C30 TERÇA-FEIRA, 22 DE FEVEREIRO DE 2000
Helena B, Nuno, Rita, Tiago Sacchetti e Mónica no Pier 39 - Fotografia de Rui Gonçalves

Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2000

Acordar foi outra vez um problema. Tenho que melhorar o meu trabalho para ver se ganho mais vontade de me levantar... Se calhar o melhor é começar a trabalhar...

Mas pronto, depois de conseguir fugir ao campo magnético da cama e de me ter lavado, peguei na Vaynessa e fui para o escritório. Adivinhava-se um dia quente.

Sextas-feiras, serão sempre sextas-feiras. Mesmo que haja muito para fazer a vontade nunca é muita, e se não há muito para fazer então faz-se para a semana. Pelo que o tempo foi passando devagar... Se fizesse alguma coisa se calhar não me cansava tanto, mas a vontade não era muita.

Às 4h da tarde como é costume às sextas, houve lanche. Mas o lanche desta vez foi diferente, pois era a despedida do Dave, o tipo que me abriu a porta do escritório na noite em que cheguei e que me pediu o ripper de MP3. Não percebi muito bem mas acho que arranjou um outro emprego. O Ken esteve-me a explicar que quando o Dave entrou para a empresa era tipo o responsável pela embalagem e aprendeu HTML sozinho e tornou-se o gestor do servidor do Web Site, entre outras coisas. Pelos vistos esta é mesmo a terra das oportunidades, desde que não se desperdicem.

É pena que o Dave se vá embora, pois era um potencial amigo aqui no escritório e era a pessoa com quem eu mais falava, depois do Jesse. Além disso, era um tipo porreiro para me emprestar uma ginga sempre que alguém cá viesse e quisesse andar comigo. Bebemos uma cerveja e conversámos sobre música, porque ele toca bateria e andava a construir o site do primeiro percursionista do Santana (www.michaelcarabello.com) e combinei ir vê-lo tocar com a sua banda no próximo concerto.

Apanhei a Vaynessa e fui para casa. Estava um perfeito fim de tarde de primavera e segui o trilho que segue junto à baia. A maré estava incrivelmente baixa, por causa da lua cheia, que subia enorme e amarela no horizonte a Este e o sol punha-se, laranja, a Oeste. O ar enchia-se de maresia e dos sons das aves. Não havia vento, nem fazia frio...

Mas eu estava com alguma pressa porque tinha que apanhar o autocarro para SF, onde combinei me encontrar com mais 16 em casa da Rita, Mónica e Patrícia, para jantar.

Fui o primeiro a chegar, logo depois da Rita, que decidiu arrumar a casa que em breve estaria virada do avesso. Depois foram chegando os outros, aos poucos.

O Tiago Sacchetti tinha chegado do México, nesse dia, depois de uma série de aventuras para entrar em território dos EUA. No México, dirigiu-se ao consulado norte-americano para saber se era necessário visto e se fosse, para o tirar, mas só lhe disseram que não lho podiam dar ali depois de lhe sacarem $45.

Aparentemente ali só para Mexicanos... mas não lhe disseram mais nada, só lhe disseram "I am the officer in charge. I know the law". Então dirigiu-se à fronteira com o visto recusado e decidido a convencer os oficiais fronteiriços. Entrou com visto para 3 meses. O problema foi chegar ao aeroporto de El Paso e o voo ter sido adiado consecutivamente por falta de tripulação. Em vez de ter chegado às 2h da manha, chegou às 11h da manhã... quase a mesma coisa.

Cozinhar salsichas com couves e arroz de cenoura para um regimento de 17 esfomeados em panelas que davam no limite para 10, foi uma aventura para os cozinheiros de serviço. A Sá, a mulher do Mário, na direcção das operações da cozinha, transformou o jantar num maravilhoso banquete, apesar de se ter que fazer duas rodadas de comida naquelas pequenas panelas.

Mas a cerveja foi havendo. Começou com 7 garrafas de 40 Oz. (+/-1250 ml) de Budweiser, mas depressa se teve que ir buscar mais 4. Claro que o Jorge se lembrou de trazer uma de Bud Light, sem álcool, para acabar o jantar... Foi essa que me fez mal e por isso andei com dor de cabeça todo dia seguinte.

Acabada a vontade de comer e acabada a cerveja, fomos até ao pub ali do fundo da rua O'Farrell, beber mais uma cervejita. Mas já se dormia em cima do copo e fomos para casa.

A sala da casa da RM&P parecia um acampamento. 7 na sala, 3 num quarto e mais duas noutro. E como é normal numa noite destas, há sempre alguém que ressona e alguém que não dorme... Por azar eu fui o segundo, que passei a noite toda aos chutos ao Tiago Sanches, que não parou de ressonar. Porque é que quem ressona nunca acorda com dor de cabeça como os que não dormem? Este mundo é injusto.



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