SEXTA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2000 C15
Cais Destruído em Sausalito - Fotografia de Rui Gonçalves

Sexta-feira, 28 de Janeiro de 2000

Tal como ontem, hoje até há umas horas atrás foi um normal dia de trabalho.

Fui na Vaynessa para o trabalho como de costume, apesar de o dia hoje já se apresentar mais cinzento. Com uma mochila às costas, o portátil a tiracolo e o saco cama na mão, parecia um daqueles chineses que transportam tudo nas suas bicicletas. Isto tudo porque vou passar o fim-de-semana a SF e fico a dormir no estúdio do Diogo... de onde, aliás, vos escrevo esta crónica.

O Ken já me deu que fazer e eu comecei a estudar o projecto. Tenho que construir um tradutor em C++ que transforme o formato do Optimizer da Silicon Graphics no formato normal de objectos 3D da EAI. Fantástico, não?

Hoje como é sexta-feira, foi dia de haver o tal lanche de confraternização na empresa, que parece é costume da região, porque o Diogo, a Rita, a Mónica e a Patrícia também tiveram direito a um nas suas empresas.

Hoje voltei a beber um tinto Cabornet Sauvignon australiano, que por sinal era bem melhor que o outro. Segundo me disseram a garrafa tinha custado apenas $10.99, porque estava em promoção pois o preço era de $12.99, qualquer coisa como 2600$00. Dividi a garrafa com um tipo que é vendedor lá na empresa e que tinha feito a sua primeira venda desde que lá estava, há 4,5 meses. Sucesso!

A dada altura discutia-se os comboios da região e eu lá expliquei àqueles inconscientes que o trajecto que eu faço todos os dias de bicicleta é uma antiga linha de comboio desactivada e transformada em Bike Trail. Os tipos ficaram a olhar para mim e disseram que eu em quinze dias já sabia mais da região que eles. Claro! Os cromos só sabem ver televisão... Ah! Este fim de semana acho que há um jogo importante do Super Bowl.

Digamos que depois de meia garrafa de tinto e uma cerveja preta de Manchester (o Ian é inglês, lembram-se?) e de muitos rolinhos de arroz sushi, vim para SF muito mais alegre e divertido. Mas ainda tive que ir a pé até Marin City para apanhar o 20, da Golden Gate Transit.

Ainda nunca vos "falei" do tipo, que costuma entrar no 20, quando eu vou para S. Francisco, e que vem o caminho todo com um sorriso de orelha a orelha, a ler um livro chamado "Orge, Orge" e que ele próprio parece um Orgue. Pois bem , não há muito mais a dizer dele do que isso. O J.R. Tolkien ia gostar de o ter conhecido, assim as suas descrições poderiam ser mais detalhadas. Quem sabe, o Tolkien baseou-se no avô deste Orgue para descrever algumas personagens do Senhor dos Anéis.

Cheguei à hora combinada mas o Diogo ainda não estava e foi a Rita que me abriu a porta... no entretanto chegou o Diogo, também muito divertido com o lanche que teve na empresa e com os shots que lá mandou. Quem é que serve shots nas horas de serviço?

Quando chegaram as outras meninas, fomos jantar ao MacDonalds. Já não comia esterco há quase uma semana... Fantástico! Fomos ao Mac de Van Ness, que nos presenteou com a bela visão de um rato a passear pela sala de jantar. Coisa que nunca tinha visto...

Apanhámos o 12 na Van Ness até Jacson e aí apanhamos o 30, depois de termos passado pelo 49 a meio... complicações, mas o bilhete uma vez tirado vale por umas horas e pode-se fazer transbordos. Isto no Muni, o serviço de transportes municipais.

Fomos beber uma cerveja ao Condor em North Beach. Tinha um écran gigante onde estava a dar a Taça Nacional de Superfight. Isto é, porrada da velha com mão nuas e entre praticantes de diferentes modalidades de artes marciais e desportos de luta. O primeiro combate foi entre um boxista e um tipo de luta livre... ficámos impressionados com a quantidade de murros que davam um ao outro e o sangue que saia da cabeça de um deles que era careca. No entretanto noutro monitor dava um outro combate e estavam dois tipos no tapete enrolados aos murros e cabeçadas, mas sem grandes movimentos... e estiveram assim enquanto se deram três combates no écran gigante em meia hora.

Estes americanos têm uma série de leis que proíbem uma série de coisas e depois têm desportos deste género... vai uma pessoa compreender esta nação.

Voltamos para casa no 38 e depois de levar as meninas a casa, que a zona é má, viemos para casa. No teatro em frente o American Music Hall tinha acabado a actuação do Mick Taylor.



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