SEGUNDA-FEIRA, 3 DE ABRIL DE 2000 C57
Mónica - Fotografia de Mário Nunes

Quinta-feira, 30 de Março de 2000

Como vos disse na última crónica, na quinta houve um BBQ de despedida do Tom, o director da área de negócios da Sense8 no escritório da EAI de Mill Valley.

Assim, cerca das 14h30m saí do escritório depois de ter estado a manhã na minha incessante busca de bugs. Fui na Vaynessa, até ao Pier Park de Larkspur, que como o nome diz é o parque do cais da povoação. Larkspur é a primeira povoação a norte de Corte Madera, onde eu vivo, e fica a cerca de 4 km da minha casa, pelo que os cerca de 11 km do escritório até ao parque fizeram-se bem, mesmo sem ter almoçado, uma vez que não ia desperdiçar um verdadeiro barbecue à americana.

O dia estava quente, um prenúncio do que poderia ser o fim-de-semana. E a viagem ao pedal da Vaynessa foi agradável, embora fizesse com que a mochila ficasse um bocado quente nas costas.

O Floyd ainda me ofereceu boleia na sua Harley Davidson, mas eu queria levar a Vaynessa comigo ao BBQ... Ele ainda sugeriu que eu a levasse às costas, mas não me pareceu que andar de mota com uma bicicleta às costas na auto-estrada fosse uma boa opção.

Quando cheguei o pessoal pensou que eu tinha vindo na Vaynessa porque ninguém me tinha oferecido boleia e alguns ficaram um bocado atrapalhados com a ideia, mas eu dei uma de que com a boleia deles mais valia vir na minha querida montada. Mas o pessoal viu logo que estava a brincar.

O parque era porreiro. Mesmo ao lado da esquadra da polícia e com um campo de volley, com rede e areia... Com aquele calor até parecia a praia.

O lume já ardia em dois grelhadores. Estes tipos não usam carvão, usam um género de carvão sintético muito fácil de pegar fogo e que arde lentamente, mesmo o género de coisa que se deve ter num grelhador, mas com um cheiro a petróleo... Mas isso não foi entrave a que eu comesse uns cachorros e uns hambúrgueres, acompanhados por umas cervejas e um vinho tinto. As bebidas depressa desapareceram... Segundo o Jesse, porque só 5 pessoas é que o avisaram que iam e apareceram para aí uns 17 ou mais.

Enquanto eu conversava com alguns colegas junto aos grelhadores, o Ken conseguiu criar duas equipas e começar um jogo de volley. No entretanto chegou o Erik vestido com calções de ciclismo e t-shirt, com o filho de três anos pela mão e a filha com alguns meses ao colo. Óbvio que não tinha vindo com os putos na bicicleta, mas tinha ido de bicicleta até ao infantário, onde apanhou o carro e os filhos. É surpreendente ver uma coisa assim em Portugal, mas ele sai de casa cerca das 7h30m deixa os putos no infantário, agarra a bicicleta que leva no carro que fica lá e vem para o escritório, todos os dias. A mulher dele chegou cerca de vinte minutos depois numa bicicleta de estrada Cannondale e foi jogar volley enquanto ele tomava conta das crianças... Isto é que não era possível em Portugal.

A tarde passou devagar. Estive a ver e a rir-me com os jogos de volley que se repetiam e deitado na relva a tarde toda. Eu nunca fui muito bom a jogar nenhum desporto e não estava nos meus dias de boa disposição... Se calhar estava era com vergonha. Mas pior que a Uma a jogar volley, eu não podia ser...

Lá para as 19h30m já a noite caía e frio de um fim de tarde de Março expulsou-nos do parque. Eu fui para casa na minha Vaynessa...

Quando cheguei a casa estava com aquele cansaço de fim de tarde e cheio de sono, pelo que resolvi ligar a televisão do quarto e ver o "Cable Guy" com o Jim Carrey. Mas o sono era mais que a vontade de aturar as palhaçadas do tipo... E adormeci às 20h30m.

À 1h30m acordei como se já tivesse dormido tudo. Claro!!! Habituado a dormir pouco o meu relógio biológico decidiu despertar que eram horas de ir trabalhar. Li, vi televisão, respondi a uns e-mails, voltei a ler, bebi um copo de leite, voltei a ler e cerca das 3h da manhã o sono voltou...

Sexta-feira, 31 de Março de 2000

Acordei atordoado com a troca dos sonos. E andei na lua o dia todo.

Não descansei enquanto não limpei uma janela de opções do VisConcept à procura de bugs. Às 4h30m quando saí já tinha chegado aos 72 bugs. O record da empresa...

Fui a casa, pousei a Vaynessa nos arrumos, arranjei o saco e fui para San Francisco.

Cheguei às 19h a casa da RM&P e surpreendentemente a campainha não estava ocupada... Pois não! Não estava ninguém em casa... Fui dar uma volta e quando dou à esquina encontro a Rita de fato de treino depois de uma corrida no tapete do ginásio. A Mónica arranjou uns cartões de acesso limitado ao Fitness em Van Ness e agora é até acabar...

A Mónica chegou mais tarde com a Ana, uma amiga finlandesa. Verdadeiramente finlandesa, loira e magríssima. A Mónica estava toda excitada para ir à Poly-Esther (www.polyesthers.com), a discoteca que fica a quatro blocos de casa delas e que tem música dos anos 80. Um colega dela combinou encontrar-se com ela por lá...

Pois é! Jantámos e lá fomos à Poly-Esther... A correr porque se entrássemos antes das 22h30m não pagávamos.

Pois é! Não pagávamos? Mas pagámos... Menos que do que é normal, mas nada que justificasse o facto de estar numa discoteca às 22h30m. Ainda por cima, a música era no mínimo má, apesar do ambiente não ser mau de todo, mesmo que a dar para o vazio.

Eu como estava com os sonos trocados, depressa me cansei de lá estar e por volta da meia noite e meia fui dormir para casa. A Rita também se veio embora.

A Mónica e a Ana ficaram por lá até cerca das 3h da manhã, quando o colega dela foi expulso da discoteca e quando o Juan estava prestes a criar uma cena de pancadaria com uns vizinhos que dançavam mais à larga. Uma verdadeira feira...

O calor era tanto que eu me deitei de janela aberta, apesar do barulho da rua. Mas a Mónica quando chegou conseguiu fechá-la mesmo que o prédio corresse alguns riscos de derrocada por causa disso, tal foi a brutalidade do acto que me fez acordar.



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