Terça-feira, 18 de Janeiro de 2000
(Cont.)
Depois de vos ter deixado ontem, estive a trabalhar
até às 18h e voltei a SF. É impressionante
como às 18h já não está ninguém
neste escritório. Quando estava no CET eu era criticado
por sair às 18h, quando todos entravam às 10h e eu
já lá estava desde as 9h... haviam de ver como é que
se faz aqui. Os tipos começam a trabalhar às 8h30m
da manha.
Voltei a SF, um bocado zombie porque sem ter comido
muito ao almoço e não tendo lanchado, resolvi levar
o PC comigo para passar um SW para MP3 ao Diogo. E o APD que no
entretanto acabei uma primeira versão e enviei ao meu tutor
para uma primeira avaliação.
Como de costume fui a pé até Marin
City, porque já não existem autocarros aqui a essa
hora, vai-se lá saber porque. Passei na Sausalito Cyclery
para comprar o mapa com os trajectos de bicicleta na zona, desde
trajectos in-road melhores entre zonas até trajectos de
puro BTT Off-Road.
Cheguei a SF por volta das 20h, e encontrei-me com
os outros contacteantes na sala de convívio. Apareceu um
neozelandês bacano chamado Chris e que nos chama a Laptop
Brigade. Trocamos moradas e e-mails, para que não falte
sítio onde ficar um dia que eu vá à NZ e o
gajo vá a Portugal, que me parece mais provável.
Falamos de Rugby, e o tipo diz que é melhor
para os All Black fazerem as fases de classificação
para o próximo mundial porque eles estavam-se a habituar
a serem vedetas e assim podem perder as manias e treinar. Ele diz
que do mal o menos e a Franca não foi campeã.
O Jeffrey, o nosso amigo nobre americano primo do
D.Duarte, também andava por ali a conversar com uma japonesa
e na conversa com uns tipos que envergavam na mão esquerda
uma garrafa de cerveja como se ela fizesse parte da sua existência.
Era um italiano, um neozelandês e um americano (acho).
Eu, a Mónica e o Diogo resolvemos ir jantar...
maldita hora em que não jantamos na pousada. Quando saímos
em direcção a Chinatown já era tarde para
estes cromos. Eram 21h30m e estava tudo a fechar. Depois de andarmos
perdidos em Chinatown e arredores uma boa hora, voltámos à pousada
e comemos um hambúrguer e tacos no Jack In The Box. Acho
que ainda tenho aquilo no estômago. Estou com a Mónica,
não como mais porcaria daquela por uma semana, pelo menos.
Pagámos mais uma noite e elas reservaram
o quarto para o FDS. Parece que as queria separar e isso não
pode ser. Aquele quarto é o depósito de toda a bagagem
do pessoal.
Quando me fui deitar conheci o outro tipo que está no
meu quarto, para além do japonês que não é índio
e do Diogo. É americano, chama-se Bob e é do Nevada...
e estava bêbado. Decidiu pegar na guitarra e tocar qualquer
coisinha para praticar, mas o mais que conseguiu fazer foi afinar
a guitarra e mal. Como eu estava a ler uma revista de BTT perguntou-me
se eu já tinha alguma vez "work out" na Califórnia.
Eu cepo português disse que não que nunca tinha trabalhado
na Califórnia que era a primeira vez que estava na América.
A sorte é que com a bebedeira ele não percebeu e
sacou do cartão de um ginásio chamado Fitness (vejam
só!!!) que era um sítio porreiro para "work out and
exercise". Ok!!!
Claro que o tipo antes de encontrar o cartão
na carteira disse entre dentes "Sonovabitch! Where tha fucka I
putta tha fuckin' card!" com a aquele sotaque normal americano
do norte e como se estivesse a mascar tabaco.
Explicou-me que trabalhava nos barcos da marinha
marcante e que estava ali para arranjar trabalho... pelos vistos
com aquela vida não devia ter arranjado muito. E que gostava
de visitar Portugal e Espanha... mas o je nem respondeu. Dormi.
Quarta-feira, 19 de Janeiro de 2000
O japonês vazou de manha e eu vim trabalhar.
O dia esta um daqueles dias tipicamente aveirenses de inverno em
que não chove nem deixa de chover e um tipo molha-se todo...
hoje tenho que levar um impermeável.
Na empresa são todos um bocado apanhados à sua
maneira. Todas as quartas tem uma videoconferência e estão
ali todos fechados numa sala uma hora a ouvir uma gaja qualquer.
Um deles saiu para ir dar uma volta de bicicleta. Imaginem o que é estar
a tomar café e aparecer um preto não muito alto,
mas com um tronco de nadador, de calças de licra, capacete
e uma bicicleta às costas. Ah! As bicicletas aqui na empresa
são guardadas no gabinete de cada um. Há aqui um
tipo que tem duas e uma tipa que tem um kayak no gabinete.
Ontem esteve cá um cliente e esteve a discutir
com esse preto o layout de uma aplicação qualquer
que metia carros. O cliente só usava uma argola em cada
orelha e numa delas usava mais uma, mas vinha de blazer. Eu vou
trabalhar em parte com esse preto no desenho de demos. O gajo é porreiro,
mas pareceu-me que ele foi andar de bicicleta hoje para desopilar...
não estava com grande cara... bem, mas ele nem tem grande
cara.
Vou faxar os meus dados ao manager do tal apartamento,
para ver se no FDS já tenho casa. Já me está a
custar pensar que vou viver a semana toda sem falar com um português
e só ver americanos e o Sikh!!!
Mas pronto, depois podem-me visitar...
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