Sexta-feira, 3 de Março de 2000 (Cont.)
Para além do que vos contei na última
crónica acerca do Ken me vir convidar para ir andar de barco à tarde,
nada de novo se passou até às 15h. A essa hora saí do
escritório, para ir buscar a Cláudia ao Aeroporto.
Apanhei o 30 para SF, porque é o único
autocarro que vai de Manzanita para SF e porque julgava que fazia
a Mission St. e assim ficava mais perto da estação
dos Caltrain, que tinha que apanhar para ir para o aeroporto de
SFO (San Francisco - Oakland). Mas, como quem não sabe é como
quem não vê... O 30 quando chegou a Lombard St, em
vez de virar para Van Ness Av. em direcção ao Civic
Center, virou para Fisherman's Wharf. Pronto, podia não
ir directo, mas pelo menos tinha uma visitinha a zona mais turística
da cidade e como estava um lindo dia de sol.
Esta cidade é um espanto com sol. Parece
que as coisas são muito mais bonitas e as cores muito mais
vivas. Comecei a aperceber-me de coisas que vejo todos as vezes
que vou a SF, mas com aquela luz... Ou seria que por a Cláudia
estar a chegar eu realmente estava com outra disposição?
Se calhar eram as duas coisas.
Mas que SF é muito mais bonita com sol, é verdade...
Mas como não há um dia que não chove há quase
20 dias...
Por causa do trânsito e porque fiquei mais
longe da estação do Caltrain, perdi o comboio das
16h30m...
Apanhei o das 17h, e sai em Millbrae, onde apanhei
o autocarro shuttle da Caltrain até ao Aeroporto. Cheguei
ao aeroporto às 17h30m.
A confusão era enorme. Pelos vistos deviam
ter chegado três ou quatro voos ao mesmo tempo. Chineses,
indianos, americanos e franceses... Pareceu-me ouvir o meu nome
nos altifalantes, mas era difícil perceber com o barulho...
Mas era...
A Cláudia teve alguns problemas para entrar.
O oficial não a queria deixar entrar porque ela não
sabia nem a minha morada nem o meu telefone, e isso pareceu-lhe
muito estranho. Daí terem-me chamado aos altifalantes.
Mas os tipos da alfândega salvaram-na e tiraram-na
das malhas do oficial e deram-lhe um visto temporário.
Tanta coisa e no fim, uns são simpáticos
e outros uns casmurros... Welcome to America. Mas nada que um rosa
vermelha e um abraço forte não fizesse esquecer.
Coitada parecia uma zombie. Apesar de desperta, tinha cara de quem
estava abananada com tudo... Também não admira depois
de uma directa (a noite antes de vir) e 16 horas de viagem sem
dormir.
Voltámos para SF, de Caltrain. Que não
pagámos, estes tipos metem-se a confiar no pessoal e pensam
que eu não vivi em Lisboa e não sei fugir aos picas.
No Caltrain, o pica vai andando e conforme vai cobrando os bilhetes
põe um papelinho no banco para o informar que já cobrou
ali. Acontece que na paragem onde eu entrei saiu montes de pessoal
e nos sentamo-nos num banco que já tinha esse papelinho.
Quando passou o pica, fizemos de conta que estava cobrado e pronto...
Cromos!!!
Depois de uma pequena caminhada apanhámos
o autocarro e fomos para Corte Madera. A Cláudia, achava
que ficávamos já em SF e estava cheia de pedal para
fazer alguma coisa... Até chegar a casa e sentar-se a ver
televisão.
Saí para ir comprar uma cervejinha para o
jantar e ir buscar umas fotografias. Quando cheguei estava com
a cabeça apoiada na mão a dormir virada para a televisão.
Não a acordei e fiz o jantar. Quando a fui chamar para comer,
revirava os olhos e andava aos tombos. Mal comeu, adormeceu outra
vez... Eram 10h da noite.
Eu sem sono, liguei-me um bocadinho a responder
aos mails e descarregar uns MP3.
Mas como estava cansado do dia anterior, do concerto
do Peter Murphy, também me deitei cedo.
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