Uma coisa que me esqueci de vos dizer acerca de
Stinson Beach e que alguns já sabem, é que a praia é mesmo
sobre a falha de S. André. Já não chegava
ter tubarões... Mas vale a pena, compreendo como estes tipos
arriscam a vida assim...
De volta à novela...
Domingo, 26 de Março de 2000
Acordámos cedo com a luz do sol a bater nos
estores. Não compreendo como é que estes americanos
não usam persianas.
Liguei o PC para ver o mail e o Windows 98 avisa-me
que hora mudou... Trengo! Ele não sabe que os americanos
são anormais e têm a mania da diferença e que
aqui só muda para a semana? Deve ser uma versão europeia
do Windows 98.
De repente chega o Carlos, que com a aparente mudança
da hora se julga atrasado quase uma hora... Lá lhe mostrei
que aqui só acontecia para a semana e ele riu-se, porque
tinham avisado a porteira do prédio da RM&P. A porteira
alterou todos os relógios e ficou toda contente porque trabalhava
menos uma hora nesse dia... Azar! Era tudo mentira.
Comemos o resto da pizza do jantar de sábado
e estivemos a beber um chocolate quente na varanda... Enquanto
o Nuno matava as saudades da caixinha que mudou o mundo... Dele!!!
Telefonei ao Ben a dizer que passávamos em
casa dele em meia hora e fomos tomar o café da manhã ao
Tully's.
Apanhámos o Ben e o seu Volkswagen Jetta
VR6 vermelho Ferrari em San Rafael e rumámos a Napa, para
ir ver a primeira prova da Taça do Mundo em BTT.
Passámos por Sonoma e entrámos em
Napa Valley. A paisagem é deslumbrante, mas nada de especial
para quem vem de Portugal e está habituado a ver vinhas.
Mas é bonito ver aquelas estruturas repetitivas por quilómetros
e quilómetros de extensão, apenas cortada por um
pasto ou uma casa. A diferença entre aquilo e o Doure é que é menos
montanhoso e mais verde... Muito mais verde.
Chegámos às caves Domaine Chandon,
onde estava instalada a zona de chegada e de exposição,
a tempo de ver as últimas mulheres a cortarem a meta. O
público não era muito, mas o calor era... O sol queimava
e estava um excelente dia.
Das mulheres pouco mais sei do que ganhou a Mary
Grigson da equipa Gary Fisher/SAAB, uma australiana que ficou em
segundo no Campeonato do Mundo em Sydney e que só espera
pelos Jogos Ólimpicos. Mas se quiserem saber mais vão
ver em http://www.uci.ch/english/mtb/mtbwc2000/xc1/result_f.htm.
Andámos pela área de exposição
e a ver as vistas da zona até que eram quase horas da partida
dos homens. A área de exposição foi realmente
a única diferença positiva que eu notei na prova.
Mesmo comparando com Madrid, aquela foi a maior área de
exposição que eu vi, também porque estava
mais ou menos misturada com a área das equipas oficias,
mas também porque os maiores nomes dos componentes de BTT
são dos Estados Unidos e grande parte da Califórnia.
Para os fãs do BTT (os outros passem este
parágrafo, se quiserem): Estava lá a Rock Shox com
um stand enorme, o nosso amigo palhaço Gary Fisher que está quase
careca, mas que pinta o pouco cabelo que lhe resta de azul... Parece
mesmo o Batatinha!!! Mas a verdade é que estava com a boa
da Paola Pezzo, que ostentava o seu belo calção prateado...
Já não é dourado... O Zapata Espinoza, estava
no stand da Giant, com a sua bela argola na orelha esquerda igual àquelas
usadas pelos Aztecas e que se colocam dentro do bolbo da orelha.
Mas de resto estava quase tudo... Manitou, Tioga, Grip Shift (SRAM),
Shimano, WTB, Yakima, e sei lá que mais...
Ficámos na primeira curva para ver a partida,
como de costume... E os homens deram duas voltas curtas de apresentação,
a uma velocidade que na memória quase só fica o borrão
colorido da passagem pelo sítio onde estávamos...
A confusão de cores e a velocidade nem permitia ver quem é que
ia à frente, mas também ainda faltavam 7 longas voltas...
Uns decidiram comer e fomos para o primeiro sítio
tecnicamente bom para se ver a corrida. E que por acaso era o único.
Quando chegámos ao sopé do monte via-se
um monte de gente que se acotovelava para ver uma zona de alta
inclinação no topo do monte. Imaginem, uma descida
com cerca de 25-30% de inclinação com uma curva à direita,
e com a inclinação a atirar os atletas para fora
da curva... E com terra seca e escorregadia. Era uma festa ver
quem é que ia ao chão.
Começámos por ver o fim da descida
em singletrack (caminho de pé posto) sinuoso e acabar numa
inclinação engraçada. O terreno estava seco,
o pó levantado era muito e a passagem dos atletas punha
a descoberto as pedras debaixo da terra. Primeiro furo de um alemão,
aparentemente sem equipa, mas que tinha um Cratoni igual ao meu...
Mas o rapaz estava nervoso e demorou quase 5 minutos para mudar
a câmara de ar...
Fomos ver a subida que ficava do outro lado da encosta
e que era feita na pedaleira grande como se de uma descida se tratasse...
Em estradão largo, mas com uma inclinação
apreciável e com o sol pelas costas.
E fomos vê-los cair na tal descida... Ainda
deu para ver o Filip Meirhaeghe enfiar-se de cara directo ao chão.
Um verdadeiro Face Plant aos pés do Nuno e do Carlos. É impressionante
como alguns se cagavam de medo a descer aquilo... Eu acho que fazia
o mesmo, mas eles são profissionais.
Andámos à procura de outros sítios,
mas não havia quase mais nada a não ser estradões
largos... Estes tipos deviam de ir andar para Marialva ou para
a Lousã, acho que estavam sempre a desmontar com medo. Aquilo
parecia uma prova de estrada em caminhos de terra. Fiquei mesmo
decepcionado... Agora é que eu vejo aquilo que se fala sempre
entre as diferenças de técnica entre os euros e os
americanos.
Arranjei uma garrafa da Yahoo, mas sinceramente é feia...
E fomos ver a chegada!!! Estávamos adiantados uma volta
e fui ver o novo material... Ah! Esqueci-me de vos contar que arranjei
o autografo da nossa vizinha Marga Fullana, enquanto esperava pela
partida.
O pessoal ficou a deslumbrar um Ferrari enquanto
se dava a última volta. Ganhou o Bas Van Dooren depois de
ter andado à frente mais de metade da prova, acompanhado
pelo Miguel Martinez. Mas na penúltima já tinha 30
segundos de avanço sobre o minorca francês e chegou
com quase 1 minuto de avanço. O terceiro e quarto qualificados
usaram suspensões integrais na prova... Fiquei surpreendido,
que numa prova tão rápida e tão pouco dura
(em termos de terreno) usassem aquilo, mas deviam estar com pouquíssimo
curso.
Mas o melhor da chegada foi o despique entre o Bart
Brentjens o espanhol Roberto Lezaun da Orbea, e o despique entre
o Thomas Frischknecht e um alemão, que deu direito a cotovelada
e tudo na linha de chegada.
Mas quem viu isto em Madrid... Sai dali desanimado...
E cansado. Fomos a Napa ver se comíamos alguma coisa antes
de ir para casa.
Mas não encontrámos nada e decidimo-nos
despedir. Eu fui com o Ben e o TN&J e o Carlos foram-se embora.
Fui jantar (às 6h da tarde) com o Ben em
San Rafael, numa (outra) cervejaria com fabrico próprio.
A cerveja era boa, a comida nem por isso... Comida tipicamente
americana, que se pode esperar...
O Ben é um bacano. É canadiano, e
parava num bar português em Montreal... Conhece bem alguns
dos nossos bons vícios, o Café expresso e o Porto
(vinho). Estivemos a falar de música, BTT e trabalho, antes
de me levar a casa.
Deitei-me comecei a escrever a crónica de
sexta,... Bem o resto já sabem.
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