Sábado, 22 de Janeiro de 2000
No sábado a primeira preocupação
foi telefonar para casa e ouvir a voz da Cláudia. depois
foi enviar o APD para o ICEP, por correio normal em papel.
O telefonema foi rápido e a cabina foi fácil
de encontrar. Agora os correios. Não imaginam o que tive
que andar a pé, para depois descobrir que no guia do American
Express estão todos assinalados e havia um bem mais perto.
Fui quase até à baía, para
enviar a porra da carta. Mas já que estava ali, aproveitei
para dar uma vista de olhos. Estava sob a ponte da baía,
aquela que atravessa a baía de oeste-leste passando por
uma ilha a meio. Nada que em Lisboa não tenham.
Comecei a percorrer a Market Street para Oeste,
sem destino. Estive a umas livrarias por ali, para me distrair.
Numa delas encontrei um livro com mapas antigos e onde estava Lisboa
e Porto. Descobri que a R. da Fábrica afinal se chamava
R. da Fábrica do Tabaco. Fogo! Tantos quilómetros
para descobrir uma coisa tão simples.
Descobri a loja da North Face e andava a ver a secção
feminina a ver o que eu gostaria de oferecer à minha querida
esposa, se tivesse dinheiro. No entretanto chega um tipo ao pé de
mim, e com é normal nesta terra, saca de um sorriso de orelha-a-orelha
e grita-me aos ouvidos "Hi!" ao que se segue um "Do you need any
help?". e depois com ar de gozo diz-me que aquela era a secção
de senhora e que a de homem era no piso superior. Eu sorri e não
o mandei ir pentear macacos ou coisa parecida, porque sou um rapazinho
educado. Disse-lhe apenas que estava a ver coisas para a minha
mulher, depois de ter engolido meio litro de saliva.
Mas também, apesar dos saldos estava tudo
caro e numa megastore de artigos de desporto em Market Street já vi
mais barato. Um Mountain Jacket por 50 contos. Quem quer?
Subi a Grant e entrei em Chinatown. Não é que
os cães têm lá um enorme cartaz a dizer que
comemoram a entrega de Macau à China. Quantos são?
Quantos são?
Uma das lojas tinha peixe e carne salgada. Ah! Como
o cheiro a bacalhau pode fazer mal a uma pessoa. e o aspecto era
horroroso.
De repente as caras passaram a ficar menos orientais
e as ruas em vez de aparecerem em chinês, começaram
a aparecer em italiano. Capuccino em todo o lado e uma loja com
chouriços bolorentos pendurados. Duas coisas com aspecto
a comida de casa no mesmo dia, dá cabo do estômago
de qualquer português.
Segui até Fisherman's Wharf, onde encontrei
a loja da Patagonia. Não há dinheiro, não
há nada para ninguém. A minha sobrinha Carolina devia
de gostar de uns forros quentinhos que tinha lá, especialmente
nesta altura do ano, que em Vila Real, neva. Consegui sair da loja
sem vir com as mãos a abanar. Ofereceram-me um CD com um
screensaver e um acesso à Internet num provider que até o
que o ICEP me paga. Fantástico.
Segui até ver a água da baía
e uns barcos ancorados. O Museu da Marinha ou Marítimo era
ali ao lado, mas eu decidi subir Hyde e ver a baía, Alcatraz,
a rua Lombard que serpenteia por ali a baixo e os eléctricos.
Mas antes ainda fui visitar uma antiga empresa/fábrica de
chocolate chamada Ghirardeli ou coisa parecida. Uma coisa à americana
com um tipo a tocar arpa no pátio e tudo.
O tempo não deixou que se visse Alcatraz
do cimo da Hyde St., e depois de tirar uma fotografia à Lombard
St. que com aquela luz deve ter ficado uma bela porcaria, voltei à pousada.
Estava quase na hora de chegar o resto do pessoal do contacto de
Silicon Valley para irmos jantar.
Desci Hyde até ao Civic Center e quando estava
quase a chegar fui interceptado por um tipo daquelas religiões
que só existe nos Estados Unidos. A Igreja da Ciênciologia
ou coisa parecida. E que na ignorância das pessoas conseguem
fazer maravilhas. Mandou-me agarrar num par eléctrico e
quando me beliscou o ohmimetro deu um impulso. Óbvio. Não
me surpreendeu e não me conseguiu vender um livro, porque
já sei que a seguir ia tentar vender a porcaria do aparelho.
O Mário e a Mafalda, chegaram às 17h30m
com mais dois amigos do Mário, e fizeram o check-in na pousada.
Eu fui com o Diogo à CompUSA enviar uns e-mails enquanto
eles foram ao Starbuck beber café.
O Tiago, o Nuno e a Joana chegaram às 21h30m,
duas horas atrasados, para jantar. A Joana acho que decidiu ir
ao outro lado da baía e sem querer atravessou a ponte. o
que vale é que metade do grupo já tinha saído
para marcar restaurante, porque senão corríamos o
risco de não termos onde jantar.
Fomos a um chinês em Chinatown. também
relativamente barato, porque as finanças do pessoal não
permitem grandes aventuras. Éramos 16, incluindo o Jeffrey,
o nobre americano primo do D. Duarte que afinal não é nobre
e é escudeiro, não me perguntem porquê, mas
ele explicou-me.
Nesta cidade não há bebidas alcoólicas
em restaurantes orientais? Já ontem no Tailandês não
havia e aqui também não.
Depois do jantar, das saudades trocadas e das fotografias,
eles rumaram todos a Fisherman's Wharf para uma bebida e para a
noite. Eu cansado e sem vontade para folias, voltei com o Jeffrey
para a pousada. Haja paciência para aturar o chato do americano.
Melga!!!
A noite deles acho que foi divertida. Meteu uma
boleia de limousine por $5 a cada e uma ida à discoteca
chamada Poly Esther. Mas eles se quiserem que vos contem.
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