TERÇA-FEIRA, 18 DE JANEIRO DE 2000 C5
Compacto - Fotografia de Rui Gonçalves

Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2000

Acordei cedo, porque queria ir à empresa ver a pagina do Marin Independent Journal, se haviam quartos novos. Tomei banho e fiz a barba. Por azar, a roupa que o cão alemão vestia há cinco dias, estava mesmo ao lado do espelho da barba e de vez em quando passava pelo nariz uma mistura de cheiros desagradáveis, que a minha ética literária não me deixa descrever. Mas acreditem que os cães lavam-se mais vezes.

Perdi o autocarro, porque me atrasei a tomar o meu pequeno-almoco na pousada. Tive que esperar uma hora. Fui tomar um expresso. Finalmente tomei um café de jeito nesta cidade, não me posso esquecer do sítio, apesar de pagar 230$00 pelo café... mas até que foi barato. Peguei numas revistas de informática grátis nos guichés que existem em todas as esquinas. A AOL oferece 250h mensais e um CD numa delas... grátis, numa esquina de SF, mas ninguém lhe pega porque ao contrário do que toda a gente pensa estes americanos nem sabem o que é um teclado, quanto mais um modem. Vejam lá vocês que os telemóveis são usados como walkie-talkie... não encostam a coisa à cara... devem ter medo das radiações ou de ficar surdos... ou então são mesmo burros. Ah! E nem toda a gente tem telemóveis, mas pagers sim. Pagers!!! Alguém se lembraria em Portugal de usar um pager? Só se fosse atrasado mental...

Estive todo o dia na empresa a fazer um trabalho para o ICEP, porque como vos disse vedaram-me o acesso ao PC onde tinha acesso à Internet e onde eu estava a estudar uma documentação na Intranet da empresa.

Estes tipos aqui da empresa são uns bacanos. Um dos bosses anda de meias pelo corredor, existem três jovens indianos, um com pêra ruiva tipo skater e todos falam alto e riem-se muito. Em Portugal costuma-se dizer que muito riso, pouco siso... ainda não lhes vi os dentes...

O que vale é que eu tenho uns headphones e 5 CDs de MP3.

Às 5h30m já não está quase ninguém na empresa... mas a que horas é que estes gajos entram? Amanha não posso perder o autocarro.

Saí tarde. Não que fosse para impressionar, porque alias o meu chefe nem sequer está cá, mas porque me embrenhei no trabalho. Já não havia autocarro directo daqui para SF, pelo que tive que ir a pé até a Marin City... à chuva, mas morrinha.

Parei em Sausalito Cyclery, para ver umas coisas na loja das biclas maior que eu alguma vez vi. Tinha uns mapas de percursos da zona, e foi aí que eu vi o que tinha andado no dia anterior. Afinal, a casa até é perto, mas o cão do Irlandês não responde ao telefonema.

Fui para a Pousada. Entrei no quarto e passei-me eu também!!! O FILHO DA PUTA DO ALEMÃO estava a dormir e não tinha tomado banho e o quarto estava insuportável.

Fui com o Diogo à portaria pedir para mudar de quarto, e o empregado que lá estava confirmou que já lhe tinham feito um reparo acerca do alemão e perguntou-me se era um tal que me mostrou a ficha. Está queimado... espero que rápido.

Fomos para o quarto 510. Assim, se houver um terramoto o tombo é maior... estávamos no 406. Está um tipo que à primeira vista parecia índio (não indiano), mas que afinal era japonês... esses também. O quarto é fantástico, até banheira tem... e uma retrete que diz COMPACTO, não sei se é um conselho ou uma ordem.

Decidimos ir os 7 jantar a um restaurante indiano e paquistanês que existia ali no fim da rua. Chamava-se Punjab (onde é que eu já ouvi isto?) e dizia-se um Kabab House. Comi Caril de Galinha... surpreendeu-me, nunca tinha comido um caril vermelho e que não soubesse a caril... se calhar no norte da Índia o caril é diferente. Paguei 1500$00 com a gorjeta incluída... não é mau. O que achei caro foram os 500$00 pela Corona.

Com a boca a arder, fomos para a pousada. O Diogo esteve a copiar uns MP3 para o disco dele... e as meninas a estabelecer prioridades em relação à procura de casa. Decidiram viver em SF. Fixe, já tenho onde ficar quando vier passear para a cidade.

Terça-feira, 18 de Janeiro de 2000

Dormi melhor, embora não houvesse o habitual cheiro a gás lacrimogéneo do alemão que me ajudava a perder os sentidos... pelo menos, não acordei com a ressaca nasal!!!

Espero em breve ter um PC. Estas crónicas vão começar a diminuir de tamanho, porque provavelmente vou começar a trabalhar e as novidades começaram a ser menos, porque estes americanos apesar de serem muito diferentes não têm muito que ver...

Ah! Apesar de chamar nomes ao alemão, não quer dizer que esteja a condenar nessas palavras toda a nação alemã. Digam lá que eu não estou a aprender com estes cromos... fantástico!!! Os anúncios e avisos na rua deste género são hilariantes.

Estou a ouvir a versão ao vivo da Tijuana Lady dos Gomez, que vão estar em SF nos próximos dias 18 e 19 de Fevereiro, e que eu espero ver. Estou a comer uma bolacha de frutos silvestres que tem um creme interior vermelho vivo e em cima uma cobertura rocha pintalgada de azul. Vocês não devem acreditar mas as cores desta bolacha não existem, parecem tiradas de um livro de BD. mas até é boa.

Já falei com o irlandês!!! Amanha tenho que ir ter com o Sikh para preencher uma papelada.



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