C38 SEXTA-FEIRA, 3 DE MARÇO DE 2000
Rua Pratt - Fotografia de Rui Gonçalves

Há uns dias que não vos escrevo, mas não tem acontecido nada de importante...  Agora que falo nisto, eu acho que já vos tinha escrito sobre Domingo e segunda, mas não encontro nenhum registo da Crónica... Nem no web site da mailing list. Olha! Se vos escrevi, azar, repito-me... Depois se encontrar a original, ou se alguém a tiver, compara-se a ver como é que anda a minha memória.

Domingo, 27 de Fevereiro de 2000

Depois de vos estar a escrever no fim da noite de sábado, fui dormir... Mas fui acordado pelo pessoal que tinha saído (não sei se lembram que saíram todos menos eu e o João) e que estava todo excitado porque tinham tirado umas fotos num bar universitário em Palo Alto com uma tipa muita boa... Criancices. O bar estava a fechar e eles estavam a ser expulsos, quando decidiram tirar umas fotos e convidaram uma tipa que lá estava e que aparentemente enchia as medidas dos rapazes. Parece que com ela vieram mais três ou quatro brindes, homens!!!

Depois estavam com a música alta e a falar alto às 2h da manhã, porque estavam a passar as fotos da máquina digital para o portátil... E eu é que acordei... E os vizinhos se calhar.

Voltei para o saco cama no chão do quarto do Nuno e dormi até de manhã...

Quando acordei, arrumei as coisas e comi qualquer coisa e fui para SF com o Martin, o alemão de Berlim leste que nasceu em Sófia. Confuso? Pois bem, aqui deve ser normal. Não sou eu um português do centro, nascido em Moçambique (já falo nisso) e crescido no norte de Portugal...

Fui eu e a Helena F para SF no carro do Martin. Um bacano que não sabia jogar Rugby e que a meio do jogo na praia já ensaiava.

Fomos pela 101 e aquilo é como diz o Tiago Sacchetti, é como navegar na Internet mas o browser é a janela do carro. Cisco, Intel, Unisys, Yahoo!, .com, .com, .com... impressionante!!! Agora percebo porque é que o Bill Gates chamou Windows ao Windows...

Quando cheguei a SF, dei um salto ao apartamento da Helena F, onde estava a Helena B a fazer o trabalho do ICEP. O apartamento é do tipo rústico cá do burgo. Tem umas prateleiras parecidas com as mercearias tradicionais de Portugal... Não se conhecem o restaurante Mercearia na Ribeira no Porto... É do género do andar de baixo. Madeira trabalhada e pintada de branco. Muito giro. Os únicos problemas é ser no rés-do-chão e na rua Powell dos Cable Car... Vocês não imaginam o que é ouvir os cabos dos carros a rolar o dia todo...Ah! E o aquecimento não desliga... Estava um bocado de calor.

Eu como estava com pressa de chegar a casa para fazer o trabalho o mais depressa possível, fui-me e desci Powell até O'Farrell e subi até casa da RM&P.

Estive a conversar com a Patrícia, que não foi passar o fim de semana a Mountain View connosco, para marcar a passagem para Boston. O namorado está por lá... Claro que quando lhe contámos onde tínhamos estado ficou um bocado de inveja, mas as razoes eram boas, e oportunidades não deverão faltar para lá voltar.

Uma coisa que vos esqueci de contar acerca de sábado, é que passámos em Pigeon Point. Um farol na costa escarpada, com uma paisagem de pasmar de bonita e de onde se observam as baleias cinzentas quando emigram e passam ao largo da costa daqui. Mas como o mar estava bravo ver baleias só na imaginação... Aqui onde eu vivo também se pode ver... Ver se dou lá um salto um dia a ver se vejo alguma coisa.

Mas quando estava já quase para sair para apanhar o autocarro para casa, apareceu a Rita e a Mónica... E eu não consegui resistir a um convite para compartilhar com elas as três uma Pizza... E só apanhei o autocarro seguinte.

Fui para casa e estive a fazer o trabalho do ICEP, ao mesmo tempo que descarregava uns MP3 dos Tindersticks e do servidor do Napster tudo o que viesse à rede e fosse interessante.

Mas não acabei o trabalho e fui dormir.

Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2000

Que dizer de uma segunda feira... Normal como outra qualquer.

Tirando que o trabalho não passava da cepa torta. Compilo, linko e dá um erro estúpido... E não mexi sequer no código da Silicon Graphics, aquilo era suposto funcionar. Ou estou a por mal as flags de compilação ou a linkagem com as livrarias não está na ordem certa. Desculpem estas tretas, mas é mesmo assim. Falei com o Ken, e ele arranjou-me o contacto de um tipo na SGI que me podia ajudar... Trocamos uns mails e quando lhe disse que usava o Windows NT, nunca mais me respondeu... Não percebo, o código era para o NT, não tenho culpa que eles andem a desenvolver para sistemas concorrentes. Também deve ser cromo!!!

Fui para casa, decepcionado. Fiz um panelão de arroz e grelhei uma truta. Acabei o trabalho e fui dormir.

Terça-feira, 29 de Fevereiro de 2000

Acordei tarde e mal como de costume. Ainda fiquei pior quando o Singh me mostrou que eu me ando a ligar à Internet através de um ponto de acesso, que apesar de ter o mesmo indicativo telefónico de minha casa, não é considerado como número de chamada local. Pimba, uma contita engraçada de telefone para pagar. Estes americanos, começam-me a meter uns nervos... Não conseguem ser como as outras pessoas? Isto cabe na cabeça de alguém, um número que tem o mesmo indicativo e não é local? Isto é mais uma maneira de sacar dinheiro ao pessoal... Vocês haviam de ver a quantidade de impostos, taxas e extra cobranças que aparecem na conta do telefone... Para verem eram 6 folhas de detalhes e só uma é que era a que tinha as chamadas efectuadas. Ah! Gente anormal!!!

Fiquei um bocado podre com esta história... Aqui é preciso ter os olhos bem abertos senão somos enganados, e depois, para andar no ferry é uma balda.

No escritório, estava embrenhado nos meus afazeres normais e apareceu-me por cá o Jesse a convidar-me para ir dar uma volta com ele... ali à esquina. Como era hora de almoço e como até confio na masculinidade do rapaz, fui,... Mas ir dar uma volta até à esquina... Eu já estava de pé atras com os americanos e não me apetecia estar a ter problemas no escritório.

Mas afinal era para ir ver uns móveis que ele estava a pensar comprar e como precisava de uma segunda opinião, e como pobre como ele, cá no escritório, só eu mesmo. Fomos ver os móveis. Eram móveis feitos em madeira reciclada... E o Jesse fez uma cara de quem não sabe o que é madeira reciclada e lá o portuga teve que explicar ao americano. Isto é que é cultura, saber o que é madeira reciclada, não é para qualquer um... Aliás eu acho que vou sugerir ao Expresso para incluir no caderno Cartaz uma secção sobre o caruncho e o uso da madeira reciclada na construção de moveis em Paços de Ferreira e arredores.

Não comprou e pronto...

Voltei ao trabalho e fui para casa no fim do dia. Os dias começam a ficar mais longos, apesar de aqui não haver um dia que não chove há 12 dias. Record do sítio, não podiam ter deixado o record para outra altura que eu não estivesse cá de bicicleta.



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