Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2000
Acordei cedo, porque queria ir à empresa
ver a pagina do Marin Independent Journal, se haviam quartos novos.
Tomei banho e fiz a barba. Por azar, a roupa que o cão alemão
vestia há cinco dias, estava mesmo ao lado do espelho da
barba e de vez em quando passava pelo nariz uma mistura de cheiros
desagradáveis, que a minha ética literária
não me deixa descrever. Mas acreditem que os cães
lavam-se mais vezes.
Perdi o autocarro, porque me atrasei a tomar o meu
pequeno-almoco na pousada. Tive que esperar uma hora. Fui tomar
um expresso. Finalmente tomei um café de jeito nesta cidade,
não me posso esquecer do sítio, apesar de pagar 230$00
pelo café... mas até que foi barato. Peguei numas
revistas de informática grátis nos guichés
que existem em todas as esquinas. A AOL oferece 250h mensais e
um CD numa delas... grátis, numa esquina de SF, mas ninguém
lhe pega porque ao contrário do que toda a gente pensa estes
americanos nem sabem o que é um teclado, quanto mais um
modem. Vejam lá vocês que os telemóveis são
usados como walkie-talkie... não encostam a coisa à cara...
devem ter medo das radiações ou de ficar surdos...
ou então são mesmo burros. Ah! E nem toda a gente
tem telemóveis, mas pagers sim. Pagers!!! Alguém
se lembraria em Portugal de usar um pager? Só se fosse atrasado
mental...
Estive todo o dia na empresa a fazer um trabalho
para o ICEP, porque como vos disse vedaram-me o acesso ao PC onde
tinha acesso à Internet e onde eu estava a estudar uma documentação
na Intranet da empresa.
Estes tipos aqui da empresa são uns bacanos.
Um dos bosses anda de meias pelo corredor, existem três jovens
indianos, um com pêra ruiva tipo skater e todos falam alto
e riem-se muito. Em Portugal costuma-se dizer que muito riso, pouco
siso... ainda não lhes vi os dentes...
O que vale é que eu tenho uns headphones
e 5 CDs de MP3.
Às 5h30m já não está quase
ninguém na empresa... mas a que horas é que estes
gajos entram? Amanha não posso perder o autocarro.
Saí tarde. Não que fosse para impressionar,
porque alias o meu chefe nem sequer está cá, mas
porque me embrenhei no trabalho. Já não havia autocarro
directo daqui para SF, pelo que tive que ir a pé até a
Marin City... à chuva, mas morrinha.
Parei em Sausalito Cyclery, para ver umas coisas
na loja das biclas maior que eu alguma vez vi. Tinha uns mapas
de percursos da zona, e foi aí que eu vi o que tinha andado
no dia anterior. Afinal, a casa até é perto, mas
o cão do Irlandês não responde ao telefonema.
Fui para a Pousada. Entrei no quarto e passei-me
eu também!!! O FILHO DA PUTA DO ALEMÃO estava a dormir
e não tinha tomado banho e o quarto estava insuportável.
Fui com o Diogo à portaria pedir para mudar
de quarto, e o empregado que lá estava confirmou que já lhe
tinham feito um reparo acerca do alemão e perguntou-me se
era um tal que me mostrou a ficha. Está queimado... espero
que rápido.
Fomos para o quarto 510. Assim, se houver um terramoto
o tombo é maior... estávamos no 406. Está um
tipo que à primeira vista parecia índio (não
indiano), mas que afinal era japonês... esses também.
O quarto é fantástico, até banheira tem...
e uma retrete que diz COMPACTO, não sei se é um conselho
ou uma ordem.
Decidimos ir os 7 jantar a um restaurante indiano
e paquistanês que existia ali no fim da rua. Chamava-se Punjab
(onde é que eu já ouvi isto?) e dizia-se um Kabab
House. Comi Caril de Galinha... surpreendeu-me, nunca tinha comido
um caril vermelho e que não soubesse a caril... se calhar
no norte da Índia o caril é diferente. Paguei 1500$00
com a gorjeta incluída... não é mau. O que
achei caro foram os 500$00 pela Corona.
Com a boca a arder, fomos para a pousada. O Diogo
esteve a copiar uns MP3 para o disco dele... e as meninas a estabelecer
prioridades em relação à procura de casa.
Decidiram viver em SF. Fixe, já tenho onde ficar quando
vier passear para a cidade.
Terça-feira, 18 de Janeiro de 2000
Dormi melhor, embora não houvesse o habitual
cheiro a gás lacrimogéneo do alemão que me
ajudava a perder os sentidos... pelo menos, não acordei
com a ressaca nasal!!!
Espero em breve ter um PC. Estas crónicas
vão começar a diminuir de tamanho, porque provavelmente
vou começar a trabalhar e as novidades começaram
a ser menos, porque estes americanos apesar de serem muito diferentes
não têm muito que ver...
Ah! Apesar de chamar nomes ao alemão, não
quer dizer que esteja a condenar nessas palavras toda a nação
alemã. Digam lá que eu não estou a aprender
com estes cromos... fantástico!!! Os anúncios e avisos
na rua deste género são hilariantes.
Estou a ouvir a versão ao vivo da Tijuana
Lady dos Gomez, que vão estar em SF nos próximos
dias 18 e 19 de Fevereiro, e que eu espero ver. Estou a comer uma
bolacha de frutos silvestres que tem um creme interior vermelho
vivo e em cima uma cobertura rocha pintalgada de azul. Vocês
não devem acreditar mas as cores desta bolacha não
existem, parecem tiradas de um livro de BD. mas até é boa.
Já falei com o irlandês!!! Amanha tenho
que ir ter com o Sikh para preencher uma papelada.
|