17 de Dezembro de 2004 O Vespertino de Reading CRÓNICA Extra II
Efeitos de Luz em Oxford - Fotografia de Cláudia Fernandes

O Retorno

Há uns tempos que ando um bocado nostálgico e agora compreendo que projectei para os Estados Unidos as sensações próprias do período de nojo do retorno de Inglaterra. Como foi a primeira grande estadia fora de Portugal e como me marcou profundamente acho que era fácil a comparação, mas no fundo eu estava apenas a projectar o mesmo sentimento que sentia por ter voltado de Inglaterra.

Embora me tenha parecido muito mais fácil retornar, a verdade é que há sempre um sentimento de saudade e nostalgia associado à partida. E acho que só me apercebi disso no início desta semana quando retornei a Reading. Quando voltei a fazer uma aula de Kundalini Yoga com a Deirdre, andei nos comboios, comi no Pizza Express, conduzi do lado contrário da estrada ou bebi uma Ale no Cafe du Sport, é que senti que sentia saudades destas coisas. No fundo tentei esquecer isso lembrando-me de coisas que também tinha saudades.

Mas voltemos a Inglaterra e a segunda-feira [13 de Dezembro de 2004], quando foi a minha surpresa de sair do avião da TAP e deparar com um sinal a dizer London Gatwick. Eu sempre voei para Heathrow e pelos vistos a TAP mudou os destinos. De repente estava bem mais longe de conseguir chegar à aula da Deirdre a horas, do que eu pensava e tinha planeado. O que vale os ingleses são um bocado limitados e apenas sabem as estradas óbvias para chegar ao destino e o taxista que nos (a mim e ao Paulo) foi buscar ia pela M4. Deixou-me à porta do centro de lazer 5 minutos antes da hora. Luxo!

Mas sem deixar fugir o assunto dos taxistas, à vinda, e quando voltávamos a Gatwick na quarta-feira [15 de Dezembro de 2004] a conversa no taxi ia muito amena, enquanto se falava de futebol, Mourinho, Cristiano Ronaldo, Chelsea, Arsenal e Manchester United. De repente olho para a janela para o lado esquerdo (para a faixa mais lenta – eles conduzem ao contrário lembram-se?) e vejo um camião mesmo ao lado da minha porta e a dar pisca para virar à direita. Nada de anormal... O camião foi ficando para trás e de repente 'PUMMM'. Estava a arrastar a traseira do Mercedes para o lado em direcção à faixa de fora onde estava outro carro. De repente o camionista apercebe-se do que está a fazer e guina para a esquerda e o Mercedes começa a andar aos ésses pela estrada fora.

O taxista entrou em pânico! Assim que ambos pararam na berma ele sai para ver os estragos e treme que nem varas verdes. Eu e o Paulo nem nos mexemos. Até que pudemos sair para ajudar o taxista a falar com um camionista que era alemão e não falava inglês. Grande ajuda! Pelo menos sabíamos o que era a carta verde, porque o inglês não a tinha.

Acendeu um 'fag' bebeu uma cola e telefonou ao 'boss'. Depois lá conseguiu pensar! Pediu a cada um de nós para escrever o nome e contacto na parte de trás de um papel velho, como testemunhas e pediu ao alemão para fazer o mesmo como culpado. No entretanto telefonou à polícia, não por causa do alemão, mas porque eu e o Paulo podíamos ter sofrido alguma lesão e pôr a empresa em tribunal para receber uns cobres. Lá escrevemos no mesmo papel rançoso "I am Ok" e assinámos... E fomos para o aeroporto.

No aeroporto foi a confusão para meter todos os telemóveis que me pediram para levar numa mochila tão pequena. Só os encontrei no aeroporto, porque estão esgotados em todo o lado. Também àquele preço... Mas, temi ser considerado um contrabandista à chegada ao Porto, mas não houve problema. Problema houve foi já dentro do avião, quando um passageiro resolveu começar a insultar os assistentes de bordo e estes sem qualquer tipo de clemência chamaram a segurança e o homem foi levado. O problema é que isso implica retirar as malas dele do porão e lá partimos mais uma vez atrasados. Sair de casa só nos coloca em aventuras!

O curso que fui assistir foi muito bom! Mas não vos vou maçar com teorias de gestão de tempo e gestão de tarefas. De qualquer maneira tenho que acabar porque hoje sou o fotógrafo oficial da empresa no Jantar de Natal. Nada como ter funcionários multi-facetados...

Bom Natal a todos! E um feliz ano de 2005!



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