Antes da saída de Aveiro já estava combinado uma caminhada
nas levadas da Madeira. Se entre os marinheiros houve quem a fizesse no
dia anterior, a nós instruendos só nos restava este dia livre
na ilha. Depois das aventuras em Porto Santo, eram já muitos os
instruendos que se propuseram a ser incluídos nesta nova aventura…
o problema era qual das levadas é que iríamos fazer? Se umas
eram muito perigosas e não aconselháveis a caminhantes inexperientes,
outras eram brincadeiras de criança. |
Assim, dois dos instruendos resolveram fazer algo mais exigente e partiram
bem cedo, cerca das 7h00m para o Pico do Areeiro e fazer a ligação
até ao Pico Ruivo e daí descer até ao Curral das Freiras
de onde retornariam de camioneta, uma vez que a Levada do Curral tinha
ficado intransitável no último inverno.
Os restantes instruendos caminhantes, seguiram o conselho do Tenente Mourinho
e tentar a descida do Pico do Areeiro até ao Funchal, uma vez que
se apresentava como uma proposta menos exigente, mas apelativa. |
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Depois das habituais tarefas de faxina, rumamos ao Funchal, para nos abastecermos
de comida e água necessários à caminhada, porém
fomos interpelados para uma visita às caves do Vinho da Madeira,
que não pudemos recusar. Visitamos as caves e seguimos atentamente
as explicações da guia até chegarmos à prova
do vinho, em que a atenção pendeu para outro lado – o Vinho.
Almoçámos e seguimos em dois taxis até ao Pico do
Areeiro, por uma estrada digna do Rali do Vinho da Madeira e conduzidos
pelo Tommi Mäkinen, mas foi um tipo porreiro por deixar que viajássemos
cinco num taxi.
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Chegados ao pico sentimos que estávamos acima das nuvens e que o
calor do Funchal tinha ficado por lá.
Começámos a descer em direcção ao Poço
da Neve onde parámos para umas fotografias e onde cometemos o primeiro
erro do dia. Descemos em direcção ao vale da Ribeira de Santa
Luzia, por uma linha de água em vez de continuarmos a contornar
o monte e apanhar a levada mais acima, mas o erro estava feito e ninguém
se achou com vontade de voltar a subir. Continuamos pela margem esquerda
da ribeira até sermos engolidos pelo nevoeiro e encontrarmos uma
levada que seguimos.
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Daí para a frente até chegar ao Funchal contamos com a companhia
de mais um – o nevoeiro. Se por um lado o nevoeiro ajudou a que sobrasse
água no final da jornada, por outro privou-nos de vermos algumas
das belezas e dos perigos por onde passámos. |
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Para quem queria uma caminhada não muito exigente, o erro cometido
logo no início pôs-nos numa levada que em certas partes tinha
desmoronado e em que a progressão por vezes tinha de ser feita de
gatas e sem olhar para baixo. Mesmo assim, houve alturas de quase pânico
que logo eram quebradas com uma anedota, uma piada, uma cantiga ou uma
beleza que ainda se conseguisse ver. |
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Sem ajuda de um mapa credível, sem bússola, nem um conhecimento
da área, a nossa única referência era a levada… até
que foi preciso tomar uma decisão uma vez que esta bifurcava. Aí
tomamos a decisão certa e encontramos o Pico Alto e mais à
frente a Levada do Barreiro, que seguimos até ao fim.
Acabada a levada e já com o barulho do Funchal ao longe e em caminho
firme, parámos para tirar umas fotos, como se tivéssemos
conseguido engolir a montanha. Mas quem nos engoliu foi a montanha ajudada
pelo nevoeiro, e que nos fez percorrer um caminho com cerca de três
quilómetros para voltarmos ao sítio onde tínhamos
estado antes e que ficava a 500 metros da estrada para o Funchal.
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Descemos até ao Monte, onde um bolo do caco, tremoços e uma
Coral vieram a calhar, mas onde os cestos de vide estavam já de
folga.
Estava quase na hora de alguns entrarem ao serviço e apanhamos à
camioneta que nos levou até ao centro do Funchal. Se em todo o dia
passámos por perigos que puseram a nossa saúde à prova,
ali dentro da camioneta uma pessoa com problemas cardíacos não
teria sobrevivido.
Enquanto uns ficaram pelas esplanadas do outro lado do porto a começarem
a jantar, houve quem tivesse que tomar banho à pressa para se apresentar
ao serviço às 20h00m e sem pôr quase nada à
boca. Com a tarefa de ajudante de Portaló, que consiste em controlar
quem está a bordo ou não do navio, através de umas
fichas que são viradas de cada vez que os instruendos saem ou entram,
o serviço começou por ter de despejar o contentor do lixo
e lavá-lo… acabados de tomar banho e sem ter comido nada. Mas como
compensação foi-nos oferecida uma cerveja. |
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Cerca das 23h00m começou a chover e os que não arriscaram
sair para as Vespas, refugiaram-se nas cobertas a descansar. |