C22 TERÇA-FEIRA, 8 DE FEVEREIRO DE 2000
City Lights e Vesuvio - Fotografia de Rui Gonçalves

Sábado, 5 de Fevereiro de 2000

Dia de ano novo chinês. Este é o ano do Dragão. E como seria de esperar os chinocas fizeram-se ouvir logo desde manhã com as suas bombinhas. O facto de ser dia ano novo, pode explicar muita coisa, em relação à concentração de olhos em bico na discoteca Ten 15 no dia anterior.

O acordar foi violento, não que houvesse muita ressaca, falo por mim, porque eu concentrei-me na cervejinha Budweiser (vocês acreditam que estes tipos até para entrar no site da cerveja perguntam se temos mais de 21 anos) que não faz mal à saúde e até se parece com a nossa querida Super Bock (vejam que nós ou menos não somos hipócritas), mas porque a luz e o barulho da rua são dolorosos para quem quer dormir. Como é bom viver no campo.

Fomos almoçar ao Burger King de Powell St., isto porque andamos fartos de MacDonalds, segundo o Diogo. Vai lá um tipo perceber qual é a diferença. Mas parece que existe, porque a Rita, foi comprar ao Mac para vir comer connosco no BK.

Fomos tomar café ao Starbucks de O'Farrell St. dos poucas cadeias de cafetarias que sabe o que é um expresso, e não é das mais caras, por $1.20 mata-se o sono com um tiro certeiro.

Elas foram ao Safeway fazer umas compras pessoais e mais umas para o nosso jantar. Separamo-nos ali e combinamos encontrarmo-nos na discoteca Amoeba (que se lê Amiba como o latim, vai lá um tipo perceber estes Americanos) em Haight St. por volta das 6h da tarde.

Nós fomos passear. Fomos ver uma loja de Banda Desenhada em Sutter St., mas vendia tanta banda desenhada como móveis e candeeiros. Só BD franco-belga, para isso comprava em português, não ia ler umas traduções ainda piores que as da Meribérica.

Passámos pela Niketown, que é assim uma loja da Nike com quatro andares e onde eu gastava o meu ordenado e mais algum se não fosse um rapaz controladito. Eu e os outros, o Diogo, o Carlos e o Nuno. A melhor foi quando deparámos com uma parede vidrada que expunha as sapatilhas e chuteiras de 12 futebolistas. Imaginem vocês que nós estávamos em grande, representados pelas sapatilhas do Rui Costa e pelas chuteiras do Dani. Segundo o letreiro, porque as chuteiras que eles diziam ser do Dani, estavam assinadas pelo Figo. Estes tipos não percebem mesmo nada de futebol (soccer?).

Daí passámos à loja ao lado, isto em Post St.. A loja da The North Face que estava em saldos e cheia de gente. Fui ver o preço da mochila Liberty, que ando a pensar comprar para me deslocar com as minhas coisas por cá. Ainda está um bocado cara... ou é que não me apetece dar aquele dinheiro, apesar dos 30% de desconto? Mais uma loja em que se gastava este e mais alguns ordenados mensais.

Fugimos!!!!

Fomos para Chinatown. O Carlos resolveu andar a ver câmaras fotográficas digitais. Na primeira loja que entrou começaram por lhe pedir $520, mas quando saiu já estava a $399. Na loja a seguir custava $350 e na outra seguintes pediram $299... não havia mais lojas, porque desconfio que saíamos de Chinatown todos com máquinas digitais e com os bolsos cheios de dinheiro.

Descemos a Colombus Av. e passámos por uma equipa de gravação de um programa qualquer de televisão, que filmava uma criancinha que se passeava em Jack Kerouac Alley, entre a Livraria City Lights o Café Vesuvio. Estes dois estabelecimentos são os ícones de toda a geração beat, marcada pelo escritor que deu o nome à tal viela. Mas a livraria, que julgo ter sido remodelada não é nada de especial, aliás pensei que estaria toda virada do avesso, mas até estava arrumada. O Vesuvio é que sim é um verdadeiro monumento, os candeeiros parecem vitrais e o ambiente é tão dark que parece de noite lá dentro. Mas estávamos atrasados e voltamos uma noite destas, para lhe tomar o sabor.

Vimos o dragão chinês que vai desfilar no próximo dia 19 pelas ruas de SF, para comemorar a entrada do ano chinês, que foi ontem... Será que os Chineses já estão a ficar como os americanos?

Na Amoeba e como é normal, para quem nunca lá foi, uma pessoa tem que se controlar para não gastar este e mais outro ordenado em CDs usados (vejam as fotos no site e digam-me alguma coisa). Eu fiquei-me pelo CD dos U.N.K.L.E.., que estou a ouvir enquanto vos escrevo, mas houve quem não se aguentasse.

Voltamos para casa sem ver muita coisa da zona, mas o bilhete do autocarro que é válido por duas horas estava a terminar e não nos apetecia pagar mais $1 para voltar. Os bilhetes do Muni que é o sistema de transportes municipais, valem por duas horas depois de comprados, com quantos transbordos quisermos fazer.

Chegados a casa, era hora de cozinhar. No início éramos 7 para jantar, mas de repente passámos a 11. E o jantar que era Caril de coxas de frango com arroz teve que chegar. Os cozinheiros de serviço comeram (eu e a Rita) comeram um coxa a mais e os outros, que conseguiram chegar a tempo, comeram mais uma dose de arroz com molho. Modéstia à parte, estava uma maravilha. Que diga a carpete de casa delas, que provou do prato do Nuno.

A noite não passou muito dali. Uns joguinhos e umas trocas de mails, porque não havia televisão e a noite foi morrendo.



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