Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2000
Acordar foi outra vez um problema. Tenho que melhorar
o meu trabalho para ver se ganho mais vontade de me levantar...
Se calhar o melhor é começar a trabalhar...
Mas pronto, depois de conseguir fugir ao campo magnético
da cama e de me ter lavado, peguei na Vaynessa e fui para o escritório.
Adivinhava-se um dia quente.
Sextas-feiras, serão sempre sextas-feiras.
Mesmo que haja muito para fazer a vontade nunca é muita,
e se não há muito para fazer então faz-se
para a semana. Pelo que o tempo foi passando devagar... Se fizesse
alguma coisa se calhar não me cansava tanto, mas a vontade
não era muita.
Às 4h da tarde como é costume às
sextas, houve lanche. Mas o lanche desta vez foi diferente, pois
era a despedida do Dave, o tipo que me abriu a porta do escritório
na noite em que cheguei e que me pediu o ripper de MP3. Não
percebi muito bem mas acho que arranjou um outro emprego. O Ken
esteve-me a explicar que quando o Dave entrou para a empresa era
tipo o responsável pela embalagem e aprendeu HTML sozinho
e tornou-se o gestor do servidor do Web Site, entre outras coisas.
Pelos vistos esta é mesmo a terra das oportunidades, desde
que não se desperdicem.
É pena que o Dave se vá embora, pois
era um potencial amigo aqui no escritório e era a pessoa
com quem eu mais falava, depois do Jesse. Além disso, era
um tipo porreiro para me emprestar uma ginga sempre que alguém
cá viesse e quisesse andar comigo. Bebemos uma cerveja e
conversámos sobre música, porque ele toca bateria
e andava a construir o site do primeiro percursionista do Santana
(www.michaelcarabello.com)
e combinei ir vê-lo tocar com a sua banda no próximo
concerto.
Apanhei a Vaynessa e fui para casa. Estava um perfeito
fim de tarde de primavera e segui o trilho que segue junto à baia.
A maré estava incrivelmente baixa, por causa da lua cheia,
que subia enorme e amarela no horizonte a Este e o sol punha-se,
laranja, a Oeste. O ar enchia-se de maresia e dos sons das aves.
Não havia vento, nem fazia frio...
Mas eu estava com alguma pressa porque tinha que
apanhar o autocarro para SF, onde combinei me encontrar com mais
16 em casa da Rita, Mónica e Patrícia, para jantar.
Fui o primeiro a chegar, logo depois da Rita, que
decidiu arrumar a casa que em breve estaria virada do avesso. Depois
foram chegando os outros, aos poucos.
O Tiago Sacchetti tinha chegado do México,
nesse dia, depois de uma série de aventuras para entrar
em território dos EUA. No México, dirigiu-se ao consulado
norte-americano para saber se era necessário visto e se
fosse, para o tirar, mas só lhe disseram que não
lho podiam dar ali depois de lhe sacarem $45.
Aparentemente ali só para Mexicanos... mas
não lhe disseram mais nada, só lhe disseram "I am
the officer in charge. I know the law". Então dirigiu-se à fronteira
com o visto recusado e decidido a convencer os oficiais fronteiriços.
Entrou com visto para 3 meses. O problema foi chegar ao aeroporto
de El Paso e o voo ter sido adiado consecutivamente por falta de
tripulação. Em vez de ter chegado às 2h da
manha, chegou às 11h da manhã... quase a mesma coisa.
Cozinhar salsichas com couves e arroz de cenoura
para um regimento de 17 esfomeados em panelas que davam no limite
para 10, foi uma aventura para os cozinheiros de serviço.
A Sá, a mulher do Mário, na direcção
das operações da cozinha, transformou o jantar num
maravilhoso banquete, apesar de se ter que fazer duas rodadas de
comida naquelas pequenas panelas.
Mas a cerveja foi havendo. Começou com 7
garrafas de 40 Oz. (+/-1250 ml) de Budweiser, mas depressa se teve
que ir buscar mais 4. Claro que o Jorge se lembrou de trazer uma
de Bud Light, sem álcool, para acabar o jantar... Foi essa
que me fez mal e por isso andei com dor de cabeça todo dia
seguinte.
Acabada a vontade de comer e acabada a cerveja,
fomos até ao pub ali do fundo da rua O'Farrell, beber mais
uma cervejita. Mas já se dormia em cima do copo e fomos
para casa.
A sala da casa da RM&P parecia um acampamento.
7 na sala, 3 num quarto e mais duas noutro. E como é normal
numa noite destas, há sempre alguém que ressona e
alguém que não dorme... Por azar eu fui o segundo,
que passei a noite toda aos chutos ao Tiago Sanches, que não
parou de ressonar. Porque é que quem ressona nunca acorda
com dor de cabeça como os que não dormem? Este mundo é injusto.
|