Quarta-feira, 2 de Fevereiro de 2000
O dia decorreu normalmente até às
17h, quando saí em direcção a Marin City para
apanhar o autocarro para São Francisco. Depois de uma caminhada
de 20 minutos e uma corrida para apanhar o 20, estava a caminho,
para ir ao jantar de aniversário do Diogo.
Levava as minhas coisas na mochila que a Mónica
me emprestou, mas tenho que comprar uma... vou ver este fim de semana
se há dinheiro para comprar uma da North Face, uma vez que
estão com quase 60% de desconto. Não quero nada de
extraordinário, e pode ser que se arranje alguma coisa... Isto
está tudo em saldos, mas como ainda não sei muito
bem como vão ser os próximos meses cá, tenho
que me conter. A Diesel está com 50% de desconto, a Levi´s
e a Nike estão em saldos, mas nem tive coragem de ver... Ah!
Querem saber como somos chulados aí? Umas Levi´s 501
aqui custam apenas $38, qualquer coisa como 7600$00... Aí é só o
dobro, certo?
Passei numa drogaria/farmácia com intenções
de revelar o filme, mas estava um bocadito mais caro que aqui na
terrinha, a diferença é que aqui demoram 24h, mas
eu também não tenho pressa. Não comprei a
web câmara... também tem que haver uma promoção.
Rumei a casa do Diogo como combinado e de novo me
deparei com os homeless. Alguém no outro dizia que eu ando
traumatizado com os homeless, mas nem por isso. Não me incomodam, é o
que interessa. Mas para terem uma ideia, em SF estimasse que existam
de 2000 a 3000 homeless a viver nas ruas, mas este número
aumenta para 8000 a 16000, quando se lhe soma aqueles que de alguma
maneira têm um abrigo temporário. No ano passado morreram
em SF, cerca de 170 homeless, principalmente devido a drogas (54)
e álcool (11), mas o mais triste é que entre os mortos
existiam duas crianças, uma com apenas 39 dias. Podem ler
em http://www.sfgate.com/cgi-bin/article.cgi?file=/chronicle/archive/1999/12/23/MN62687.DTL.
Mas mudemos de assunto...
O jantar estava marcado para as 8h, no restaurante
português em Pine St. com o nome de GrubStake... um
nome tipicamente português, que significa um avanço
de dinheiro para um negócio em troca de parte dos lucros
do negócio... e foi para lá que eu e o Diogo nos dirigimos
depois de ele fritar uns bifes, para o almoço do dia a seguir,
mas por nós comíamo-los já ali. Mas conseguimos
resistir à fome, mas a uma Sagres no restaurante é que
não conseguimos... pena não haver Super Bock, mas devem
compreender o dono do restaurante, o Sr. Oliveira, não é do
Norte.
E para provar que não é do norte,
mostrou que não é muito amigo do pessoal, quando
chegou a conta. Espetou-nos com 15% de gorjeta, que é para
nos mostrar quem é que trabalha e quem é ganha dinheiro... Para
além disso o pessoal esticou-se um bocado por ser o aniversário
do Diogo, e depois se para alguns a coisa não está complicada
para outros isto foi um pequeno rombo. Mas não há que
stressar, uma vez não são vezes... e para a próxima
se queremos comida portuguesa, fazemo-la nós em casa. A
comida até que nem era má, mas as batatas fritas
foram feitas num óleo com já algumas fervuras a mais.
Saímos e a Kara, uma colega do trabalho do
Diogo, fugiu. Se calhar estava assustada de tanto ouvir português.
O Tiago, a Júlia e o Nuno foram para Mountainview e nós
fomos rua Polk acima à procura de um bar que nos aconselharam.
Passamos por um bar chamado Red Devil Lounge, onde o André perguntou
ao porteiro que tipo de bar era... Ao que lhe responderam que era
um bar de música ao vivo, como se nós não
ouvíssemos cá de for a, e que era um Strip Bar. Aí as
meninas assustaram-se e seguimos, porém alguém perguntou
se ele disse Straight Bar ou Strip Bar. E voltamos atrás
para esclarecer... O André teve permissão para dar
uma vista de olhos, e nós entramos quando ele nos disse
que era porreiro.
A banda que tocava fez-me lembrar Gomez, mas mais
jazzista e menos elaborada. O guitarrista só fazia ritmos
e era pouco virtuoso... Mas ouvia-se bem, principalmente acompanhada
com um vodka com limão oferecido pelo aniversariante. Mas
a Vodka devia de ser marada, pois sabia a remédio para as
baratas. Ficámos até ao fim do concerto, cerca da
meia noite e fomos embora para casa.
Algures na noite o comentário era que os
americanos não são bonitos, e o comentário
não partiu de mim... Uma vez que julgam que eu acho que isto é uma
nação de aliens, e pelos vistos já há quem
partilhe da minha opinião. Mas a verdade é que não
existe pessoas bonitas e bem vestidas nesta terra? Tudo de sportswear
e desarranjado, mesmo naquele bar.
Nisso isto não é nada como os filmes.
O que é exactamente como os filmes são os polícias.
Estão a ver aqueles corpulentos polícias que ao andar
se abanam de um lado para o outro e têm os braços
de tal maneira que parece que engoliram uma cruzeta? Pois os polícias
de rua são mesmo assim. Andam sem chapéu, com o rádio
pendurado no ombro e a debitar aquele "SHHHHHHHHH" normal, cheios
de cabedal e de cabelo rapadinho...Mais um bocado e parecem os polícias
do vídeo do Jorge Michael. E os das motos? Não devem
conseguir sair do assento e se saem devem ser confundidos com um
Elefante. Já ouviram a expressão "Desde que vi um
porco a andar de moto, já nada me surpreende"? Pois é verdade,
eu já vi um elefante...
No outro dia em Mission, vi um polícia a
passear no seu carrinho de golf alterado, rua acima, rua abaixo à procura
de multar alguém, como em Portugal, e fez-me lembrar o vídeo
do "I Will Survive" dos Cake... Lindo! De capacete Bell de bicicleta
e num carrinho de três rodas eléctrico. Ontem, vi
um de bicicleta e com uma buzina mais potente que a dos bombeiros
que nesta cidade se ouve mais vezes que o chilrear dos pássaros... É carro
dos bombeiros a toda a hora. Também não admira as
casas são de madeira... E se uma arde!!!
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