C40 SEGUNDA-FEIRA, 6 DE MARÇO DE 2000
Cláudia - Fotografia de Rui Gonçalves

Sexta-feira, 3 de Março de 2000 (Cont.)

Para além do que vos contei na última crónica acerca do Ken me vir convidar para ir andar de barco à tarde, nada de novo se passou até às 15h. A essa hora saí do escritório, para ir buscar a Cláudia ao Aeroporto.

Apanhei o 30 para SF, porque é o único autocarro que vai de Manzanita para SF e porque julgava que fazia a Mission St. e assim ficava mais perto da estação dos Caltrain, que tinha que apanhar para ir para o aeroporto de SFO (San Francisco - Oakland). Mas, como quem não sabe é como quem não vê... O 30 quando chegou a Lombard St, em vez de virar para Van Ness Av. em direcção ao Civic Center, virou para Fisherman's Wharf. Pronto, podia não ir directo, mas pelo menos tinha uma visitinha a zona mais turística da cidade e como estava um lindo dia de sol.

Esta cidade é um espanto com sol. Parece que as coisas são muito mais bonitas e as cores muito mais vivas. Comecei a aperceber-me de coisas que vejo todos as vezes que vou a SF, mas com aquela luz... Ou seria que por a Cláudia estar a chegar eu realmente estava com outra disposição? Se calhar eram as duas coisas.

Mas que SF é muito mais bonita com sol, é verdade... Mas como não há um dia que não chove há quase 20 dias...

Por causa do trânsito e porque fiquei mais longe da estação do Caltrain, perdi o comboio das 16h30m...

Apanhei o das 17h, e sai em Millbrae, onde apanhei o autocarro shuttle da Caltrain até ao Aeroporto. Cheguei ao aeroporto às 17h30m.

A confusão era enorme. Pelos vistos deviam ter chegado três ou quatro voos ao mesmo tempo. Chineses, indianos, americanos e franceses... Pareceu-me ouvir o meu nome nos altifalantes, mas era difícil perceber com o barulho... Mas era...

A Cláudia teve alguns problemas para entrar. O oficial não a queria deixar entrar porque ela não sabia nem a minha morada nem o meu telefone, e isso pareceu-lhe muito estranho. Daí terem-me chamado aos altifalantes.

Mas os tipos da alfândega salvaram-na e tiraram-na das malhas do oficial e deram-lhe um visto temporário.

Tanta coisa e no fim, uns são simpáticos e outros uns casmurros... Welcome to America. Mas nada que um rosa vermelha e um abraço forte não fizesse esquecer. Coitada parecia uma zombie. Apesar de desperta, tinha cara de quem estava abananada com tudo... Também não admira depois de uma directa (a noite antes de vir) e 16 horas de viagem sem dormir.

Voltámos para SF, de Caltrain. Que não pagámos, estes tipos metem-se a confiar no pessoal e pensam que eu não vivi em Lisboa e não sei fugir aos picas. No Caltrain, o pica vai andando e conforme vai cobrando os bilhetes põe um papelinho no banco para o informar que já cobrou ali. Acontece que na paragem onde eu entrei saiu montes de pessoal e nos sentamo-nos num banco que já tinha esse papelinho. Quando passou o pica, fizemos de conta que estava cobrado e pronto... Cromos!!!

Depois de uma pequena caminhada apanhámos o autocarro e fomos para Corte Madera. A Cláudia, achava que ficávamos já em SF e estava cheia de pedal para fazer alguma coisa... Até chegar a casa e sentar-se a ver televisão.

Saí para ir comprar uma cervejinha para o jantar e ir buscar umas fotografias. Quando cheguei estava com a cabeça apoiada na mão a dormir virada para a televisão. Não a acordei e fiz o jantar. Quando a fui chamar para comer, revirava os olhos e andava aos tombos. Mal comeu, adormeceu outra vez... Eram 10h da noite.

Eu sem sono, liguei-me um bocadinho a responder aos mails e descarregar uns MP3.

Mas como estava cansado do dia anterior, do concerto do Peter Murphy, também me deitei cedo.



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