TERÇA-FEIRA, 24 DE ABRIL DE 2001 |
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Entre Crónicas
Caros Amigos...
Os últimos dias na terra das oportunidades têm sido algo ocupados. Sim! Parece que ficou tudo para o fim. Parece que toda a gente quer mostrar-me, agora, que afinal eu nunca devia partir. Mas, se essa vontade de que eu não parta é grande, a verdade é que a vontade de partir é igualmente grande.
É sempre difícil mudar e, se há 8 meses e meio a minha vida e a vida dos que me acompanham neste momento, mudou drasticamente, agora chegou a altura de voltar ao ponto de partida, ou seja, voltar a mudar tudo novamente. E, o ser humano não é muito amigo da mudança, especialmente na cultura portuguesa, com a qual eu cresci.
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Bem, não tenho tido muito tempo para escrever as crónicas, embora tenha um resumo de coisas que não me vou esquecer de vos escrever. Uma coisa boa é que vão continuar a receber as crónicas mesmo depois de eu chegar. E. vão receber ainda muitas fotos, que espero estejam tão boas como algumas que já tirei.
Escrevo-vos depois do meu último dia de trabalho na EAI (agora UGS - Unigraphics Systems) e num dia que ficará para sempre marcado na minha memória e no meu corpo. A partir de hoje o simbolo que vos mando em attach fará parte da minha vida. Está preso a mim e acompanhar-me-á para toda a parte.
Mando-vos também o significado do mesmo.
Obrigado por terem compartilhado comigo mais este momento.
Um beijo e um abraço
Rui
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New Mexico's distinctive insignia is the Zia Sun Symbol, which originated with the Indians of Zia Pueblo in ancient times. Its design reflects their tribal philosophy, with its wealth of pantheistic spiritualism teaching the basic harmony of all things in the universe. Four is the sacred number of Zia, and the figure is composed of a circle from which four points radiate. These points made up of four straight lines of varying length personify the number most often used by the Giver of all good gifts. To the Zia Indian, the sacred number is embodied in the earth, with its four directions; in the year, with its four seasons; in the day, with the sunrise, noon, evening, and night; in life, with its four divisions - childhood, youth, manhood, and old age. Everything is bound together in a circle of life and love, without beginning, without end. The Zia believe that in this great brotherhood of all things, man has four sacred obligations: he must develop a strong body, a clear mind, a pure spirit, and a devotion to the welfare of his people. |
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A Tatuagem
Este foi o texto que eu escrevi na sexta-feira, 22 de Setembro de 2000, cinco dias antes de partir, de São Francisco, de volta a Portugal. Como eu disse no texto, foi um dia que me marcou, e ainda hoje o recordo com saudade de cada vez que olho para a minha perna direita.
Desde há muito tempo que queria fazer uma tatuagem. E, o facto de estar num país tão marcante como os Estados Unidos, numa cidade tão distinta como São Francisco, num ambiente tão reconfortante como Marin e a ter uma experiência tão compensadora, levou-me a levar adiante essa minha vontade.
Desde que cheguei aos Estados Unidos que tinha a intenção de não voltar sem uma tatuagem. Porém, o preço da sua execução levava-me a pensar duas vezes e levava-me a escolher bem o que queria tatuar.
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Primeiro Esboço
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Esboço a computador |
Para além disso, era algo que iria estar sempre marcado no meu corpo, pelo que tinha que ser uma tatuagem que não me fizesse arrepender, mais tarde, desse momento.
Andei meses a ver desenhos e mais desenhos, em casas de tatuagens em Haight St. mas não encontrava nenhum motivo que me agradasse e me fizesse andar com ele para o resto da vida. Foi preciso chegar ao último mês para me decidir por um e à última semana para o tatuar.
Comecei por procurar algo que tivesse alguma coisa a ver com a minha estadia na Califórnia. Algo que tivesse a ver com a cultura indígena norte-americana e que ao mesmo tempo representasse alguma coisa para mim.
Procurei alguns icons da cultura indígena norte-americana e cheguei a pensar no Kokopelli, mas era um motivo que se via em todas as esquinas, nos Estados Unidos. Embora aqui em Portugal seja um bocado desconhecido, não me pareceu que fosse o melhor.
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Kokopelli
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O Kokopolli é uma figura lendária que representa um tocador de flauta curvado, com origem na arte rupestre, e que serviu aos Navajo, Hopi, Zuni, Anasazi e outras culturas indíginas como símbolo de cortejo, de fertilidade e de paz entre os povos.
Hoje em dia o Kokopelli representa uma força de vida positiva. Traz abundância àqueles que conhece e usar um Kokopelli é um desejo de uma vida feliz. |
Porém, acabou por ser o símbolo do Sol Zia, o motivo que tatuei. Depois de alguns esboços, acabou por ser no momento da tatuagem que se definiu mesmo qual a sua forma.
Eu tinha esboçado no computador um Sol Zia estilizado em duas cores, preto e vermelho, mas o tatuador logo me disse que a parte a vermelho não iria ficar bem. Aparentemente as tintas de cor têm tendência a perder-se com o tempo e as linhas a alargar, pelo que as |
O Sol Zia tatuado
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linhas interiores iriam espalhar-se e ocupar toda a área entre as linhas a preto.
Como diz o texto que enviei no dia em que o tatuei, o símbolo do Sol Zia, tem origem, em tempos idos, nos índios do povoado Zia. O seu desenho reflecte a filosofia tribal dos Zia, com a sua riqueza de espiritualismo panteísta que nos ensina a harmonia essencial de todas as coisas no universo. Quatro era o número sagrado dos Zia, e a figura representa um círculo de onde radiam quatro pontas. Estas pontas são feitas de quatro linhas direitas de comprimentos varáveis que personificam o número mais usado pelo Doador de todas as ofertas. Para os índios Zia, o número sagrado está incorporado na terra, com as suas quatro direcções; no ano, com as suas quatro estações; no dia, com o seu nascer do sol, meio-dia, pôr-do-sol e noite; na vida, com as suas quatro divisões - infância, puberdade, maioridade e velhice. Os Zia acreditavam que nesta grande irmandade de todas as coisas, o homem tem quatro grandes obrigações: deve desenvolver um corpo forte, uma mente lúcida, um espírito puro, e uma devoção pelo bem estar do seu povo.
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Pormenor |
Acho que o texto diz porque é que eu tatuei o Sol Zia. Não é preciso acrescentar nada.
Agora, é meu desejo colorir o interior da tatuagem a vermelho, quase como foi pensada inicialmente. Um dia destes...
Mas, o mais importante disto tudo é que não me vou esquecer do Jesse que me pagou a tatuagem em troca de uma pintura nova na sua bicicleta. Do atelier, do tatuador e da sensação diferente de estar tatuado pela primeira vez. |
Colorido |
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Estou feliz com a minha tatuagem e queria partilhar isso convosco.
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Se alguma vez forem a São Francisco e quiserem fazer uma tatuagem, telefonem ao Bill Salmon. Fica aqui o cartão:
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Primeira Página: Página I Col. 1
Segunda Tatuagem: Página T2 Col. 1 |
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