler e cerca das 3h da manhã o
sono voltou...
Sexta-feira, 31 de Março de 2000
Acordei atordoado com a troca dos sonos. E andei
na lua o dia todo.
Não descansei enquanto não limpei
uma janela de opções do VisConcept à procura
de bugs. Às 4h30m quando saí já tinha chegado
aos 72 bugs. O record da empresa...
Fui a casa, pousei a Vaynessa nos arrumos, arranjei
o saco e fui para San Francisco.
Cheguei às 19h a casa da RM&P e surpreendentemente
a campainha não estava ocupada... Pois não! Não
estava ninguém em casa... Fui dar uma volta e quando dou à esquina
encontro a Rita de fato de treino depois de uma corrida no tapete
do ginásio. A Mónica arranjou uns cartões
de acesso limitado ao Fitness em Van Ness e agora é até acabar...
A Mónica chegou mais tarde com a Ana, uma
amiga finlandesa. Verdadeiramente finlandesa, loira e magríssima.
A Mónica estava toda excitada para ir à Poly-Esther
(www.polyesthers.com),
a discoteca que fica a quatro blocos de casa delas e que tem música
dos anos 80. Um colega dela combinou encontrar-se com ela por lá...
Pois é! Jantámos e lá fomos à Poly-Esther...
A correr porque se entrássemos antes das 22h30m não
pagávamos.
Pois é! Não pagávamos? Mas
pagámos... Menos que do que é normal, mas nada que
justificasse o facto de estar numa discoteca às 22h30m.
Ainda por cima, a música era no mínimo má,
apesar do ambiente não ser mau de todo, mesmo que a dar
para o vazio.
Eu como estava com os sonos trocados, depressa me
cansei de lá estar e por volta da meia noite e meia fui
dormir para casa. A Rita também se veio embora.
A Mónica e a Ana ficaram por lá até cerca
das 3h da manhã, quando o colega dela foi expulso da discoteca
e quando o Juan estava prestes a criar uma cena de pancadaria com
uns vizinhos que dançavam mais à larga. Uma verdadeira
feira...
O calor era tanto que eu me deitei de janela aberta,
apesar do barulho da rua. Mas a Mónica quando chegou conseguiu
fechá-la mesmo que o prédio corresse alguns riscos
de derrocada por causa disso, tal foi a brutalidade do acto que
me fez acordar.
|