É típico! Um deles perguntou-me,
mal entrei e fiquei perto dele, se podia tirar fotografias. Como
se eu soubesse. Mas, disse-lhe que em princípio sim, porque
via tanta gente de máquina em punho. Ficou entusiasmadíssimo
e quase atirou ao ar os CD-Singles dos Supergrass que trazia na
mão para serem autografados.
Perto de mim estava um dos últimos fãs dos Smiths
e Morrissey, que ainda não perdeu a vontade de se vestir
como só eles se sabem vestir. Já nem o Morrissey
se veste assim... Mas está quase tão gordo como ele.
Os óculos da segurança social britânica e o
corte de cabelo a simular a palinha, as calças arregaçadas
e um cinto grosso... Estava quase perfeito, não fosse a
barriga não deixar ver a fivela.
No entretanto chegaram duas tipas que à primeira vista
pareciam interessantes. Estavam com um tipo magricela e careca,
com quase dois metros de altura e que ainda achava que a dark age
eram os nossos dias. Elas pareciam tiradas de um disco dos Cramps
e uma delas ostentava na zona do decote, acima do peito, uma tatuagem
a toda a largura do mesmo, em forma de umas asas semi azuis e com
uns desenhos algo góticos. Era impossível não
reparar no decote dela e não lhe olhar para o peito, mas
assim que se levantava a cabeça e se olhava para a cara
dela... Aí! Sim, perdia-se a vontade de apreciar o conteúdo.
Não que fosse muito má, mas tinha um ar nojento...
Mas de qualquer maneira, era lésbica e não disfarçava
nada. Mas aqui também ninguém disfarça nada.
Depois haviam dois ou três tipos vestidos de negro e com
um despenteado tipicamente britânico e algumas tipas também
virtualmente despenteadas, mas que deviam ter deixado uma nota
preta no cabeleireiro para as despentearem tão bem.
No entretanto acordei da minha introspecção com
um respirar nas minhas costas. O Nuno tinha chegado no entretanto
e estava a querer armar uma brincadeira. Eram já quase 6h20m.
No entretanto, entraram os Supergrass. Ou parte deles, porque
apenas entraram o guitarrista/vocalista e o baixista, sem baterista.
O pessoal começou aos berros, como é costume nos
concertos por aqui: A normal histeria americana!
E começaram a tocar em formato acústico. Fantástico!
Não só estava a ver realmente os Supergrass ao vivo
e de borla, como os estava a ver num formato que não é nada
normal, uma vez que são uma banda bastante eléctrica.
Eu não conheço muito bem os Supergrass, pelo que
não sei bem os temas que tocaram, mas as coisas animaram
um bocado e na segunda música já se via pessoal a
mexer-se e a bater o pé, o que é fantástico
numa actuação sem bateria nem baixo (o baixista também
estava a tocar viola).
Ao fim da terceira música, os músicos levantaram-se
e agradeceram os aplausos, anunciaram que haveria uma sessão
de autógrafo e foram-se embora. Ou seja, estive 15 minutos à espera
de que afinassem o som e mais 15 minutos a ver um concerto acústico
dos Supergrass... Que mais se pode exigir pelo preço do
bilhete? Nada!
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